Uso da interjeição e o contexto
Interjeição nada mais é do que um termo utilizado para representar, na língua portuguesa, uma palavra invariável com a capacidade de exprimir sentimentos tais como sensações, emoções ou estados de espírito (como alegria ou raiva, por exemplo).
Além disso, ela também pode buscar agir sob o interlocutor, o que o levaria, inconscientemente, a tomar alguma atitude (ou algum comportamento) sem que qualquer estrutura linguística formal, ou melhor elaborada, fosse necessária.
Vamos considerar um simples exemplo a seguir:
• Droga! Será que você não consegue prestar atenção no que faz?
Aqui, é notável que o interlocutor da frase está muito nervoso. Todo esse sentimento pode ser facilmente transmitido por meio do uso da palavra ‘droga’.
Sendo assim, ao invés de usar a “frase completa”, por meio de uma estrutura formal da língua portuguesa, ele preferiu se expressar com uma única palavra. Deste modo, ele poderia ter dito “estou muito nervoso com você”, mas preferiu usar, no lugar da estrutura completa, apenas uma interjeição: a palavra droga.
Uso da interjeição e o contexto
Ao nos dedicarmos ao estudo da língua portuguesa, comumente nos deparamos com a palavra ‘contexto’. Esse termo é sempre essencial para conseguirmos efetivar – ou não – o conhecimento oriundo de tais estudos.
Sendo assim, alguns termos só podem ser utilizados na língua portuguesa quando inseridos em um determinado contexto que seja compatível com aquela situação. Pois é: pode parecer meio confuso, mas na prática é muito simples.
Como no exemplo que citamos anteriormente em que o interlocutor fez uso da palavra ‘Droga’. Esse termo só pôde ser utilizado (e foi devidamente compreendido) porque o contexto da mensagem, ou seja, da frase que ele fala em seguida, nos dá a entender que ele realmente estava com raiva. Ou seja, o contexto nada mais é do que o que dá o sentido para o uso daquelas interjeições.
E no contexto da compreensão comunicacional é necessário enfatizar que a interjeição também só pode ser empregada em determinadas condições contextuais. Essa interjeição, por sua vez, pode ser uma única palavra ou um conjunto delas. Ela pode assumir diferentes funções, além de expressar também inúmeros sentimentos.
Vamos conferir alguns exemplos de interjeições e o contexto em que elas devem ser utilizadas?
1. Interjeição ‘Ah’
• Ah, eu mal consigo me mexer de tanto que me incomoda (remete ao sentimento de dor);
• Ah, hoje eu acordei me sentindo tão triste (sentimento de tristeza);
• Ah, não aguento mais me sentir sozinho quando vou às festas da escola (sentimento de solidão);
• Ah, você me parece ser um ótimo aluno (expressão de admiração);
• Ah, agora já foi, não importa mais (expressão de desapontamento);
• Ah, não consigo acreditar que você realmente tomou essa atitude (expressão de provação).
2. Interjeição ‘Nossa’
• Nossa! Nem acredito que você finalmente veio, já estava sentindo a sua falta! (Sentimento de felicidade e satisfação);
• Nossa! Como o trânsito da sua cidade flui bem! (Sentimento de surpresa positiva);
• Nossa! Como você consegue se vestir dessa forma? (Sentimento de desapontamento);
• Nossa! Desde quando vocês não estão juntos? (Sentimento de surpresa);
3. Interjeição ‘Psiu’
• Psiu! Você acabou de derrubar a sua carteira no chão;
• Psiu! Não fale alto, os pequenos já estão dormindo;
• Psiu! Vê se não volta muito tarde.
Uma das características da interjeição ‘Psiu’ é que em todos os casos ela expressa um sentimento de aviso por algo que pode acontecer.
Além disso, outras interjeições que também podem ser utilizadas (porém, dificilmente tem um contexto adequado) são:
• Tomara – Tomara que você volte logo para o Brasil (sentimento de saudades);
• Ai – Ai, acabei de levar um choque (sentimento de surpresa/dor);
• Coitado – Coitado, mais uma vez você deixou ele sozinho em casa (sentimento de pena).
Valores semânticos que interjeições podem expressar
Como já podemos notar, o uso das interjeições é algo completamente contextual, ou seja, entender o seu significado depende exatamente da frase a que ele se encaixa.
Sendo assim, é certo afirmar que qualquer palavra da língua portuguesa pode se tornar uma interjeição, e esse contexto também varia conforme a região do mapa.
Existem também algumas locuções interjetivas, que nada mais são do que expressões que também podem valer como interjeições por conta de seus valores semânticos. Vamos conferir algumas delas?
• Se Deus quiser! – Expressão geralmente utilizada pelos religiosos que desejam muito que algo dê certo. Um exemplo seria: “esse ano o meu filho vai passar no vestibular, se Deus quiser”;
• Valha-me Deus! – Mais comum na região norte e nordeste do país, a expressão ‘Valha-me Deus’ tem o valor semântico de ‘livramento’. O mesmo acontece com “Deus me livre”. Um exemplo: “Eu não quero que ele adoeça, valha-me Deus”;
• Minha nossa Senhora! Comum principalmente na região Sul e Sudeste do mapa brasileiro, a expressão ‘Nossa Senhora’ é muito similar à interjeição contextual ‘Nossa’, mas com uma determinada conotação de caráter religioso. Exemplo: “Minha nossa Senhora! Como ele consegue ser assim?”.