A situação da economia nos Tigres Asiáticos
Denomina-se tigres (ou dragões) asiáticos um grupo de países que se industrializou e obteve altos índices de crescimento econômico a partir da década de 70. São eles: Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan.
Os fatores internos deste crescimento econômico são a mão de obra barata e, relativamente, bem preparada, os incentivos fiscais e a criação de um clima de confiança para investimentos estrangeiros. Porém, existem fatores externos que foram fundamentais para que ele ocorresse. Primeiramente o fato das potências capitalistas ocidentais, notadamente os EUA, apoiarem este crescimento no intuito de criar o que ficou conhecido como cordão sanitário, um grupo de países capitalistas que se desenvolviam economicamente para barrar a expansão socialista na região.
Outro fator importante foi o crescimento econômico japonês que transbordou os seus próprios limites nacionais. Após passarem por um período de industrialização baseada na mão de obra barata, as indústrias japonesas tiveram que aumentar os salários internos e investir em seus vizinhos para compensar a baixa dos lucros.
Neste contexto é que os tigres asiáticos deixaram de ter uma economia de base agrícola, que os caracterizava até pouco tempo depois da Segunda Guerra, para se colocarem ao lado das economias mais dinâmicas do mundo.
A indústria destes países surgiu com o objetivo de exportar produtos de média e de alta tecnologia. A maior parte das empresas é transnacional, japonesas, americanas e europeias, que ali se instalaram para produzir mercadorias para serem exportadas para os principais centros de consumo do mundo. Diferentemente da industrialização latino-americana, voltada para o consumo interno e por isso chamada de substituição de importações, aos tigres damos o título de plataformas de exportação, já que é esta a meta da maior parte das empresas ali instaladas.
Plataforma de exportação
Para atingir o objetivo de se tornar uma plataforma de exportações, cada um dos governos destes países teve um papel fundamental. Primeiramente houve um endurecimento do regime político em todos eles, limitando-se a liberdade dos trabalhadores em exigir maiores salários. Além disso, se estabeleceu um esquema econômico voltado para exportações, incluindo desvalorização cambial, subsídios às exportações, restrições às importações e ao consumo interno. Para completar o quadro, cada governo direcionou seus investimentos para a formação de mão de obra e construção de infraestruturas de transporte, comunicações e energia.
Com estas medidas se conseguiu garantir uma grande vantagem em termos competitivos para os tigres, que açambarcaram grandes fatias do mercado mundial, passando de cerca de 1,5% em 1970 para 8,5% em 1990. O dinheiro vindo das exportações foi reinvestido na modernização da economia, possibilitando a continuidade do crescimento econômico. Por sua vez, este crescimento elevou os ganhos salariais e aumentou o consumo interno. Na tentativa de dar continuidade à busca de lucros baseada na mão de obra barata, as empresas passaram a investir foram em seus vizinhos ainda pouco industrializados, repetindo o percurso das empresas japonesas.
O investimento das empresas dos tigres no exterior deu origem aos novos tigres asiáticos, países que começaram a se industrializar mais intensamente a partir da década de 80. São eles, a Indonésia, a Malásia, a Tailândia, e mais recentemente, o Vietnã. Enquanto nos tigres já podemos falar de uma melhoria das condições de vida, nos novos tigres, a situação ainda é muito problemática. Na Indonésia, por exemplo, até 1998 o regime autoritário do general Suharto, dava a possibilidade a empresas estrangeiras de explorarem a mão de obra local a um ponto tão extremo que fica difícil diferenciar seu trabalho de uma semi-escravidão.
Além da industrialização, os tigres asiáticos conseguiram criar um clima de confiabilidade que, unido às facilidades que seus governos dão para a circulação de capitais estrangeiros dentro do país, transformou-os em uma ótima opção para os investimentos financeiros. Desta forma, se tornaram importantes centros de finanças.
Este quadro de desenvolvimento só sofreu abalos no final da década de 90, mais precisamente a partir de 1997, quando estourou a crise asiática. Devido ao aumento do consumo interno, derivado da melhoria da qualidade de vida da população e a crise econômica mundial, a balança comercial não permaneceu tão favorável como era até então.
Na Coreia do Sul, por exemplo, no ano de 1995 as importações superaram as exportações em cerca de US$ 30 bilhões. Para um país que vinha apoiando seu crescimento econômico em um amplo programa de exportações, o número é absurdo.
Antes dos sinais de crise levarem o dinheiro dos grandes investidores para longe, os tigres desvalorizaram suas moedas. Com isso conseguiram minimizar os efeitos catastróficos da crise, mas o problema não foi resolvido, já que todos os quatro tigres, atualmente, dependem de um grande volume de importação, principalmente de matérias-primas, alimentos e parte da tecnologia usada nas suas indústrias.
Algumas especificidades vêm tomando a atenção da opinião pública internacional, principalmente em relação às resoluções dos conflitos políticos que envolveram a região por um longo tempo do século XX.