Escritores do Romantismo: O Romantismo no Brasil

Literatura,

Escritores do Romantismo: O Romantismo no Brasil

Há dois fatos fundamentais a que se deve relacionar o aparecimento do Romantismo entre nós. O primeiro é a vinda da família real para o Brasil, no ano de 1808, e o segundo a Independência, proclamada em 1822. O primeiro acontecimento deu origem às casas impressoras, o que contribui para a divulgação dos autores românticos, em versos e folhetins, além de despertar o sentimento nacionalista-patriótico na colônia. A Independência, com seu sentido de louvação da pátria, com o clima ufanista que permitiu, em muito contribuiu também para que entre nós se instalasse o espírito romântico.

A fundação das primeiras universidades do Brasil, propiciou o aparecimento de dezenas de jovens ligados às artes em geral, sobretudo à literatura. Não é à toa que de tais universidades surgiram grandes escritores românticos, como Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Casimiro de Abreu, Castro Alves e Álvares de Azevedo.

O Romantismo no Brasil

No ano de 1836, dois lançamentos introduziram a literatura romântica no Brasil, a Niterói – revista brasiliense (Ciências, Letras e Artes), que tinha como epígrafe a expressão nacionalista ‘Tudo pelo Brasil e para o Brasil’, foi dada à luz em Paris por um gripo de jovens constituído por Domingos José Gonçalves de Magalhães, Manuel de Araújo Porto Alegre, Francisco de Sales Torres Homem, João Manuel Pereira da Silva, Cândido de Azeredo Coutinho e o livro de poemas Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães.

O livro de Gonçalves de Magalhães não tem nada de original ou genuinamente romântico. O próprio autor o reconhece, mas traz um prefácio importante para a compreensão do que Magalhães vira na Europa.

O Romantismo brasileiro possui características típicas bem peculiares. Estávamos afinal, ganhando status de nação. A força desse acontecimento fez brotar uma escola literária que em tudo se distingue das demais. Os anseios do povo passam a ser os mesmos, ou coincidem, com os anseios dos poetas e romancistas. Não há apenas uma escola literária, mas um sentimento coletivo de grande emoção, expressando em uníssono sua pretensão de liberdade, de elevação da pátria e de seus heróis, de mudanças políticas e sociais, de nacionalidade.

Mobilizaram-se os esforços para obter diversão, entretenimento, compreensão do mundo, valorização das coisas e também do povo brasileiro. Paixões ganham sentido, gritos libertários ousam objetivos e o Romantismo encaixou-se perfeitamente ao momento histórico que o Brasil vivia. Ganharam força os seguintes aspectos:

1. Idealização do índio

2. Nativismo

3. Religiosidade

4. Nacionalismo, aintilusitanismo

5. Individualismo, egocentrismo, egolatria

6. Saudosismo, escapismo

7. Satanismo

8. Retomada de temas bucólicos

9. Os temas sociais

10. Os temas épicos de Gonçalves Dias

As gerações românticas

A primeira geração é chamada de indianista, nacionalista e dela participam Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. Os temas desenvolvidos são:

1. Índio como herói

2. Supervalorização na natureza (exoticidade, nativismo)

3. Patriotismo (daí o antilusitanismo)

4. Religiosidade

5. Lirismo (enfoque platônico, mulher idealizada)

A segunda geração é extremamente influenciada por Byron e Mussett, chamada de ultrarromantismo, byroniana. Participam desta geração Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu. Seus integrantes sofrem do mal do século, que é a tuberculose e de spleen, que é a melancolia. Há o egocentrismo exagerado e seus temas são:

1. Morte

2. Satanismo

3. Poesia cemiterial, noturna

4. Solidão

5. Saudosismo, escapismo

6. Tédio

7. Erotismo, sensualismo

8. Temas que trazem de volta o campo como escapismo

A terceira geração é chamada de condoreira ou hugoana, mas é mais conhecida como fase da poesia social entre nós. Seu representante mais ilustre é o poeta baiano Castro Alves, além dele, Tobias Barreto. Suas características mais importantes são:

1. Os temas sociais (defesa da República e do negro)

2. Tom declamatório e grandiloquente (poesia de comício)

3. Uso de exclamações, metáforas, apóstrofes e hipérbatos

4. Natureza como expressão da grandiosidade do mundo

Já a prosa romântica não foi dividida propriamente em fases. São quatro vertentes distintas entre si que aparecem nos romances:

1. Romance Social ou urbano

O ambiente retratado é o Rio de Janeiro, a corte, os costumes sociais da burguesia da época, seus hábitos, preferências políticas, costumes elegantes, modismos e, sobretudo, amores. A Senhora, de José de Alencar e A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo são bons exemplos dessa vertente.

2. Romance Histórico

O núcleo a ser desenvolvido no romance é um fato histórico, mas no entanto, o romancista não tem a rigor, compromissos com a verdade histórica e a desenvolverá utilizando-se das situações que comporá. O núcleo, no entanto, é verdadeiro e foi expandido pela imaginação do escritor.

3. Romance Indianista

Este tipo de romance foi exclusivamente desenvolvido por José de Alencar. A trilogia do autor é composta por: O guarani, Iracema e Ubirajara. Neles, o índio ganha destaque na posição de herói, o mito do bom selvagem de Rousseau também é utilizado. O índio aparece em substituição ao herói medieval do romance histórico europeu.

4. Romance Regionalista

São romances de trânsito para o Realismo. Neles, desloca-se o centro das ações e as regiões mais longínquas do Brasil são mostradas. Suas personagens habitam lugares distantes, longe da corrupção das grandes cidades.