Oficinas medievais

História,

Oficinas medievais

Quando falamos de história, temos um vasto repertório para dialogar. Isso acontece porque o mundo passou por diversos regimes, guerras e até mesmo fatos marcantes até chegar ao ponto que conhecemos hoje. A Idade Média e as Oficinas Medievais são dois importantes momentos na construção social e, por isso, merecem atenção especial na hora de falarmos sobre o assunto.

Durante toda a Alta Idade Média, os feudos e os senhores feudais eram o desenho de sociedade que existia. Sendo que o último tinha o papel parecido ao de um governante, por isso mesmo as atividades artesanais da época ficam diretamente relacionadas às necessidades que um senhor feudal possuía.

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As Oficinas Medievais e os feudos

Antes de entrarmos mais no assunto, é preciso ter em mente que as propriedades feudais ou o feudo nada mais são do que uma terra, dividida entre diversos vassalos, que moravam e trabalhavam ali, e em troca disso davam seus serviços ao Senhor Feudal ou o dono da terra.

Dentro desses feudos era possível encontrar tudo o que era necessário para a sobrevivência do senhor feudal e também de seus vassalos, que costumavam pagar muito caro por suas necessidades básicas. Dentro dessas configurações estavam também as Oficinas Medievais, que nada mais eram que um vassalo do senhor Feudal, mas nesse caso um artesão, que ficava instalado na terra e em troca de recursos e proteção, oferecendo seus serviços como um meio de “pagamento”.

Por esse motivo era muito comum que esse artesão não trabalhasse apenas em seu ofício e também na terra do senhor feudal, plantando para ele e também para sua própria sobrevivência, isso porque o regime feudal se baseava no ato de trabalhar na terra para ter direito a plantar nela.

Mas com a evolução cultural, social e também urbana, esse regime foi se modificando e nos séculos XI e XII o modo como as “cidades” eram vistas começou a se parecer mais com o que conhecemos hoje, isso aconteceu devido a uma migração populacional para as regiões, fato que começou a acontecer primeiro na Europa.

Com essa mudança, os artesãos se viram na obrigação de voltar apenas a seus ofícios de origem, isso porque a quantidade de pessoas que agora necessitava de seus serviços era maior. Com essas mudanças eles também perceberam que era hora de sair da propriedade feudal e migrar para um ambiente mais urbano, onde os seus consumidores estavam agora. Nesse ambiente também era possível que os artesãos tivessem uma autonomia maior e pudessem trabalhar apenas com seu ofício, além de não ter que entregar uma parte de suas retiradas aos senhores feudais.

Com todas essas mudanças, essa forma de trabalho começou a mudar e também a se organizar de forma mais complexa e ordenada, e aqui surgiram as primeiras Oficinas como conhecemos hoje. Mesmo que o termo Oficinas Medievais tenha sido usado já na época do feudo, foi só nessa época que esses espaços tomaram a dimensão de uma oficina de verdade, similar aos armazéns, por exemplo.

O trabalho dentro das Oficinas Medievais

Com toda essa mudança de cenário e também com a transformação social, os artesãos começaram a se organizar e se afastar cada vez mais do modo de trabalho que tinham dentro das propriedades dos senhores feudais. Assim, a economia desses artesãos e também dos primeiros traçados de um “conglomerado urbano” começou a ter o que chamamos de economia monetária, ou seja, recebia-se uma espécie de pagamento pelo tempo trabalhado dentro dessas oficinas, mesmo que elas não fossem suas.

Para isso, o mestre-artesão (dono da oficina) disponibilizava a matéria-prima e também as ferramentas necessárias para que todos os funcionários pudessem trabalhar. Esse mestre contava com contatos comerciais que possibilitavam que ele conseguisse vender a sua produção. Vale lembrar que essas ferramentas eram conseguidas também por meio de seus contatos e as matérias-primas compradas por preços bem mais baixos do que eram vendidas.

Por ser o dono dessas oficinas medievais, esses mestres-artesãos recebiam a maior parte dos lucros que recebiam com o negócio e ainda desempenhavam as funções de artesãos para também trabalharem em seus ofícios.

Dentro dessas oficinas ainda existiam os oficiais jornaleiros, que também eram conhecidos por companheiros e realizavam os trabalhos como funcionários (mas nessa época ainda não existia essa definição). Era comum que esses oficiais jornaleiros tivessem algum grau de parentesco com os mestres-artesão e, por isso, eram os responsáveis por realizar a maior parte do trabalho de uma oficina.

Por último vinham os aprendizes, que eram normalmente jovens e que aprendiam as técnicas de produção em troca de moradia, vestuário e alimentação. Ao aprender o ofício, esses jovens esperam ascender socialmente e conseguir se tornar artesãos e mestres.

Mesmo sendo uma forma de comércio, essas oficinas medievais nada se parecem com o ambiente fabril que só apareceu na Revolução Industrial, mas são, com certeza, o primeiro passo para a configuração social como a conhecemos hoje.