Espanhol: a língua espanhola no mundo

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Espanhol: a língua espanhola no mundo

Muitas vezes, nós nos deparamos com um determinado pensamento fruto da tábula rasa que incide sobre o aprendizado das línguas: quem fala português automaticamente fala espanhol, e vice-versa. Apesar das similaridades fonéticas e sonoras entre ambas as línguas, não é verdade que o aprendizado de uma pelo falante de outra seja tão automático a ponto de dispensar a necessidade de um estudo mais aprofundado, detalhado e cuidadoso acerca dos aspectos gramaticais, fonéticos, semânticos e, sobretudo, culturais.

E é justamente sobre o prisma do aspecto cultural que pretendemos falar aqui nesse artigo. Isso porque a incidência da cultura hispânica é não só verossímil como altamente assimilável pelo Brasil de um modo geral. Um bom exemplo disso são as novelas mexicanas que tantas vezes no trazem referências culturais concretas dos falantes da língua espanhola. Quem não se lembra de folhetins que já se tornaram praticamente clássicos da televisão brasileira, como “Maria do Bairro”,”Marimar”, “Maria Mercedez” ou até mesmo os infanto-juvenis “Chaves” e “Rebelde”? Mas podemos ir também um pouco mais a fundo: o próprio cinema muitas vezes nos oferece uma possibilidade de imersão dentro desse cenário, como é caso de filmes de diretores como Alfonso Cuáron, Carlos Saura e o renomado Pedro Almodóvar.

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Na música, alguns sucessos da cantora Shakira embalaram gerações de jovens que repetiam suas letras muitas vezes sem saber os significados detalhados de cada uma das palavras que eram emitidas. Mas não só: o cantor Alejandro Sanz também fez muito sucesso no Brasil durante a década de 90, e o hit “Vivir sin aire” da banda Maná chegou a ser a música mais tocada nas rádios no ano em que foi lançada em nosso país. Mas não para por ai, porque, afinal de contas, não podemos nos esquecer da mais importância expressão artística e de entretenimento que pode ser firmada por uma língua em exercício: a literatura.

Quem não se emocionou com as histórias épicas e fantásticas de Gabriel Garcia Marquez? Ou não se viu embrenhado pelos labirintos do mistério criado por Jorge Luís Borges ou por Júlio Cortázar? Ou ainda: quem não acompanhou as aventuras do lunático Dom Quixote acompanhado por seu fiel escudeiro Sancho Pança na brilhante narrativa desenvolvida por Miguel de Cervantes?

Poderíamos citar milhares de outros exemplos de ícones da cultura e do entretenimento que estão presentes, circulando vivamente, pelo contexto brasileiro. Mas talvez essa pequena amostra já seja possível para reafirmar com categoria a incidência inquestionável da cultura de língua espanhola sobre a nossa.

Agora, preste atenção em todos os exemplos citados: apesar de falarem a mesma língua, eles são provenientes do mesmo lugar no globo terrestre? As novelas como “Marimar” e “Maria do Bairro” tem sua origem no México, tal como o cineasta Alfonso Cuarón e a banda Maná; mas já os outros dois cineastas citados, Pedro Almodóvar e Carlos Saura, são espanhóis. A cantora Shakira e o escritor Gabriel Garcia Marquez são ambos colombianos, enquanto os outros dois escritores citados, Jorge Luís Borges e Júlio Cortázar, são argentinos.

Ou seja: isso prova nitidamente que a língua espanhola é um elo de ligação entre diversos países ao redor do mundo. Somente nesses exemplos citados, já podemos aferir não apenas países diferentes como continentes diferentes: a Europa, a América Central e a América do Sul.

O espanhol é reconhecido como língua oficial na Espanha, no México, na Colômbia, na Argentina, no Peru, na Venezuela, no Chile, na Guatemala, em Cuba, no Equador, na República Dominicana, em Honduras, na Bolívia, em El Salvador, na Nicarágua, no Paraguai, na Costa Rica, em Porto Rico, no Uruguai, no Panamá, na Guiné Equatorial, em Belize, em Andorra, no Saara Ocidental e em Gibraltar. Mas não para por aí, porque existem alguns outros países que, apesar de não terem o espanhol como língua oficial, possuem um bom número de comunidades hispânicas ou de grupos autônomos falantes da língua. Verificam-se casos como esses nos Estados Unidos, nas Filipinas, em Israel, em Taiwan, na Turquia, na Ilha de Páscoa e nas Antilhas Neerlandesas.

Diferenças entre espanhol e castelhano

Você com certeza já ouviu em algum lugar, principalmente quando a pessoa em questão pretende se referir aos falantes que habitam os países da América Latina, o termo “castelhano”. Mas, afinal de contas, existe diferença entre o “espanhol” e o “castelhano”? A resposta é: não.

Então, afinal de contas, por que ambas as palavras designam a mesma coisa? A diferença entre elas se encontra, basicamente, em sua origem. O termo “castelhano” remonta ao reino de Castela, presente na Idade Média, quando a Espanha ainda não existia. Ele foi mantido ou, por assim dizer, reforçado, na América Latina, por um caráter essencialmente político: um argentino ou um chileno provavelmente diz que fala “castelhano” em vez de dizer que fala “espanhol” porque essa é uma tentativa política de rejeitar o passado colonial desses países.