A dívida externa dos países da América Latina

Geografia,

A dívida externa dos países da América Latina

Os países latino-americanos têm muitas coisas em comum. Além da proximidade no mapa e a colonização europeia, muitos deles também contraíram grandiosas dívidas por meio de empréstimos feitos com instituições financeiras de caráter internacional ou com países credores.

Origem dos empréstimos e principais dificuldades

De uma forma geral, os países da América Latina contam com endividamento externo bem marcado e agressivo, sendo a maioria deles adquiridos após dado o início ao processo de descolonização. Nesse período, as dívidas tinham o principal objetivo de financiar custos que levariam ao desligamento do país com a metrópole, o que finalmente tornaria a nação independente e livre de sua condição como colônia.

Foi a partir de tais empréstimos que os países latino-americanos começaram a enfrentar problemas para pagamento de suas dívidas. O principal motivo para a dificuldade se dá uma vez que tais nações se mantêm por meio da produção de primários, ou seja, de matérias primas posteriormente exportadas à Europa para produção industrializada em fábricas e indústrias.

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E a troca comercial com certeza é desigual – de um lado, os países latino-americanos fornecem matéria prima e de outro, o continente Europeu produz uma grande variedade de artigos que serão comercializados mundo afora por um valor de mercado muito mais alto.

E é diante dessa realidade que notamos que, no que se refere aos países da América Latina, o crescimento econômico é bem limitado – impossibilitando-os de conseguir recursos financeiros suficientes para pagamento das dívidas externas.

Muitos são os países latino-americanos que começaram a participar das atividades industriais de um modo mais expressivo com o objetivo de diminuir o valor das dívidas e também aumentar o prazo para o pagamento delas. O intuito, neste sentido, era o de gerar um maior crescimento econômico para a nação.

E para onde tais recursos foram destinados?

As principais dívidas externas dos países da América Latina são de empréstimos realizados para investimentos próprios de infraestrutura.

Sendo assim, grande parte dos recursos foi destinada aos investimentos com:

• Obras de altíssima repercussão para o país e para suas principais capitais;

• Construção de rodovias e ferrovias;

• Desenvolvimento de usinas hidrelétricas e portos;

• Fortalecimento da indústria de base, apostando no surgimento de novas empresas, tais como fábricas siderúrgicas, metalúrgicas mineradoras e indústrias petroquímicas.

É diante de tais estatísticas que fica claro afirmar que países como o Brasil, México, Chile e Argentina, que atingiram um nível ‘franco’ de desenvolvimento industrial, são os que contam também com as maiores dívidas externas no que se refere às nações latinas.

Atualmente, a dívida externa dos países da América Latina é:

• Brasil – 225 milhões de dólares americanos;

• Argentina – 133 milhões de dólares;

• México – 141 milhões de dólares;

• Chile – 40 milhões de dólares;

• Venezuela – 33 milhões de dólares;

• Colômbia – 38 milhões de dólares.

Principais problemas causados pelas dívidas externas dos países da América Latina

As dívidas externas dos países latino-americanos são problemáticas uma vez que impedem o crescimento e desenvolvimento pleno e constante dessas economias, que por uma questão histórica, já são mais frágeis do que quando em comparação com outras nações (especialmente, as europeias).

As dívidas externas desses países foram agravadas principalmente após a década de 70, época em que os juros internacionais passaram por uma reformulação e, notoriamente, tornaram-se ainda mais altas.

E é assim que tais países aumentam cada vez mais a distância da oportunidade desse pagamento, lembrando que acertar só os juros não é o suficiente para acabar com o problema, mas é necessário eliminar de vez a dívida para que a economia dê os seus primeiros passos com desenvolvimento.

Por outro lado, economias mais centralizadas podem encontrar vantagens unicamente no pagamento dos juros, uma vez que elas já são as grandes responsáveis por determinarem qual será o rumo da economia dos países subdesenvolvidos e emergentes, que por sua vez, continuam sendo economicamente dependentes de grandes potências.

E o Brasil?

Há algum tempo o Brasil teve a chance de pagar todas as suas dívidas externas, desprendendo-se desse paradigma e dando retomada ao crescimento econômico.

Isso ocorreu em meio à década de 70, quando o país aproveitou da sua ‘abundância’ de crédito para desenvolver um enorme plano de investimento.

Porém, a crença de que as condições seriam favoráveis por mais tempo, lado a lado com o aumento dos fluxos do comércio internacional, fizeram com que o país ficasse novamente em uma condição mais vulnerável.

O serviço da dívida aumentou (junto com as taxas de juros) e a dificuldade para o pagamento delas mais uma vez se instaurou. Com as exportações lá em baixo, o país entrou em uma verdadeira crise de liquidez.

E foi assim que, em 1983, o Brasil teve de assinar um acordo com o FMI para liberação da economia e melhor controle de déficit público, o que fez com que os bancos credores permitissem a ‘rolagem’ das dívidas e concessão de mais empréstimos.