A literatura e o Registro da Aventura Humana
A literatura e o Registro da Aventura Humana
A História relata que a escravidão no Brasil teve início ainda na primeira metade do século XVI e se estendeu até o ano de 1888, quando a Lei Áurea pôs fim ao vergonhoso período da história do país.
A História dá conta de que os escravos negros eram trazidos da África em navios negreiros, onde muitos morriam de epidemias antes de chegar ao continente americano. Chegando à colônia portuguesa, eram submetidos a condições de trabalho draconianas, trabalhando de sol a sol, dormindo em senzalas e se alimentando precariamente. O índice de mortandade era altíssimo.
Tudo isso são fatos históricos, por si só, estarrecedores para um homem do século XXI. Não obstante, há poucos registros sobre a escravidão que se comparem à obra poética do baiano Antônio Frederico de Castro Alves, nascido em 1847.
Castro Alves é um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos e ficou conhecido em sua época como poeta dos escravos. A poesia tem o poder de dramatizar, interpretar e enriquecer a experiência humana e o registro histórico. À experiência literária de Castro Alves, acrescente-se o registro literário daquele período em obras como “Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães.
Dante Alighieri, na “Divina Comédia”, retratou, no início do século XIV, a moral daquele período, presente, também, na obra filosófica de São Tomás de Aquino. Poucos retrataram de forma tão genial as relações sociais e a essência humana como William Shakespeare, considerado autor atual em todas as épocas.
Pode-se dizer que a literatura confere vida à História, é o mais fiel retrato da aventura humana. É a literatura que nos transporta para dentro do enredo histórico, como Milan Kundera, em “A insustentável leveza do ser” transporta o leitor para o Leste Europeu da Guerra Fria. A história é o pano de fundo em meio ao qual os personagens vivem seus dramas pessoais, sempre relacionados aos desafios e conjuntura próprios de cada época e lugar.