Inconfidência Mineira (conjuração mineira)

História do Brasil,

Inconfidência Mineira (conjuração mineira)

Em meados do século XVIII, o Brasil era dominado por Portugal e tido como uma de suas colônias. Na época, a exploração mineral, tendo o ouro como principal fonte de renda – uma das práticas mais lucrativas para os portugueses – começou a diminuir. Também durante esse período, podia-se ver na colônia uma urbanização e a criação de centros com o crescimento da economia mineradora. Isso fez com que, já naquela época, classes sociais distintas se formassem.

Inconfidência Mineira (conjuração mineira)

Durante esse período, a Coroa Portuguesa cobrava impostos de 20%, chamados de “o quinto”, de tudo o que era extraído na região das Minas Gerais e, mesmo com a decadência da atividade, o imposto permaneceu sendo cobrado nesse mesmo valor.

Mesmo com a pressão, a Coroa não conseguia mais tirar seu lucro apenas das atividades nas minas de ouro. Dessa forma, uma nova forma de cobrança foi criada. A chamada Derrama era uma forma opressora de cobrança de impostos atrasados. Neste período, o Governador da Capitania era Furtado de Mendonça. O Rei de Portugal o deixou responsável pela administração do recebimento da Derrama.

A forma com que esse imposto deveria ser pago era a seguinte: todas as regiões que exploravam o ouro deveriam pagar 100 arrobas, o que era equivalente a 1.500 quilos de ouro, por ano para Portugal. Quando essas exigências não eram cumpridas, o que ocorria cada vez mais com a diminuição dos minérios, soldados da Coroa invadiam vilarejos e casas em busca de bens que repusessem esse valor.

Nessa busca, não havia diferenciação entre pessoas de posses e indivíduos pobres e sem renda. Na caça ao lucro, por vezes famílias perdiam todos os seus bens, por não terem outra opção senão a de entregar tudo o que tinham aos colonizadores.

Toda essa situação foi irritando a população de um modo geral e, em especial, fazendeiros e donos de posses, que tinham como desejo também fazer parte da política do país e não apenas fornecer tributos ou pagar impostos cada vez mais abusivos por parte de Portugal, como estava acontecendo até então.

Diante desta situação, a elite intelectual mineira, ricos mineradores e apenas um representante dos pobres se juntaram em uma conjuração contra as políticas portuguesas, arquitetando uma revolta contra o governo, inspirados pelo Iluminismo americano e a independência dos Estados Unidos. O grupo representava a insatisfação do povo mineiro e buscava justiça com os cidadãos de todas as classes que se formaram na colônia até então.

Membros da Inconfidência Mineira e seus planos

Alguns dos inconfidentes eram: Cláudio Manoel da Costa, que era poeta, Carlos Correia de Toledo e Tomas Antônio Gonzaga, ambos padres, e o Coronel Joaquim Silvério dos Reis. Um dos poucos representantes populares era Joaquim José da Silva Xavier, o líder conhecido como Tiradentes.

Insatisfeitos com a forma com que a Coroa vinha agindo contra o povo mineiro, esses e mais alguns representantes começaram a compor seu plano que seria executado em 1789, no mês em que a derrama fosse feita. Os planos não eram tão bem definidos, eles não tinham a intenção de libertação de escravos, a ideia central era libertar Minas Gerais e implantar uma gestão republicana brasileira.
Para dar força ao movimento uma bandeira, conhecida até hoje foi criada, nela havia um triângulo vermelho em um fundo todo branco com os dizeres em latim: “Libertas Quae Sera Tamen”, que significavam: “Liberdade ainda que tardia”.

A Inconfidência Mineira na prática

Os inconfidentes que desejavam a proclamação da Independência de Minas Gerais tinham reuniões que se tornavam cada vez mais intensas com a aproximação da Derrama. As discussões giravam em torno de como eles iriam colocar o plano em prática. Porém, dentre eles havia um relator e um inquérito foi aberto contra uma possível revolta regional. As autoridades lusitanas suspenderam então a cobrança. José Silvério dos Reis foi o traidor e, após confirmarem a intenção de traição e revolta popular, os portugueses puniram o grupo, fazendo assim com que o maior movimento popular da época não chegasse ao desfecho desejado por seus idealizadores.

As punições deveriam ser exemplares, para que não houvessem repetições de atos contra o governo, mas os mais ricos e poderosos sofreram penas como a prisão ou exílio em outro país. O único que punido severamente foi Tiradentes. Por não ter nenhuma influência poderosa, ele foi enforcado em praça pública e esquartejado. O mais humilde foi considerado o responsável oficial de toda a trama e se tornou o mártir que representa até hoje a história da inconfidência mineira na História Geral do Brasil.

O movimento ganhou fama, mas nunca foi, de fato, algo bem articulado e preciso. Foi um símbolo de resistência e força para Minas Gerais, assim como outros movimentos em outros estados para seu povo, como por exemplo, a Guerra dos Farrapos para os Gaúchos.