Primeira crise do Petróleo

Geografia,

Primeira crise do Petróleo

As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pelo que chamamos de choque do Petróleo, uma crise de cunho econômico e comercial que tomou grandes proporções. Tudo começou quando os países do Oriente Médio – grandes produtores do combustível – perceberam que o petróleo não era um bem renovável, e que, portanto, um dia iria acabar. Em busca de maiores lucros, os produtores decidiram então elevar o preço do barril quase 10 vezes mais. O que antes custava US$ 3,00 passou a valer US$ 12,00, isso em um curto espaço de tempo, apenas três meses.

Primeira crise do Petróleo

Conjuntura mundial e criação da OPEP

Imagine o cenário econômico/industrial da metade do Século XIX. Quase todos os setores da economia dependiam do “ouro negro” para funcionar. Aliado a isso, o petróleo já havia se tornado um importante produto de consumo, principalmente após o motor a combustão ser inventado.

E foi somente depois da Segunda Grande Guerra que os países detentores das fontes de petróleo perceberam a importância desse produto, e o que poderiam fazer caso se organizassem.

É assim que no ano de 1960 surge a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Integram esse seleto grupo a Arábia Saudita, o Irã, o Iraque, o Kuwait e a Venezuela. Todos tinham um único objetivo: defender os próprios interesses como grandes produtores e distribuidores dessa importante matéria-prima.

Cabe ressaltar que 1973 foi decisivo para o início da primeira crise do Petróleo, pois foi exatamente nesse ano que os países integrantes da OPEP decidiram, em reunião, elevar o preço do barril e diminuir a produção do combustível.

Entre os motivos que levaram a essa decisão estão:

• O exponencial crescimento do uso do combustível e o baixo valor pago pelos barris;
• A dependência das nações não exportadoras do produto, que ao invés de explorar jazidas no próprio território preferiam importar;
• Aliado a isso, existia ainda um motivo político: o rearmamento de Israel com o apoio dos Estados Unidos, durante a chamada “Guerra de Yom Kippur”.

Os conflitos árabes israelenses ocorrem após a criação do estado de Israel – depois de 1948 – um desses conflitos é a “Guerra do Yom Kippur”. Nessa guerra, Egito e Síria (países árabes), promovem um ataque surpresa a Israel, justamente no dia do “Yom Kippur”, um feriado religioso para os israelenses.

A grande questão é que esse ataque surpresa do Egito e Síria gera revide dos Estados Unidos, o qual – a época – era um grande comprador de petróleo do Oriente Médio. Sendo assim, esse revide dos Estados Unidos faz com que a OPEP eleve o preço do barril, dessa forma, pela primeira vez os grandes produtores do combustível utilizam o petróleo como forma de pressão política.

Consequências da elevação do preço e o cenário no Brasil

Como se pode imaginar o mundo todo foi surpreendido com a violenta elevação no preço do petróleo. Muitas nações ficaram sem o combustível, entretanto, no Brasil a história se desenrolou de maneira um pouco diferente, mesmo com a crise foi garantido o abastecimento de derivados do petróleo, isso, em todo território nacional.

Mas muitos países não tiveram essa segurança e a economia de diversas nações foram seriamente atingidas com o aumento de 400%. Mais do que o clima de incerteza a sensação de perplexidade atingiu os consumidores, afinal, ninguém poderia esperar um aumento de preço dessa ordem.

No Brasil o impacto da crise só não foi maior porque desde o ano de 1963 a Petrobrás detinha o monopólio da importação do petróleo e derivados, optando por uma política de diversificação de fontes fornecedoras, o que fez diminuir o tão temido risco de desabastecimento.

Mas como nem tudo são flores, a balança comercial do Brasil sofreu um sério desequilíbrio dando início ao que se pode chamar de “ciclo de hiperinflação”, evento que durou quase duas décadas. Diversos outros países periféricos também sofreram com o desequilíbrio econômico.

A recessão ainda bateu à porta dos chamados países de primeiro mundo, Estados Unidos e Europa entraram em uma forte recessão econômica, racionar virou palavra de ordem.

O fim da primeira crise do petróleo só veio a acontecer com as conversações entre o diplomata estadunidense Henry Kissinger e os líderes israelenses. A partir da negociação, os líderes do lado de Israel decidiram deixar as áreas ocupadas pela vitória na “Guerra de Yom Kippur”.

Dessa forma os países árabes suspenderam a elevação no preço dos barris de petróleo, o que acabou gerando certo reequilíbrio nos preços, mas obviamente, o choque não passou sem deixar sequelas no mundo inteiro. Para muitos especialistas, desde o “crack” da bolsa de Nova Iorque – no ano de 1929 – não havia notícias de outra crise econômica tão severa.

Retomar os estudos sobre a primeira crise do Petróleo nos faz entender o quão importantes são os bens oriundos de fontes não renováveis. Além disso, nos faz perceber, o quão necessários são os esforços para descobrir fontes de energia sustentáveis.