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Agricultura Orgânica

Cada vez mais se ouve falar em alimentos orgânicos, e sua presença nas prateleiras do mercado só cresce. Seu consumo é amplamente incentivado por não possuir em seu processo de cultivo nenhum meio artificial e químico.

A agricultura orgânica traz a sustentabilidade como base de seu manejo, em contrapartida da produção dos grandes agronegócios com a utilização de agrotóxicos e de sementes transgênicas.

A Revolução Verde

A agricultura com a utilização de processos químicos e agrotóxicos surgiu após a primeira guerra mundial e, no Brasil, na década de 40. A sua aplicação seguiu uma curva crescente, e na década de 70 surgiram as primeiras indústrias no país de fabricação de produtos químicos para utilização da agricultura.

Com a criação dos complexos agroindustriais, o país se tornou um dos principais mercados consumidores de agrotóxicos do mundo. Como o próprio nome indica, esses produtos são tóxicos e nocivos à saúde humana e também ao meio ambiente, ocasionando efeitos colaterais crescentes na sociedade.

Toda a produção de agrotóxicos e a produção e distribuição de sementes transgênicas do mundo se concentram em seis corporações transacionais: Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont, Dow e Basf.

A vigilância pública passou a definir políticas de regulamentação desses produtos, que partem desde as pesquisas para composição das fórmulas, sua fabricação, comercialização e até ao descarte das embalagens usadas. Hoje o Brasil utiliza mais de 400 tipos de agrotóxicos registrados e autorizados, apesar das restrições.

A Revolução Verde foi o nome usado para a introdução de agrotóxicos em massa pelo mundo. O discurso de modernização do campo acabou incentivando as monoculturas, a intensa mecanização do campo, o uso de sementes geneticamente modificadas e a agroquímica. A guerra foi o que motivou a mudança para esse tipo de agricultura, a partir de pesquisas e maquinários que sofreram adaptações para sua utilização no campo.

No Brasil, a insegurança alimentar gerada por esse tipo de plantio só aumenta. A cultura agrícola não é direcionada para a produção, comercialização e consumo de alimentos, e sim para o agronegócio, que exporta o produto para a fabricação de gêneros industriais. Os alimentos agrícolas mais produzidos no país são justamente os que são utilizados para o agronegócio, como soja, cana de açúcar e eucalipto. Da mesma forma que utilizam a grande maioria das sementes transgênicas e dos agrotóxicos. Nesse cálculo, quanto mais se usa produtos químicos na agricultura, menos alimentos são produzidos.

O Caminho Saudável da Agricultura Orgânica

Para combater prática do uso de agrotóxicos, começaram a surgir movimentos contrários, que valorizavam o uso exclusivo de matéria orgânica. Pelos tipos de procedimentos de combate às pragas e a nutrição da terra, se dividiram em agricultura biodinâmica, orgânica, biológica e natural.

No Brasil, junto com a ascensão da Revolução Verde, também surgiram pesquisadores para contestar esse modelo e despertar novos valores agrícolas. O lançamento do “Manifesto ecológico brasileiro: fim do futuro?” ajudou a fazer com que agricultores e a opinião pública começassem a refletir sobre o problema.

As pesquisas começaram a provar que quanto mais eram usados os agrotóxicos, mais aumentavam as pragas, já que os seus inimigos naturais também eram dizimados com o veneno. Assim, o ciclo vicioso era perpetuado.

Mas só nos anos 80 começaram a surgir efetivamente agriculturas alternativas, em micro e pequena escala, que introduziram, ainda que timidamente, não só alimentos saudáveis, mas também condições sociais de produção mais favoráveis e sustentáveis.

A partir da Rio Eco 92, foi marcada definitivamente a discussão sobre ecologia como principal forma de cuidar do futuro das sociedades e a utilização de agrotóxicos foi amplamente discutida através das ONGs. Esse tipo de agricultura passou a ser vista como inimiga do ecossistema, e seu combate, uma prioridade.

A agroecologia não é uma novidade, e sim um processo que vem se desenvolvendo ao longo de décadas, sob os aspectos ecológicos, tecnológicos e socioeconômicos. Combinando agronomia, sociologia rural, ecologia e antropologia, ela visa encontrar mecanismos saudáveis que possam ser multiplicados, e que transformem a produção de alimentos em algo não só rentável, mas também eficaz no combate a fome.

As práticas da agricultura orgânica são comprometidas com a sustentabilidade do local onde são cultivadas e com toda a classe humana, a partir de:

  • Adubação verde;
  • Adubação orgânica;
  • Minhocultura (uso de minhocas na plantação) que gera húmus;
  • Manejo da vegetação nativa;
  • Uso racional de irrigação.

Todas essas práticas tem o objetivo de excluir completamente qualquer indício de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos não-orgânicos e transgênicos, partindo do princípio que o solo é um organismo vivo e que deve ser tratado com todo cuidado para mantê-lo saudável. Dessa forma, o controle de insetos e doenças são feitos de forma natural com medidas preventivas.

O princípio máximo da produção orgânica é estabelecer o equilíbrio da natureza usando ela mesma para gerar o alimento. A indústria química é banida e a mecânica, energética e lógica aceita com restrições.

Esse conceito também se amplia à produção de culturas que não servem de alimento, como o algodão, e também na agropecuária, com o gado tratado sem hormônios e com alimentos também orgânicos.

Porém, a agricultura orgânica não é a única forma de se definir procedimentos naturais de cultivo. Em oposição à monocultura que usa procedimentos químicos, existem as seguintes técnicas agrícolas:

  • Orgânica ou biológica
  • Biodinâmica
  • Natural
  • Permacultura
  • Nasseriana

Todas possuem modos práticos semelhantes, e fazem parte de uma mudança cultural relevante no mundo.

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