Pré-História Americana: Período Paleolítico
Nos últimos anos, houve muito avanço nos estudos sobre o Período Paleolítico Americano. Métodos modernos de datação chegam a datas cada vez mais antigas, aproximando as pesquisas no nosso continente às da Europa. Na América, esse período é caracterizado pela etapa de evolução cultural pela qual passaram caçadores, pescadores e coletores. Nas pesquisas, ele é dividido em dois períodos: Paleolítico Superior e Paleolítico Inferior.
Mesmo tendo métodos mais eficientes, os especialistas ainda não entram em consenso a respeito da data exata do início dessa era. Sabe-se que o processo de ocupação da América aconteceu a milhares de anos atrás. Uma parte dos cientistas acredita que os primeiros homens chegaram na região cerca de 60 mil anos atrás, e outros acreditam que ela tenha sido há 12 mil anos. A disparidade de opiniões se deve aos diferentes vestígios obtidos. Por isso, a exatidão é praticamente impossível.
A tese que ganha mais adeptos é de que foi no Paleolítico Inferior que a história das primeiras povoações humanas teve início. Por volta de 17 mil anos atrás, quando o Paleolítico Superior estava prestes a iniciar, os homens passaram a caçar cada vez mais.
É interessante notar que o Período Paleolítico Americano é o mesmo na América e em outros continentes. É a chamada Idade da Pedra Lascada, porque os humanos utilizavam pedras mais quebradas. Nesse período, as sociedades eram nômades e coletivistas. Com o passar dos séculos, houve uma revolução agrária que deu origem ao Neolítico, ou a Idade da Pedra Polida.
Modo de vida no Período Paleolítico
Muito conhecimento foi obtido através da descoberta de facas, pontas de flecha, lanças e outros instrumentos da pré-história. Os instrumentos eram utilizados no abatimento e corte de carne de animais. Feitos de pedra talhada, costumavam possuir uma ou duas faces. Os homens também faziam peças com ossos de mastodontes, mamutes, camelídeos e bisões.
A prática da caça fez com que os agrupamentos humanos tivessem mais alimentos. A caça, além de enriquecer seu cardápio com a carne, rendia peles que podiam ser usadas como roupas. A prática da pesca e da obtenção de frutos do mar também era fundamental para a alimentação.
Os habitantes da Argentina que viviam há cerca de 11.500 anos atrás deixaram rastros essenciais para as pesquisas. Na região existem pinturas rupestres, pontas de armas e restos de fogueira. Outra evidência comum na América do Sul são os sambaquis, montes de moluscos, esqueletos e ossos humanos pré-históricos. Eles existem na Patagônia e no litoral brasileiro.
Uma das regiões ricas em vestígios da pré-história americana é o Monte Verde, localizado no Chile. Lá há um sítio arqueológico que contém ferramentas, pegadas humanas, restos de madeira e plantas medicinais. Devido ao fato do Monte formar muitas turfas, um material orgânico fossilizado que preserva os vestígios, existem muitos resquícios para serem estudados. Esses fósseis têm entre 13.500 e 11.800 anos de idade, segundo alguns estudos.
Povoamento na pré-história americana
O Período Glacial afetou o planeta inteiro, mas a América, especialmente a América do Norte, teve as maiores camadas de gelo sobre a terra. Evidentemente, isso teve consequências diretas no ritmo do povoamento no continente. Ele se deu durante intervalos de tempo, de modo que as populações foram crescendo gradativamente.
Existem duas fortes teorias sobre a ocupação do continente Americana. A primeira se refere ao Estreito de Bering, segundo a qual populações asiáticas vieram ao continente americano devido à proximidade geográfica. A segunda, da brasileira Niède Guidon, afirma que a chegada dos habitantes se deu muito antes da primeira teoria. Essa hipótese se sustenta com os achados de fósseis em São Raimundo Nonato, no Piauí.
Na academia, até o momento a teoria mais aceita é a de que os seres humanos entraram na América pelo Estreito de Bering. Segundo ela, os homens foram descendo aos poucos para o sul do continente. Especialistas apontam para três estradas de gelo que existem no nordeste da Ásia e que levam ao Estreito de Bering. Eles afirmam que no período Proto-paleolítico provavelmente havia uma grande ponte de gelo que unia a região asiática à planície do rio Yukon, no Alaska.
Esse caminho certamente foi tomado por humanos e animais que rumaram para o território americano. Grande parte dos animais que ocupavam o continente tem provável origem asiática. Na América do Norte misturavam-se seres asiáticos com sul-americanos. Entre os provenientes da Ásia havia bisões, castores, mamutes, elefantes, alces, renas e muitos felinos. Porém, a maior parte da fauna na região desapareceu entre 8.000 e 6.000 a.C.
A segunda teoria se baseia em sítios arqueológicos que possuem artefatos de até 58 mil anos atrás. Pesquisadores ainda não a consideram suficientemente forte para derrubar a primeira teoria. Segundo eles, o que a equipe de Niède toma como artefatos, são, na verdade, geofatos. Isto é, esses vestígios não foram feitos por homens, mas pela natureza. Embora a hipótese da brasileira divida as opiniões dos acadêmicos, cada vez mais se acumulam fósseis que a endossam.
Já são mais de 1,3 mil vestígios encontrados em sítios arqueológicos, além de centenas de fósseis na caatinga. Em 2006, um estudo feito por Eric Boeda, da Université de Paris, e Emílio Fogaça, da Universidade Católica de Goiás, demonstrou que os achados de Niède em 1978, na cidade de São Raimundo Nonato, foram realmente deixados por homens.