Infinitivo, Gerúndio, Particípio

Gramática,

Infinitivo, Gerúndio, Particípio

Nosso assunto aqui são as conhecidas formas nominais do verbo, ou seja, o infinitivo, gerúndio e o particípio. Elas recebem a denominação “nominal” justamente por se aproximarem das características de um substantivo, advérbio ou adjetivo e por não poderem, sozinhas, exprimir nem o aspecto temporal e nem mesmo o modo verbal. Somente contextualizadas é que poderemos apreender o seu valor temporal ou de modo.

Infinitivo, Gerúndio

INFINITIVO

A forma verbal conhecida por infinitivo é a responsável por indicar a ação literal, sem dar indicação de tempo. Por isso, aproxima-se da função do substantivo. É o infinitivo, por exemplo, que encontramos no dicionário, quando buscamos um verbo. Vamos exemplificar: “Comprar barato é o que todos buscam”. Neste caso, “comprar” está no infinitivo e é idêntico ao verbo, a ação, em si. Os indicativos podem ser identificados pelas suas terminações, também idênticas às três conhecidas conjugações verbais: 1ª conjugação: -ar (pensar, cantar, preservar), 2ª conjugação:-er (rever, colher, prover), 3ª conjugação:-ir (sentir, cair, rir).

O infinitivo pode ser encontrado em duas formas: a pessoal e a impessoal. Na forma impessoal a construção é feita sem sujeito, logo não tem nenhuma referência à pessoa gramatical. São os verbos em seu estado natural, sem flexões, a ação por si só: cantar, dormir, morrer.

Já o infinitivo pessoal é o que tem sujeito próprio e, por conta disso, está sujeito à flexão. Se tratando de verbos regulares, sua terminação pessoal é a mesma do futuro do subjuntivo. Essa forma é utilizada, em geral, nas orações reduzidas, onde não existem conjunções ou locuções conjuntivas. Para entendermos melhor, vamos usar como exemplo o verbo terminar, na forma do infinitivo pessoal. Conjugado, no futuro do subjuntivo, temos “para eu terminar, para tu terminares, para ele terminar” e assim por diante. Na oração reduzida do infinitivo teremos, por exemplo: “Fez tudo que podia para terminarmos”.

GERÚNDIO

Muito conhecido atualmente, em função de sua utilização exagerada e incorreta, chamada de “gerundismo”, o gerúndio indica sempre uma ação em andamento, algo não finalizado, que está em sendo realizado. Pode, portanto, desempenhar a função de um adjetivo ou de um advérbio. Dependendo de sua posição na oração, o gerúndio pode interferir no tempo da frase. Vejamos alguns exemplos na utilização do gerúndio:

– se estiver no início da oração principal, indica algo imediatamente anterior (Terminando o treino, todos estarão exaustos) ou ainda uma ação prolongada que ocorre durante a ação principal. (Aplaudindo efusivamente, a plateia se despediu do artista).

– se estiver imediatamente depois do verbo principal, o gerúndio expressará uma ação simultânea à principal, como se fosse um advérbio de modo. (Entrou cantando aquela antiga canção).

– se estiver depois da oração principal, indicará uma ação posterior à principal (As portas foram fechadas, impedindo, assim, que os responsáveis desaparecessem).

Não podemos deixar de analisar o famigerado “gerundismo”. Para isso, usaremos duas frases como exemplo:

1 – Não me ligue a tarde, pois vou estar guiando.

2 – Aguarde na linha, que já vou estar retornando a sua solicitação.

Na frase 1, a estrutura (ir/estar/gerúndio) é correta e aceitável, pois o “vou estar dirigindo” indica uma ação de tempo prolongado. Na frase 2, entretanto, a ação é imediata, com fim definido, e logo não aceita a noção de continuidade dada na sentença. Se levada ao pé da letra, a frase quer dizer que o atendente passará um bom tempo transferindo a chamada, o que não é verdadeiro. Portanto, esse uso é incorreto e chamado de “gerundismo”.

PARTICÍPIO

O particípio indica uma ação já finalizada, terminadas em -ado (para a 1ª conjugação) e em -ido (para as 2ª e 3ª conjugações). Em certos casos, acumula as características de adjetivo e de verbo. O particípio forma diversos tempos verbais que exprimem conclusão, como na frase “O felizardo tem provado todas as benesses da riqueza”.

Na companhia dos verbos “ter” e “haver”, que são auxiliares, o particípio irá formar os tempos compostos da voz ativa e se estiver acompanhado dos também auxiliares “ser” e “estar”, formará os tempos compostos da voz passiva. Isso nos levará aos particípios regulares e irregulares. Alguns verbos aceitam dois particípios, um regular (ado ou ido) e outro ainda, irregular. Nestes casos, o particípio regular é usado para a voz ativa, e o irregular para a voz passiva. Exemplificando:

Haviam aceitado os termos propostos./Os termos propostos haviam sido aceitos.

A corporação tem efetuado muitas prisões./Muitas prisões têm sido efetuadas pela corporação.

O uso do particípio protagoniza muitos erros comuns, como, por exemplo, “chego” (o correto é chegado), “empregue” (correto é “empregado”), “escrevido” e “cobrido”. Em contrapartida, alguns verbos aceitam a forma regular ou irregular, como pago/pagado, ganho/ganhado, sendo que o contexto é que definirá a utilização correta.

A exceção fica por conta do verbo “vir”, que tem um particípio especial, “vindo”, idêntico ao seu gerúndio.

Para finalizar o assunto, lembramos que além das formas simples, tanto o infinitivo quanto o gerúndio possuem formas compostas, que expressam uma ação concluída. Exemplos:

Infinitivo: ter corrido (ação concluída)

Gerúndio: tendo andado (ação concluída)