A África subsaariana
Dos 35 países do mundo considerados mais pobres pela ONU, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano, 20 estão localizados na África subsaariana, região chamada também de África Negra. A intensidade dos problemas sociais desta área do globo é tão grande que muitos destes países são considerados excluídos da economia global pelas grandes empresas, o que significa que o capital internacional não tem interesse algum em investir na região.
Contexto histórico
As origens desta situação não podem ser vinculadas a outro fato senão o processo de colonização efetivado pelos europeus na região. Durante o século XIX, a Europa conheceu um grande surto de industrialização, o qual elevou a necessidade de matérias-primas baratas e mercado consumidor.
Cada país que se industrializava procurou garantir suas posses coloniais no mundo. Entre os anos de 1884 e 1885 realizou-se a Conferência de Berlim, na qual as potências europeias buscaram resolver suas disputas pelos territórios africanos. Estavam definidas as regras do jogo de ocupação do continente. Cada potência europeia tinha que comunicar às outras suas intenções de colonização destas terras. A partir aí, iniciou-se uma corrida imperialista na qual os países europeus foram definindo as fronteiras de suas colônias através de acordos entre si, desconsiderando as necessidades e a história dos povos africanos. O território de vários povos foi dividido e várias tribos foram reunidas em colônias que, mais tarde, se transformariam em países.
Realizada a divisão, se desenvolveu a implantação de economias agroexportadoras, obrigando a população africana a abandonar a sua economia tradicional de subsistência para se dedicar ao plantation. Trabalhando como mão de obra assalariada e baratas em plantações voltadas para a exportação, os indivíduos ficaram cada vez mais dependentes dos baixos salários para garantirem sua sobrevivência.
Após a Segunda Guerra Mundial e, principalmente, na década de 60, a maior parte das colônias europeias na África deu lugar a países independentes, no entanto, a situação da população piorou. Primeiramente, a construção das fronteiras artificiais desencadeou uma série de guerras civis e conflitos separatistas entre as tribos rivais dentro de cada país. Outro fator que aprofundou a pobreza destes países após a Segunda Guerra Mundial, foi a constante diminuição dos preços internacionais dos produtos primários produzidos naqueles países. O algodão, o café, o açúcar, o cacau e as frutas tropicais foram os produtos mais prejudicados.
A instabilidade política unida a uma agricultura de plantation com lucros cada vez menores, criou o horror das crises de fome no continente. Por sua vez, a expansão da fome trouxe consigo ampliação da violência, das guerras, dos conflitos separatistas e das epidemias de doenças, principalmente da AIDS.
A epidemia da AIDS
Atualmente a África subsaariana é a região mais afetada do mundo pelo vírus da Aids, estimando-se que mais de 25 milhões de pessoas já foram infectadas. A epidemia se alastra pela falta de programas de prevenção. Não há campanhas para esclarecimento da população, muito menos se distribuem preservativos.
O alastramento da doença na região reflete a precariedade de todo o sistema de saúde pública. Mesmo as doenças de combate relativamente mais simples, como a cólera, a malária e a febre amarela, se espalham facilmente nos países africanos, devido à falta de condições para a prevenção e o tratamento dos doentes. No caso da Aids, o impacto é tão grande que vem ocorrendo uma diminuição da expectativa da vida em cerca de vinte anos para alguns países.
Apesar de se localizar na África subsaariana, a África do Sul possui algumas especificidades que têm que ser analisadas separadamente. Os primeiros europeus a chegarem à região foram os holandeses, que fugiam das perseguições religiosas na Europa. Estes primeiros colonos ficaram conhecidos como bôeres e se dedicavam à pecuária e à agricultura.
Durante o século XIX, os conflitos com a população negra local fizeram com que muitos dos bôeres se deslocassem para o interior, fundando as províncias de Orange e Transvaal. Mas em 1801 os ingleses começaram a se instalar no sul do país, província do Cabo, fundando a cidade com o mesmo nome. Rapidamente se estabeleceu um conflito entre os colonos ingleses (anti-escravidão) e os holandeses, os quais acreditavam que a separação entre as raças e a afirmação da superioridade branca eram a vontade de Deus.
Para marcar a diferença os bôeres passaram a se denominar de africânderes, distinguindo-se dos colonos de origem inglesa. Entre 1898 e 1901, a Guerra dos Bêres pôs fim às disputas entre brancos, dando origem à União Sul-africana, que reúne toda as províncias e se transforma em uma colônia inglesa. A partir daí vão começar a se criar as primeiras medidas que levam ao Apartheid, política segregacionista que caracterizou a África do Sul até a década de 90.
Em 1911, o Colour Bar Act proíbe os negros de ocuparem empregos qualificados. O Native Land Act de 1913, divide as terras entre descendentes de europeus e negros. Estes últimos, mesmo representando 75% da população, ficam com apenas 8% das terras, locais que ficaram conhecidos como bantustões. Ao mesmo tempo, o pass-system limita a circulação de negros pelo país.