Reformas de Base
Uma parte fundamental da história do Brasil, as reformas de base marcaram um grande avanço da nossa sociedade através de um investimento público em setores da economia que mais necessitavam de melhoras para proporcionar uma maior qualidade de vida para os brasileiros como um todo. De maneira geral, podemos dizer que as reformas de base tiveram suas raízes fundamentadas nos pensamentos socialistas e comunistas, embora tenham sido adotadas de maneira mais contida para proporcionar as mudanças necessárias. mesmo sem mudar a política econômica do País.
De maneira geral, podemos afirmar que as reformas de base contribuíram imensamente para o avanço social do Brasil, embora tenham sido, também, a grande justificativa dos militares para terem dado o golpe de 1964, que afastou o presidente responsável por implantar tais reformas.
A ideologia por trás das reformas de base
Para entender a ideia das reformas de base, é preciso primeiro entender o contexto da pirâmide social. Nela, as classes mais populares ficam na parte de baixo e, conforme vamos subindo, vamos chegando às classes mais abastadas que, por consequência, são as classes que comandam a sociedade.
Ou seja, dentro de uma pirâmide social, aqueles que comandam são aqueles capazes de promover mudanças, mas essas mudanças são normalmente impostas de maneira vertical, sendo que os mais ricos impõem mudanças aos mais pobres. E essas mudanças nem sempre são as mais recomendadas, considerando que apenas quem conhece a realidade da pobreza ou das pessoas que estão na base da pirâmide social é que são capazes de entender suas verdadeiras necessidades.
Pois bem, dentro desse contexto, a ideia é que as mudanças aconteçam não de cima para baixo, mas de baixo para cima, estimulando que, primeiro, a base tenha maior acesso à cultura, ao poder de compra e à capacidade de tomar decisões de maneira independente. Com isso, é mais fácil de se progredir com a sociedade como um todo.
As reformas de base na sociedade brasileira
Não é preciso ser um grande especialista em política e antropologia para entender que a sociedade brasileira é formada quase que em sua totalidade por pessoas mais simples e humildes. Desde o governo de Juscelino Kubitscheck, haviam discussões sobre possíveis mudanças nas estruturas políticas, sociais e econômicas de nossa sociedade. Assim, foram apresentadas mais do que uma vez propostas políticas que tinham o interesse de diminuir as desigualdades sociais, dando subsídios para que os mais humildes tivessem acesso à educação, saúde e trabalho de qualidade.
A princípio, esses debates ganharam certa força no governo de Juscelino Kubitscheck, embora tenham se perdido durante o governo do próximo presidente, Jânio Quadros, que ocupou o cargo máximo em nosso país entre 1958 e 1961, quando renunciou ao cargo. Neste mesmo ano, João Goulart assumiu a presidência do Brasil, colocando o assunto das reformas de base dentro do contexto novamente. O assunto foi ganhando proporções maiores, até que se tornou tão importante a ponto de as reformas de base se transformaram na nova bandeira do governo do então eleito novo presidente.
O que queriam as reformas de base?
Basicamente, as reformas de base mexeriam com a estrutura política, econômica e social do País. Para isso, existiam várias iniciativas que seriam tomadas e que estavam dentro do pacote de reformas sugeridas para o País. As principais delas se concentravam nas leis bancárias, urbanas, administrativas, fiscais, agrárias e universitárias. Também haviam muitas alterações nas leis dos votos, que passariam a ser permitidos para analfabetos e militares de posições subalternas.
As reformas sugeridas para o Brasil tinham um caráter totalmente progressista, o que foi considerado uma afronta para as camadas mais conservadoras do País. Se, de um lado, haviam movimentos de pressão para que as reformas de base fossem implantadas, por outro, haviam aqueles que não desejavam tais mudanças. De um lado, estava a classe média e os empresários nacionalistas. Do outro, os militares e a classe alta.
Apesar do grande número de propostas, poucas efetivamente foram para frente. Na lista, temos o Estatuto do Trabalhador Rural, que deu direitos aos trabalhadores do campo e provocou a ira dos latifundiários, e outra lei que reduziu os lucros das empresas estrangeiras, tais leis foram importantes para as bases da sociedade, mas trouxeram grandes problemas no contexto histórico.
Reformas de base e o Golpe Militar
Dada a crescente insatisfação das classes conservadoras do País, movimentos de descontentamento passaram a se tornar mais fortes e efetivos, o que contribuiu para um estado de instabilidade no País. Sob a justificativa de que João Goulart queria dar um golpe comunista no País, os militares ganharam muito mais força, até que, em 31 de março de 1964, eles finalmente conseguiram derrubar João Goulart, implantando a ditadura militar no País. Período esse que duraria mais de 20 anos, trazendo alguns dos momentos mais negros de nossa história.