A Revolta da Armada

História do Brasil,

A Revolta da Armada

Um dos conflitos que marcaram a história brasileira, já no período da República, foi a Revolta da Armada. Teve seu ápice no ano de 1893 e, basicamente, foi empreendida por membros da Marinha que eram contrários ao governo do então presidente militar Deodoro da Fonseca e seu vice, Floriano Peixoto. Veja a seguir o contexto histórico e as causas que levaram à revolta, bem como a forma com a qual ela terminou e quais foram as suas principais consequências.

A Revolta da Armada

Contexto histórico, causas e a primeira fase da Revolta da Armada

O contexto histórico e político em que a Revolta da Armada está inserida foi a República da Espada, nome dado à primeira fase republicana do Brasil, que foi desde a sua proclamação, em 1889, até 1894. Quando houve a Proclamação da República, os grupos que comandavam a economia brasileira (especialmente os grandes cafeicultores) temiam que nesse momento de transição a monarquia pudesse retornar. Para evitar que isso acontecesse, colocaram o poder nas mãos do exército.

Assim, assumiu o Marechal Deodoro da Fonseca de 1889 até 1891 que, entre outras coisas, anulou a Constituição de 1824 e acabou com todas as estruturas monárquicas. Depois dele, sem convocar eleições, assumiu o Marechal Floriano Peixoto, que se manteve no poder até 1894.

Entre os principais fatores que motivaram a Revolta da Armada, destacam-se:

• Conflitos de ideias entre as esferas políticas no início da República;

• O fato de que alguns militares da Marinha discordavam da posse de Floriano Peixoto, porque a própria Constituição vigente na época dizia que o vice-presidente (cargo que ele havia ocupado) só tinha o direito de assumir posse quando encerrados dois anos de mandato do presidente. No entanto, Deodoro havia renunciado antes desse prazo, portanto, haveria uma ilegalidade constitucional;

• A Marinha não contava com o prestígio político que desejava;

• O governo de Floriano Peixoto fomentou a ascensão política dos civis e os militares, em especial os da Marinha, eram contrários a essa postura;

• Uma das primeiras atitudes de Floriano Peixoto, ao assumir o poder, foi destituir os governadores estaduais que apoiavam Deodoro. Isso gerou ainda mais divergências.

Na realidade, a Revolta da Armada pode ser dividida em duas fases, sendo que a primeira aconteceu já em 1891. Quando tomou posse como presidente, o Marechal Deodoro se percebeu rodeado de partidos políticos que não o apoiavam e ao invés de tentar o diálogo, optou por fechar o Congresso, indo contra a Constituição que ele mesmo aprovara naquele ano. Isso gerou a primeira ação de alguns grupos da Marinha, como por exemplo, o da Baía de Guanabara, que prometeram atacar a cidade do Rio de Janeiro, que era a capital da República naquele momento.

Quando isso aconteceu, Deodoro optou pela renúncia, no que assumiu o vice, Floriano Peixoto. Porém, como já mencionado, ainda não havia se completado dois anos de mandado de Deodoro e a Constituição dizia que, nesse caso, seria obrigatório convocar eleições presidenciais, o que não aconteceu.

Segunda fase da Revolta da Armada

A posse de Floriano Peixoto, portanto, desencadeou a segunda fase da Revolta da Armada. Generais da Marinha, liderados por Saldanha da Gama e Custódio de Melo (que, inclusive, pretendia se tornar o novo presidente), enviaram uma carta ao presidente exigindo que ele convocasse novas eleições. Floriano considerou isso como insubordinação e ordenou a prisão dos líderes desse levante.

A Marinha, ao se convencer de que no Rio de Janeiro não tinha apoio o suficiente, migra para o sul. Tropas ocuparam, então, a cidade de Desterro, que hoje corresponde a Florianópolis e tentaram, posteriormente, um acordo com os gaúchos. Mas também não obtiveram sucesso.

Sem o devido amparo, a Revolta da Armada foi finalmente sufocada em março de 1894. O então Presidente da República contava com o suporte de todo o exército e do Partido Republicano Paulista. Como se não bastasse, Floriano ainda adquiriu uma nova frota de navios, a qual solicitou em caráter de urgência junto a um empresário e banqueiro norte-americano chamado Charles Ranlett Flint. Tripulada por mercenários dos Estados Unidos, a frota de guerra saiu do porto de Nova York em direção à Baía de Guanabara, para conter os rebeldes.

No mesmo período em que a Revolta da Armada acontecia no Rio de Janeiro, o sul do Brasil enfrentava a Revolução Federalista. Essa segunda foi um conflito entre federalistas e os republicanos que, por sua vez, eram apoiados por Floriano. Em 1895, ela chegou ao fim e o presidente também conseguiu reprimi-la com êxito.

O Marechal Floriano Peixoto foi extremamente rígido e adotou medidas enérgicas para conter as duas revoluções que enfrentou durante o seu mandado. Essa postura fez com que ele ficasse conhecido pelo apelido de Marechal de Ferro, que revelava a sua atitude intransigente com a qual reprimia todo e qualquer movimento ou grupo que se posicionasse de maneira contrária ao seu governo.