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Escrita chinesa: A escrita e divisão dos caracteres

Basta dar uma olhada em qualquer material que esteja escrito em chinês para que a gente se pergunte imediatamente como é que os chineses podem compreender esse alfabeto que mais parece um amontoado de pequenos desenhos.

Mas como tudo aquilo que desconhecemos, basta compreender quais são os processos e os pressupostos envolvidos na organização desse tipo de escrita para que fiquem claro que o chinês não é uma língua de outro mundo.

Também conhecidos pela alcunha de “Han” ou “sinogramas”, os caracteres usados no alfabeto chinês são o que os estudiosos da área de Letras chamam de “logogramas”, isto é, são símbolos gráficos que apresentam um conceito a respeito do universo em que estão inseridos. Os logogramas podem ser basicamente divididos em “ideogramas”, que são aqueles que apresentam um conceito por meio desse símbolo gráfico, e “pictogramas”, aqueles que, por sua vez, usam uma imagem literal para atingir o seu sentido. Existem ainda outras divisões mais específicas que caracterizam as especificidades próprias do alfabeto chinês. Diferente do alfabeto latino, como o nosso, por exemplo, em que as letras são símbolos que nos remetem a sons e fonemas, os logogramas podem ser entendidos como uma espécie de conjunto de letras-desenho ou letras-sinal, que fazem com o que leitor, ao se deparar com elas, acesse um repertório de sentidos que se extrai de seu próprio inconsciente.

A China é um pais de vasto território, dentro do qual diversos dialetos são falados. Esses dialetos apresentam sons e conceitos diferentes, mas mantém, entre si, a únidade tácita a respeito dos sinogramas. O que não quer dizer, por sua vez, que eles sejam os mesmos signos para todos a população chinesa, tampouco que seus significados sejam partilhados por todos. Tal qual acontece com nosso alfabeto, que pode ser utilizado tanto para escrever em Português ou em Inglês, os sinogramas extrapolam os limites territoriais da China e são usados em outros países da Ásia, como a Coréia do Sul e o Vietnã.

Divisão dos caracteres

Os sinogramas podem ser divididos em algumas categorias, sendo que cada uma delas diz respeito às especificidades de caracterização relativa ao modo como o sinograma é interpretado. Os pictogramas, por exemplo, como mencionada acima, são aqueles sinogramas que basicamente apresentam uma imagem estilizada dos objetos que representam, isto é, o seu desenho funciona como se fosse um signo, como se apresentasse uma estilização da imagem do seu significado.

Já os ideogramas apresentam uma ideia, uma ideologia, que se expressa por meio da combinação de figura, muitas vezes do empréstimo do traço de um pictograma para outro. Quando combinam-se dois ou mais pictogramas, ou dois ou mais ideogramas, ou ainda um ideograma e um pictograma no intuito de transmitir uma ideia, temos ai os chamados “ideogramas compostos”.

Os emprétismos fonéticos, por sua vez, indicam quando ocorre uma homofonia, isto é, uma ocorrência de mesmo som para sinogramas diferentes. Na mesma seara de classificações decorrentes do som, os chamados caracteres semântico-fonéticos são aqueles que se constituem sempre por, no mínimo, dois elementos: o primeiro que indica a pronúncia, e o segundo que apresenta o caráter semêntico impregnado naqueles traços.

Para que o seu funcionamento seja adequado e possa, de alguma forma, responder a um mesmo ordenamento, os sinogramas são sempre escritos dentro de um quadrado imaginário, mesmo que haja uma diferença grande entre o número de traços de uns e de outros. Eles também deve obedecer uma direção específica em sua grafia – não por acaso, um traço escrito na direção incorreta é tomado por um erro ortográfico na língua.

A escrita caligráfica

Essa multiplicidade de possibilidades que envolvem a escrita chinesa acabam por impactar também a caligrafia. Não é por acaso: se a impressão pode facilmente ser reproduzida, na hora de escrever com a mão, processo que envolve uma serie de variáveis humanas, a lógica imbuída deve obedecer também a alguns reguladores. No traçado dos sinogramas, portanto, é possível destacar cinco estilos, cinco maneiras de se escrever. São elas: o estilo do selo, o estilo das escribas, o estilo regular, o estilo comum e o estilo da erva.

O estilo do selo consiste, basicamente, numa escrita predominada por linhas finas e agudas, que obedecem a uma forma bastante livre das normas e das pautas que permeiam os outros modos de escrita. Esse estilo é, sem dúvida, o jeito mais antigo de se escrever os sinogramas.

Seguido ao estilo do selo, assistamos a uma formalização histórica do mesmo que, ganhando ares de padronização decorrente da burocracia imperial, passa a obedecer uma clareza maior dos traços onde não se distingue mais o seu início e o seu fim. Esse estilo é o chamado estilo das escribas: esses eram os funcionários públicos que dominavam a arte da escrita e por isso eram os responsáveis por redigir as normas, as leis, etc…

O estilo regular, por sua vez, surge da necessidade de centralizar a escrita em um modelo amplo e, com ele, o poder de registrar. Sua grafia é mais simples e sóbria, e em hipótese nenhuma extrapola o quadrado imaginário que circunda todos os sinogramas.

Tanto o estilo comum quanto o chamado estilo de erva são mais utilizados na caligrafia do cotidiano, isto é, aquela que será certamente apagada. Isso porque seus traços são mais displicentes e aparentemente não se preocupam com uma organização formal tão precisa.

This post was last modified on 2 de maio de 2015 10:05

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