Categorias Geografia

Novo Código Florestal Brasileiro

O novo código florestal brasileiro é um projeto de leis que foi aprovado pela Câmara Federal e pelo Senado no ano de 2011. O projeto prevê diversas mudanças no projeto de código florestal de 1965, com fins de se adequar a nova realidade econômica e ambiental do Brasil.

Entretanto, o novo código possui vários pontos polêmicos em seu texto, como a anistia para pessoas que desmataram áreas nativas antes de 2008 e a redução das áreas de preservação permanente.

Origem do código florestal brasileiro

O código florestal é um conjunto de leis que determina como e quais os usos da terra de um país. É através dele que são determinados quais os cultivos permitidos em cada área, qual a extensão das áreas de preservação, os períodos de descanso para o solo e as punições para os crimes previstos no código.

O primeiro código florestal brasileiro é de 1935. Neste código, era previsto que a área destinada a preservação da mata nativa deveria ser o equivalente a ¾ da propriedade rural. Esta proporção era condizente com a realidade do país naquele período. Áreas como a Amazônia e o cerrado eram pouco habitados e sem fins de exploração pela agricultura e pecuária.

Em 1965 foi criada uma nova versão do código florestal. Neste novo código, estava previsto a criação das áreas de preservação permanente (APP), com 50% de reserva na área da Amazônia legal e 20% para as outras áreas do país.

Desde a década de 90 já tramitavam pela câmara novas propostas para o código florestal. Em 1996, o então presidente Fernando Henrique Cardoso determinou uma medida provisória (MP) que aumentava a reserva legal dentro da Amazônia em 80% e reduzia a área de reserva do cerrado para apenas 35% e de 20% para outros biomas.

Em 1999, o então deputado pelo PSDB, Sérgio Carvalho, propôs o texto a partir do qual foram discutidas as alterações do novo código.

Propostas do novo código florestal brasileiro

O texto do novo código florestal brasileiro ficou em aberto para a discussão durante doze anos. Neste período, houve diversos debates sobre o conteúdo do novo código. Em 2009 o deputado Aldo Rebelo, do PCdoB foi designado como relator da comissão que deveria emitir um parecer final sobre a proposta de novo código florestal.

Alguns pontos do novo código são muito polêmicos. Dentre estes, destacam-se:

– Redução das áreas de preservação permanente (APPs): no novo código, a área defina como Amazônia legal, onde é permitido haver exploração, passa a incluir as áreas de preservação permanente. Além disto, imóveis rurais com até quatro lotes não são mais obrigados a recompor a mata nativa. Permite também a exploração em APPs próximas a rios, que tenham sido iniciadas até 2008 e que constem como uma produção de interesse público.

– Anistia para crimes de desmatamento executados até 2008: o novo código prevê a anistia total de todos os indiciados por crime de desmatamento até 2008. Desta maneira, grandes empresários do setor agrícola poderiam regularizar a situação ilegal de suas terras e solicitar linhas de créditos nos bancos.

– Permissão de atividades rurais em zona de mangue.

– Obrigação de recompor a margem dos rios para pequenas propriedades. Porém, a recomposição não deve ultrapassar 20% do tamanho da propriedade.

Aprovação e veto

O novo código florestal brasileiro suscitou fortes debates na sociedade, em especial entre os ruralistas e os ambientalistas. A bancada ruralista no congresso nacional exerce forte influência nas decisões, pois é a maior bancada do congresso nacional. O texto do novo código apresenta vantagens para os grandes empresários do agronegócio e latifundiários, em detrimento da preservação ambiental, do solo e dos pequenos agricultores.

Os ambientalistas promoveram protestos e campanhas de esclarecimento da população civil, a fim de tentar modificar a aprovação do novo código. Grandes ONGs internacionais, como Greenpeace e WWOOF se posicionaram contra o texto do novo código.

O texto foi aprovado, porém com alguns itens vetados pela então presidente Dilma Roussef. Dentre estes, destacam-se:

– O tempo de pousio dos solos: segundo o veto da presidente, o texto não define qual é o período mínimo para o descanso do solo, deixando isto a critério do agricultor.

– Recuperação de toda a área de bacias hidrográficas utilizadas para geração de energia e saneamento: foi vetado pois elevaria os custos ao consumidor, sendo contrário ao interesse público.

– Recuperação das APPs: vetado por imprecisão jurídica na aplicação da lei.

Preservação ambiental e desenvolvimento econômico

O debate em torno do novo código florestal deixou claro que ainda há setores da sociedade que entendem a agricultura como um negócio que visa apenas o lucro, tal e qual os antigos engenhos de cana. Há estudos que demonstram que a preservação de áreas nativas colabora para o enriquecimento do solo, a normalidade do período de chuvas e a fixação do solo próximo a rios, favorecendo diretamente a agricultura.

Resumo Escolar

Share
Publicado por
Resumo Escolar

Recent Posts

Vaquita: conheça o mamífero mais raro e um dos mais ameaçados do mundo

A face simpática – mostrando quase um sorriso – não traduz a dimensão da ameaça…

3 de maio de 2024

As frases mais importantes da história da humanidade

“Se uma imagem vale mais que mil palavras, então diga isso com uma imagem”. Essa…

29 de abril de 2024

Nacionalidade ou naturalidade: qual a diferença?

Nacionalidade e naturalidade são conceitos fundamentais para compreendermos a origem e os laços de um…

25 de abril de 2024

Como calcular porcentagem

Oi! Hoje vamos aprender sobre porcentagem. Sabe, é como dividir algo em partes e expressar…

4 de abril de 2024

Geleia ou geléia? Qual a forma correta de se escrever.

Então, vamos direto ao ponto: como escrever "geleia" corretamente? Com as mudanças ortográficas, ficou mais…

4 de abril de 2024

O que é Etinia

O conceito de etnia é intrincado e multifacetado, permeando o estudo da Antropologia, a ciência que investiga a…

3 de abril de 2024