Fatores do Golpe Militar
A intervenção política responsável pelo golpe militar brasileiro, em 1964, não foi decidida de uma hora para outra. Na realidade, ele passou por uma série de fatores antes que uma decisão fosse tomada.
Tudo começou com a renúncia do então presidente Jânio Quadros. Neste momento, o cenário político enfraqueceu e alguns setores militares mostrarem-se extremamente favoráveis à possibilidade de uma intervenção.
Mas a primeira ação tomada na prática foi somente em 1961, especificamente, três anos antes do golpe. João Goulart, o vice-presidente, após assumir o mais alto cargo de poder no Brasil, o teve ameaçado pelos próprios militares, que o consideravam um político preocupado unicamente com as demandas esquerdistas.
E para que você fique mais antenado sobre alguns dos fatores do golpe militar que, para a grande maioria de nós, passam despercebidos, que esse artigo foi criado. Vamos conhecê-los?
Principais fatores do golpe militar
Ao contrário do que era esperado pelos militares, como afirmam os indivíduos que viveram este período, muitos foram os trabalhadores e democratas no geral que defenderam a posse do novo presidente. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o próprio governador do estado realizou uma campanha legal para que ele pudesse assumir o cargo de Jango.
E foi a partir deste momento que a situação começou a se tornar favorável para uma possível guerra civil. De um lado, os militares. De outro, os brasileiros com posicionamento político contrário, na grande maioria, adeptos ao esquerdismo.
Na tentativa de manter-se no cargo, Jango fez uma viagem aos Estados Unidos, com o intuito de enfraquecer de vez as desconfianças que rodeavam sua figura política. Além disso, essa era também a sua chance de ficar mais próximo aos interesses de caráter capitalistas. E tal viagem, aliada à sua decisão de impor um regime parlamentarista que ‘limitasse’, em partes, o poder presidencial, fez com que ele finalmente assumisse a presidência do país no mês de setembro de 1961.
Mas em 1963 as coisas começaram a mudar. O poder concedido anteriormente aos parlamentares do Executivo de limitação às atitudes presidenciais foi extinto e, com isso, as normas dos mandatos presidencialistas foram reestabelecidas.
Agora, Jango tinha o poder novamente em suas mãos. Com ele, tomou algumas decisões quase que instantâneas no país, sendo algumas delas:
• Criação do 13º salário para os trabalhadores brasileiros;
• Controle da importação, exportação e de remessa de lucros ao cenário internacional;
• Controle dos monopólios estatais com destaque para a importação petrolífera.
E foi com a aceitação de tais atitudes que João Goulart decidiu impor, no ano seguinte, o tão polêmico comício, que ocorreria na região central do país. No discurso realizado pelo então presidente durante o evento, muitos foram os comprometimentos assumidos, que integravam as também polêmicas reformas de base. Além da famosa medida outras faziam parte dos planos de Jango, sendo alguns exemplos:
• Implementação do voto para os analfabetos;
• Dar início à reforma agrária;
• Reestruturação de todo o sistema educacional da época.
E foi assim que Jango conseguiu, mesmo que inconscientemente, chamar a atenção das principais elites empresariais do país, além dos mais conservadores, o que incluía os militares. Mas por outro lado ele também conseguiu chamar a atenção de outro grupo, especificamente, dos principais representantes da esquerda brasileira – grupos nacionalistas e demais líderes do trabalho.
E quando o golpe militar acontece?
Após essa sucessão de fatores que incentivaram o golpe militar no país, o verdadeiro estopim para que ele ocorresse foi o comício organizado por Goulart com a ajuda de Leonel Brizola.
As famílias tradicionalistas e com base mais conservadora ficaram completamente indignadas com as decisões do então presidente e, dessa forma, organizaram em março de 1964 uma passeata que ganhou até mesmo nome: “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”.
A oposição foi se tornando cada vez mais agressiva e em 1º de abril de 1964 Goulart abandonou de vez o seu cargo na presidência e fugiu para o Rio Grande do Sul, em busca de apoio dos políticos gaúchos (especialmente, o de Leonel). Inconstitucionalmente a cadeira do presidente foi considerada vaga também neste mesmo dia, quando assumida pelo então cargo máximo do Exército Brasileiro, a do General Humberto Castelo Branco.
Vale aqui destacar também o contexto histórico em que o Brasil se inseria em meados da década de 60. Nossa economia passava por um período de desgaste por conta da inflação alta, desemprego e queda brusca nos investimentos. O populismo também foi afetado e o próprio apoio norte-americano, tanto dos militares como da indústria, também foi um estopim para que o golpe militar ocorresse.
Totalmente sem ter como buscar outra forma de reassumir a presidência, João Goulart também teve que fugir do Rio Grande do Sul, o que o levou a buscar instalação em um de nossos países vizinhos: o Uruguai.
Por fim, é certo afirmar que muitos foram os fatores que impulsionaram o golpe militar.