Estrutura e Formação de Palavras
Analise as seguintes expressões:
escol-ar
escol-a
escol-arização
sub-escol-arização
escol-arizar
Analisando-as, é possível perceber que existe um componente em comum a todas elas: o formato escol-. Fora isso, em todas existe componentes em destaque, encarregados por alguma particularidade de significado. Relacione, por exemplo, escolar e escola: originando-se de escola, se criou a expressão escolar pela adição do componente em destaque –ar.
Através desse estudo de comparação entre as diferentes palavras selecionadas, foi possível entender a origem de diversos componentes formadores. Cada componente formador é uma unidade pequena de significado, um componente de significado indecomponível, recebe o nome de morfema.
Categorização dos morfemas
Radical
Existe um morfema geral em todas as palavras que estão sendo analisadas: escol-. É esse morfema geral, chamado de radical, que faz com que essas palavras sejam consideradas da mesma família de significados, os cognatos. O radical é o fragmento da expressão encarregado pelo seu significado principal.
Afixos
Como observado anteriormente, a adição do morfema –ar gera uma nova expressão com base na palavra escola. De forma parecida, a adição dos morfemas –arização e sub- ao radical escol- gerou subescolarização. Esses morfemas ganham a denominação de afixos.
Quando são adicionados anteriores ao radical, como o que aconteceu com sub-, os afixos ganham a denominação de prefixos. Já quando aparecem após o radical, como é o caso do morfema –arização, os afixos são denominados de sufixos.
Sufixos e prefixos, além de exercer uma alteração da classe gramatical, são hábeis a inserir mudanças de sentido no radical a que são adicionados.
Desinências
Quando o verbo amar é conjugado, adquirem-se formatos como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis e amavam. Essas mudanças acontecem conforme vai sendo conjugado em número, singular o plural, e pessoa, primeira, segunda ou terceira. Também acontecem se o tempo e o modo do verbo forem mudados.
É possível concluir, dessa forma, que há morfemas que mostram as conjugações das palavras. Esses morfemas sempre aparecem no final das palavras alteráveis e recebem a denominação de desinências. Existem desinências verbais e desinências nominais.
– Desinências verbais: na língua portuguesa, as desinências verbais fazem parte de dois modelos diferentes. Existem aqueles que mostram o tempo e o modo, chamadas desinências modo-temporais, e aquelas que mostram a pessoa e o numero dos verbos, chamadas desinência número-pessoal.
Ex:
1) CANT-Á-VA-MOS
cant: radical
-á: vogal temática
-va: desinência modo-temporal, pois categoriza o pretérito imperfeito do indicativo
-mos: desinência número-pessoal, pois categoriza a primeira pessoa do plural
2) CANT-Á-SSE-IS
cant: radical
-á: vogal temática
-sse: desinência modo-temporal, pois categoriza o pretérito imperfeito do subjuntivo
-is: desinência número-pessoal, pois categoriza a segunda pessoa do plural
– Desinências nominais: mostram o número e o gênero dos nomes. Para a designação de gênero, a língua portuguesa costuma usar as desinências –a/-o.
Ex: garota/garoto; menina/menino
Para a designação de número é comum usar o morfema –s, que mostra o plural em conflito a falta do morfema, que mostra o singular.
Ex: garota/garotas; garoto/garotos; menina/meninas; menino/meninos
No caso dos nomes finalizados com –z ou –r, a desinência de plural admite o formato –es.
Ex: revólver/revolveres; mar/mares; cruz/cruzes
Vogal temática
Note que, no meio do radical cant- e a desinência verbal aparece sempre o morfema –a. Este morfema, que une o radical as desinências, é denominado de vogal temática. Seu papel é se unir ao radical, formando o denominado tema. É o tema radical + vogal temática, que se adicionam as desinências.
Tanto os nomes como os verbos possuem vogais temáticas.
– Vogais temáticas verbais: são –e, -a e –i, que definem três conjuntos de verbos que recebem a denominação de conjugações. Dessa fora, os verbos que apresentam vogal temática –a faz parte da primeira conjugação; aqueles com vogal temática –e fazem parte da segunda conjugação e os de vogal temática –i são da terceira conjugação.
Ex:
1ª conjugação: atacava, governava, realizasse
2ª conjugação: crera, estabelecesse, mexerá
3ª conjugação: impedisse, definira, agimos
– Vogais temáticas nominais: são –e, -a e –o, quando atônicas finais, como em artista, mesa, busca, escola, perda, triste, combate e base. Nessas situações, não se pode pensar que essas terminações são desinências que indicam gênero, uma vez que escola, mesa, por exemplo, não toleram esse modelo de flexão.
São as essas vogais temáticas que se unem as desinências que indicam plural: escola-s, mesa-s, perda-s. Os nomes que terminam em vogais tônicas como café, sofá, caqui, cipó, não possuem vogal temática.
Consoante de ligação ou vogal
As consoantes de ligação ou vogais são morfemas que aparecem por razões eufônicas, isto é, para favorecer ou mesmo proporcionar a leitura de certa expressão. Na palavra escolaridade encontra-se um exemplo de vogal de ligação: o –i entre os afixos –ar e –dade que favorece a difusão da palavra.
Outros exemplos são: alvinegro, gasômetro, tecnocracia, cafeteria, paulada, tricota e chaleira.