Spread Bancário
Spread atribui-se a desproporção entre o preço de procura e oferta de um título, ação ou operação monetária. Analogamente, quando o banco realiza um empréstimo de dinheiro a alguém, recolhe uma tarifa pelo empréstimo, uma tarifa que será seguramente maior que a tarifa de captação. A disparidade entre as duas tarifas é o denominado spread bancário.
De acordo com a interpretação do Banco Central do Brasil, spread é a desigualdade entre a tarifa de empréstimo e a média moderada das tarifas de captação de certificados de depósito bancário.
Spread bancário, em termos simples, é a desigualdade entre a tarifa de juros cobrada aos apanhadores de crédito e a tarifa de juros custeada aos depositantes pelos bancos. De outra maneira, é a desigualdade entre o salário que o banco desembolsa ao aplicador para recolher um recurso e o quanto esse banco recebe para conceder o mesmo dinheiro.
O cliente que entrega dinheiro no banco, em poupança ou outra prática, está na realidade fazendo um crédito ao banco. Dessa forma, o banco retribui os depósitos de clientes a uma determinada tarifa de juros.
No Brasil
No Brasil, o spread bancário é um dos mais altos do mundo, e aproximadamente 1/3 de todo o spread bancário é renda. Mesmo com a redução da tarifa de juros que aconteceu desde meados de 1999, o spread bancário no Brasil ainda permanece em níveis muito altos em espaço internacional, posicionando-se em torno de 40% nos anos 2000, ao mesmo tempo em que, em 200, era de cerca de 12% no México, 6% no Chile, 3% na Argentina, 3% na Zona do Euro e 3% nos EUA.
As altas tarifas de juros dos empréstimos correntes no país esclarecem, ao menos em parte, a elevada rentabilidade dos importantes bancos varejista. Certas pesquisas têm procurado averiguar se o spread bancário alto estaria vinculado a oligopolização no ramo, sem atingir resultados decisivos. Por outro lado, a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) argumenta que os elevador spreads originam-se basicamente das elevadas imposições de caixa do governo, para quitar suas contas, liberando títulos da dívida pública e gerando o crescimento da tarifa de juros.
Fora isso, a FEBRABAN julga muito elevada a parcela dos depósitos dos bancos que é obrigatoriamente colocada no Banco Central, e acredita ser exagerada a tributação a respeito das negociações de crédito, sem apontar o alto numero de créditos dirigidos. Por conta disso, existiria cada vez menos dinheiro acessível para empréstimos e a um valor crescente.
Em outras pesquisas, existem comprovações de que a oscilação da região macroeconômica também pode esclarecer os elevados spreads bancários e, de acordo com Oreiro, dentre os fatores macroeconômicos a serem considerados, evidenciam-se:
1- a alta volatilidade da tarifa de juros que aumenta o risco encarado pelo banco e o seu nível de repulsa ao risco;
2- o grau de tarifa básica de juros Selic, que opera como chão para as tarifas de empréstimos e como anunciador do custo de oportunidade com relação aos empréstimos destinados ao setor privado;
3- o grau de operação econômica: a alta procura por crédito gera um aumento das tarifas exigidas nos empréstimos.
Outra procura importante a respeito dos causadores do spread bancário no Brasil é administrada pelo Banco Central. Trata-se dos diagnósticos anuais da série Juros e spread bancário, divulgada em 1999. Nessas pesquisas é realizada uma separação contábil do spread, a partir das margens exigidas pelos bancos componentes de uma amostra, em suas negociações de crédito livres, empregadas somente perante tarifas de juros estabelecidas. São analisados os seguintes elementos:
– depósito, que condiz grosso modo à margem líquida do banco;
– proteção tributária, que abrange impostos indiretos e impostos diretos;
– custo administrativo;
– Fundo Garantidor de Crédito (FGC);
– inadimplência.
Entre os anos de 2000 e 2003, apoiados na separação contábil do spread, os motivos mais importantes na sua construção foram, nessa ordem:
1- a margem líquida dos bancos
2- despesas administrativas
3- depósito tributário
4- inadimplência
5- depósitos obrigatórios
De acordo com o Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central do Brasil, divulgado em novembro de 2011, a parte que corresponde ao ganho bancário ultrapassou, em média, de 29,94%, em 2009, para 32,73%, em 2010, sendo que nos bancos privados, essa prestação foi de 34,15% e, nos banco públicos, 30,60%.
Esse crescimento aconteceu mesmo com a tarifa de inadimplência, um dos elementos do spread bancário, ter caído de 5,53% para 4,54% ao final de 2011. Desde 2004, foi a segunda maior participação de renda dos bancos no spread bancário. A maior aconteceu em 2008, com 34,69% na média total. No ano de 2011, a renda dos bancos foi de R$ 55,2 bilhões.