Política de Salvação de Hermes da Fonseca

História do Brasil,

Política de Salvação de Hermes da Fonseca

O Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca foi o oitavo presidente da República Federativa do Brasil, ocupando o cargo entre 1910 e 1914.

Hermes da Fonseca é produto de uma tradição militar. Sobrinho de ninguém menos que o Marechal Deodoro da Fonseca, responsável pela proclamação da República, no final do século XIX, cursou a Escola Militar do Brasil, tendo sido aluno de Benjamin Constant, responsável por iniciá-lo no positivismo, uma corrente filosófica que parte da crença de que o único conhecimento verdadeiro é aquele que pode ser comprovado por método científico.

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Por ocasião da proclamação da República, Hermes da fonseca se tornou capitão do Exército. Teve o papel de articulador político junto aos militares para angariar apoio à mudança do regime monárquico para o republicano.

Tornou-se marechal em novembro de 1906 e, logo em seguida, foi designado pelo presidente Afonso Pena para o Ministério da Guerra. Parte da política do governo Afonso Pena foi a modernização das Forças Armadas, projeto comandado por Hermes da Fonseca, o que o levou a se tornar o candidato natural dos militares à sucessão presidencial.

Acabou por enfrentar Rui Barbosa e foi eleito presidente, assumindo o governo no dia 15 de novembro de 1910. Com Hermes da Fonseca, o Brasil, depois de dezenove anos, voltava a ser governado por um militar. Antes, fora governado por seu tio, Deodoro da Fonseca.

O cenário

Curiosamente, Hermes da Fonseca, além de militar, quebrava a rotina por uma outra razão. Era a época da política do Café com Leite, que teve como principal artífice o presidente Campos Salles, sucessor de Prudente de Moraes, que conseguiu estabilizar um país cheio de conflitos através de uma política que conciliava o interesse das duas províncias mais populosas da federação, Minas e São Paulo, maiores produtoras de café, produto com alto valor comercial, e as oligarquias locais.

Antes de Campos Salles, o Brasil foi palco da revolta de Canudos, um movimento genuinamente popular, que teve lugar na Bahia e acabou esmagado pelo governo republicano. No Rio Grande do Sul, estourou, no final do século XIX, a Revolução Federalista, consequência de um conflito entre oligarquias locais.

O Brasil daquele período era um país governado pelos interesses das oligarquias, tendo uma economia baseada na agropecuária. Ao contrário das nações do Hemisfério Norte, havia no país forte resistência à mudança da base de sustentação econômica do campo para a indústria.

Por outro lado, essas oligarquias viviam em conflito, em muitos casos, por conta da resistência á maior centralização do poder. Campos Salles conseguiu instituir um equilíbrio entre essa elite econômica. A partir da política do café com leite, São Paulo e Minas Gerais assumiam a prerrogativa de escolher os presidentes da República, que ora eram paulistas, ora eram mineiros.

O apoio das demais oligarquias foi obtido a partir de um acordo de não interferência do governo central nas questões locais. Com isso, a política do café com leite ganhou apoio da maior parte das oligarquias locais, fazendo com que São Paulo e Minas controlassem a política global.

A política de Salvação de Hermes da Fonseca

Apesar de gaúcho e militar, Hermes da Fonseca era alinhado e foi apoiado por essa política. De tal modo, que decidiu aprofundá-la, criando a política de salvação.

A razão alegada era a necessidade de investir na integridade da República, combater a corrupção e o descontrole, mas o objetivo era remover a oposição política, de modo que Hermes da Fonseca investiu contra as oligarquias locais que não eram simpáticas ao poder central.

Antes disso, já mostrara seu estilo de governar por ocasião da famosa “Revolta da Chibata”, quando João Cândido liderou militares contra as péssimas condições de trabalho oferecidas pela Mariha. Depois de fazer um acordo para a rendição dos revoltosos, não cumpriu as condições do mesmo e desencadeou violenta repressão contra os participantes do movimento.

A ideia da política de salvação era retirar, por meio da força militar, o grupos oligárquicos opositores, instituindo interventores federais no comando das províncias. Os alvos foram Bahia, Pernambuco, Alagoas, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Sul. O projeto foi bem sucedido nos três primeiros, mas fracassou no Rio Grande do Sul, no Piauí e na Paraíba.

A política de salvação provocou distúrbios e estado de sítio constante. Foram muitos os conflitos ocorridos em todo o território nacional, que ganharam a desvalorização do café como fator aliado na construção de um período de instabilidade, agravado por revoltas sociais, como a Guerra do Contestado, ocorrida no sul do país, entre Santa Catarina e Paraná, provocada por camponeses expulsos dos arredores de Curitiba por conta da expansão da linha férrea.

Apesar do grande trabalho realizado como ministro da guerra, Hermes da Fonseca não foi capaz de marcar seu nome na história como presidente da república. Ao contrário, seu governo se notabilizou mais pela perseguição a inimigos políticos, envolver as forças federais em conflitos e pela perseguição ao movimento sindical, que ganhava força no país, principalmente através da deportação de sindicalistas de origem estrangeira.

O Marechal Hermes da Fonseca concluiu seu mandato em 15 de novembro de 1914, tendo dado lugar a Venceslau Brás.