Copernicanismo
O copernicanismo é uma linha de pensamento nomeada por causa do astrônomo e padre polonês Nicolau Copérnico, o primeiro a lutar pela ideia de que, diferente do que se acreditava na época, a Terra girava ao redor do Sol e não o contrário. As bases do heliocentrismo foram fundamentais para inaugurar o que hoje chamamos de ciência moderna. Antes disso, nossos conhecimentos sobre a natureza e o universo eram ditados pela fé, que fornecia as explicações para todos os fenômenos da natureza.
Os dogmas da igreja foram responsáveis por tomar decisões que afetariam não só toda a sociedade, como também a compreensão humana sobre o mundo e suas ciências. Na época, a fé cega que Martinho Lutero chamou de “cortesã do diabo” havia estabelecido que o Sol e tudo o mais no céu girava em torno da Terra.
Nosso planeta como centro do universo era uma teoria formada ainda na antiguidade clássica pelo cientista grego Ptolomeu, o geocentrismo nunca havia sido questionado com argumentos até Copérnico surgir com seu “Pequeno Comentário sobre as Hipóteses de Constituição do Movimento Celeste” em meados de 1500.
Heliocentrismo
O heliocentrismo foi considerado heresia pela Igreja Católica. A própria Bíblia dizia que o universo girava ao redor da Terra (como no geralmente mencionado no livro de Josué 10:12 e 13), por isso o dogma não podia ser questionado nem pelos católicos, nem pelos protestantes. A proposta de Copérnico contradizia todas as verdades defendidas pela igreja na época, por estar ciente disso ele manteve sua publicação em segredo durante anos.
Quando publicada, sua proposta argumentava não só apelando à razão como também à fé. Além das explicações técnicas que defendiam a ideia do Sol como centro do sistema, Copérnico perguntava: em qual lugar além do centro Deus teria colocado a luz que ilumina o mundo? Sua teoria demorou para ser aceita tanto pela igreja quanto pela sociedade, mas diferente de outros cientistas que defenderiam a visão copernicana e perderiam a vida por isso, como aconteceu com Galileu Galilei. Avesso a polêmicas, Nicolau Copérnico evitava publicar seus trabalhos sobre heliocentrismo mesmo quando era incentivado por amigos e alunos.
Nas poucas vezes que isso aconteceu, os estudos eram publicados em latim, a língua oficial da ciência na época, mas só alguns poucos privilegiados eram capazes de ler no idioma. Além disso, seus trabalhos eram reconhecidamente difíceis de serem compreendidos mesmo para os grandes cientistas da época. Sua grande obra, “Das Revoluções dos Corpos Celestes”, só foi devidamente publicada no final da vida do cientista.
Desde a publicação da teoria heliocêntrica de Copérnico, passaram-se 70 anos até ela ser aceita pela igreja e, por consequência, a sociedade.
Copérnico
Nascido Nikolaj Kopernik em 14 de fevereiro de 1473 na pequena cidade polonesa de Torun, Copérnico era filho de uma família abastada na sociedade polonesa. Perdeu o pai quando criança e, como ditava a tradição, foi morar com seu parente próximo do sexo masculino mais rico: um tio bispo, que se responsabilizou pela educação de Copernico e os três irmãos. Foi graças à insistência do tio que Nikolaj aceitou estudar para ser ordenado padre.
Adotou a versão latinizada e mais conhecida do nome quando se mudou para Bolonha, Itália, aos 24 anos. Lá Copérnico estudou medicina, astronomia e arte, além de conhecer Domenico Novarra, que viria a se tornar um grande amigo e primeiro orientador de Copérnico na astronomia. Sua primeira observação aconteceu 9 de março de 1497, na época a ainda desconhecida estrela Aldebaran.
Enquanto ainda estudava na Itália, Copérnico foi eleito cônego de Frauenburg e seu tio assumiu o cargo em seu nome até ele assumi-lo de fato em 1501 por insistência do tio. Enquanto continuava em Bolonha, começou a estudar e se interessar por grego, foram os primeiros passos do cientista para o futuro em que estudaria os trabalhos de Ptolomeu.
Quando se assentou definitivamente na Polônia, Copérnico reuniu conhecimento e fama como estudioso. Mesmo exercendo os deveres eclesiásticos, não deixou de estudar. Em 1514 foi convidado para dar sua opinião a respeito de uma reforma do calendário, convite que foi recusado, pois o cientista ainda não acreditava que as posições do sol e da lua no céu não eram conhecidas com precisão, o que impedia a criação de um calendário baseado nisso.
Mesmo com as obrigações eclesiásticas e políticas, Nicolau Copérnico nunca deixou de lado sua vida acadêmica e a paixão pela astronomia. Entre 1497 e 1529 publicou 27 trabalhos sobre o assunto, depois de sua morte muitos outros apontamentos foram encontrados entre seus pertences. Foi no final da vida que Copérnico esteve mais insatisfeito com o sistema geocêntrico proposto por Ptolomeu, e não estava sozinho em suas dúvidas já que outros astrônomos de sua época também defendiam uma revisão do geocentrismo. Coisa que a igreja não aceitava.
Foi estudando cientistas da Grécia Clássica que Copérnico descobriu os estudos de Aristarco de Samos que, em 300 a.C., propôs uma teoria heliocêntrica na qual era a Terra que girava ao redor do sol e não o contrário. Porém, como mencionado, O cientista polonês manteve para si o conhecimento por muitos anos devido à resistência da igreja em mudar um dos seus dogmas. Sua principal obra sobre heliocentrismo só foi publicada meses antes de Copérnico morrer, aos 67 anos.