Ano Sideral e Ano Tropical

Geografia,

Ano Sideral e Ano Tropical

Por que um ano tem 365 dias? Por que um dia tem 24 horas? Se você faz ou já fez estas questões, muito provavelmente teve uma lacuna que poderia ser mais trabalhada na escola: a astronomia. Essa área contempla os estudos de tudo o que ocorre fora da nossa atmosfera, ou seja: planetas, corpos celestes, galáxias, estrelas. Junto à Medicina, a Astronomia é uma das ciências mais antigas da Humanidade, sendo que há desenhos em cavernas representando as fases da Lua. Isso já mostrava a curiosidade e estudo a respeito do que ocorre fora do nosso planeta. São estes estudos que calculam a medida do tempo e esse cálculo sempre foi necessário, mesmo há milhares de anos, para saber períodos de frio e calor, de plantação e colheita, processo migratório, etc. E mesmo de forma rudimentar, como surgiram os primeiros calendários da humanidade?

ano sideral e ano tropical

Como se baseia a medição do tempo?

Medir o tempo leva em conta o movimento de rotação da Terra em relação ao Sol, sendo que assim são definidos os dias. Uma das coisas importantes é que, devido ao nosso baixo estudo sobre o assunto, o ano pode ser tratado simplesmente como um intervalo de 365 dias. Porém, para quem é do meio, isso vai muito além.

Os dois tipos de ano

Como o ano não é múltiplo exato da duração de dias, temos dois tipos de ano. O Sideral e o Tropical. E você pergunta, como assim?
O Ano Sideral refere-se ao período de revolução do nosso planeta em torno do sol, relativamente às estrelas. O ano sideral tem 365,2564 dias solares médios, ou, “traduzindo”, 365 dias, 6 horas, 9 minutos e 10 segundos. Logo, o ano Sideral era considerado a partir da primeira estrela que surgisse no céu ao nascer do sol – o nascer helíaco. Um fato curioso é que os egípcios precisavam destas observações para determinar as estações. Então, para evitar atraso no registro da data do nascer helíaco, sacerdotes eram obrigados a vigílias rigorosas.

O Ano Tropical também é relacionado ao movimento de revolução da Terra, mas tem maior relação com o Equinócio Vernal – o início das estações. São 365,2422 dias solares médios, ou ainda 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.

Curiosidade: você deve estar se perguntando onde o ano bissexto se encaixa. No antigo calendário romano, o primeiro dia do mês se chamava calendas, contando retroativamente cada dia do mês anterior. Foi Júlio César quem ordenou que o sexto dia antes das calendas de março deveria ser repetido uma vez a cada quatro anos, chamado “ante diem bis sextum Kalendas Martias”. Daí o nome Bissexto. Para eles, é um tempo de 6 horas que, a cada 4 anos acumulados geraria então o dia 29 de fevereiro.
Ao longo da história, os calendários foram ganhando vários acréscimos e mudanças, sempre com a influência de observações astronômicas. Nosso dia é chamado de dia solar, pois é o período de tempo da Terra girando em seu próprio eixo em relação ao sol. Como a órbita da Terra não é exatamente circular, a velocidade relativa ao sol não é precisa e uniforme.
Enquanto nós contamos as horas a partir da posição do sol, estudiosos determinam a partir dos momentos em que as estrelas cruzam o meridiano, que é projeção sobre o céu do círculo de longitude, que passa pelo local da superfície da Terra em que as observações estão sendo feitas.

É a partir deste intervalo de trânsitos da mesma estrela ou grupo delas que vem o dia sideral. O dia solar é cerca de 4 minutos mais longo que o dia sideral.

Já o estabelecimento do calendário sideral se deu há milênios. Ele se utilizou da observação do nascer ou pôr do sol, em termos científicos, nascer e ocaso helíaco em relação ao aparecimento de uma estrela (nascer ou ocaso cósmico).
– Nascer ou ocaso helíaco: é a passagem de um astro pelo horizonte oriental ou ocidental no momento do nascer ou do pôr do sol, respectivamente. Isto é, o nascer é a primeira aparição anual de uma estrela sobre o horizonte.

O ano tropical estava na base do calendário juliano, sendo 365,25 dias e com 11 minutos a mais, o equivalente a um dia extra em um intervalo de 128 anos. Em 1582, o equinócio de primavera, comemorado em 25 de março, havia recuado para o dia 11 de março. Isso também influenciou na comemoração da Páscoa: por decisão do Concílio de Nicéia, a Páscoa deveria ser comemorada no primeiro domingo após a lua cheia da primavera (lá pelo dia 21 de março ou imediatamente após).

Estas mudanças acompanharam nossa história por muitos e muitos anos. Mas atualmente ainda há diferenças, em vários países e religiões. O ano judaico e chinês, por exemplo, é diferente do convencional. E a cada ano o calendário vai mudando, de acordo com observações astronômicas.

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