Estilos Literários: Modernismo

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Estilos Literários: Modernismo

No início do século XX surgiu um dos grandes movimentos dos últimos séculos, rico em obras e estilos literários: modernismo. Os modernistas julgavam que a arte estava presa a conceitos e formulações antiquadas, e, por causa disso, era preciso romper com o tradicionalismo. Até então as correntes que ainda dominavam o cenário artístico eram o parnasianismo, o simbolismo e toda arte vinculada à academia.

Estilos Literários: Modernismo

Foi um período em que os artistas passaram a experimentar mais nas suas criações, exaltando a libertação estética. Uma das características do movimento é a busca por padrões e bases originais que possam guiar a arte nacional. A luta pela independência cultural se dá em diversas frentes, fato que marcou profundamente as gerações de artistas posteriores.

A Semana de Arte Moderna, realizada na cidade de São Paulo, em 1922, foi o ponto de partida para o movimento, e hoje é o símbolo máximo dessa escola. O encontro de artistas aconteceu justamente na data de comemoração do Centenário da Independência, fato calculado emblematicamente para estabelecer o novo gênero artístico que surgia.

Mas, assim como aconteceu em outros países em que o modernismo floresceu, as raízes do movimento já estavam presentes desde os primórdios do século XX. O artista Lasar Segall, por exemplo, já apresentava as características modernistas em 1913, através de suas pinturas. Outra artista de grande importância, e que já demonstrava traços do movimento antes de 1922, foi Anita Malfatti, que iniciou uma renovação artística após chegar da Europa. Através de exposições, ela influenciava diversos pintores com a estética seus quadros.

Na literatura também vemos grandes artistas esboçando, muito antes da Semana da Arte Moderna, o que viria a ser um padrão do modernismo. Entre os exemplos estão Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Monteiro Lobato, Euclides da Cunha e Graça Aranha.

Estilos literários: Modernismo – Os primórdios

A novela Canaã, de Graça Aranha, junto com o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, ambos publicados em 1902, marcam o inicio do chamado Pré-Modernismo (1902-1922). Para os críticos, foi um período de transição entre o tradicionalismo e o novo movimento. Correntes anteriores, como parnasianismo, simbolismo, realismo e naturalismo, ainda estavam muito presentes nas obras desses escritores.

Monteiro Lobato, a partir de 1910, começa a apresentar ao público o “Sítio do Pica-Pau Amarelo” e outro personagem que o consagrou: Jeca Tatu. Em 1911, Lima Barreto publica “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, um romance que aborda o nacionalismo ufanista. Nesses autores já podemos ver a importância que davam ao caráter nacional e a busca por uma estética que se relaciona mais organicamente com a realidade.

Mas, ainda que um dos esforços do modernismo seja a busca por uma libertação cultural, foi na Europa que os artistas se inspiraram para criar seu movimento. No início do século XX o continente foi bombardeado por vanguardas estéticas, que procuravam lançar as bases para uma arte do futuro. E foi justamente a corrente Futurista que encantou Oswald de Andrade, quando este visitou o continente europeu em 1912.

O modernismo no Brasil é fortemente amparado nesses dois aspectos quase antagônicos e contraditórios. Por um lado, os artistas, inspirando-se nas mais novas correntes estéticas do Ocidente, resolvem romper os paradigmas estéticos nacionais. Por outro, desejam criar uma arte livre de influências externas, que possua um caráter brasileiro e genuíno.

Estilos literários: Modernismo – As 3 fases

O modernismo brasileiro possui três fases características:

• A primeira fase, ocorrida entre 1922 e 1930, é marcada pela rejeição completa de tudo o que era criado até então. Não havia ainda um conceito definido sobre o que seria o modernismo. Os artistas se limitavam a criticar as correntes anteriores, consideradas muito tradicionais para o momento. Nas obras predominavam a polêmica, a originalidade e o deboche. Mário de Andrade definiu, na época, o modernismo como a rejeição pura e simples da estética anterior. Segundo ele, os modernistas não sabiam exatamente o que queriam, apenas o que não queriam. Além dele, outros escritores marcaram essa fase, como Oswald de Andrade, Alcântara Machado e Graça Aranha.

• A segunda fase começa em 1930 e é marcada por uma literatura mais densa e estruturada, sem os excessos característicos da fase anterior. Ao contrário, retratava os sentimentos humanos, e não focava na crítica social. Buscava retratar o Brasil através de uma linguagem muito próxima da popular. Entre os prosadores estão Jorge Amado, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Érico Veríssimo, e entre os poetas Vinicius de Moraes, Murilo Mendes e Jorge de Lima.

• A terceira fase tem início em 1945, e é marcada pela liberdade absoluta de criação e pelo abandono de alguns princípios da Semana de Arte Moderna. Os escritores já não se importavam em aproximar a obra da realidade brasileira, nem em escrever de maneira popularesca. O foco era o subjetivismo e a psicologia humana. Entre eles estão Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector e Guimarães Rosa.

A longevidade do movimento mostra por que ele ainda é estudado profundamente. Ainda que distante no tempo, a originalidade dos autores faz jus ao nome desse conjunto de estilos literários: modernismo.