O mundo contemporâneo é paradoxal em diversos sentidos. Enquanto a medicina avança, milhões de pessoas morrem devido a doenças que poderiam ser facilmente evitadas. Se a geração de renda nunca foi tão grande, a desigualdade social se acentua em diversos países. Inovações que tonam nossa vida melhor surgem constantemente, mas com elas vêm uma grande aumento na demanda energética, que como todos nós sabemos irá se tornar insustentável em um prazo relativamente curto.
A demanda energética é, sem dúvidas, um dos maiores desafios que o mundo enfrenta hoje. As fontes para a geração de energias mais utilizadas são insustentáveis e altamente poluentes, a exemplo do petróleo. A poluição gera uma série de consequências nefastas, e uma das principais é o aquecimento global.
Em 2015, cientistas conseguiram pela primeira vez quantificar os efeitos do aquecimento global. Em estudo publicado na revista Nature Climate Change, dedicada exclusivamente às mudanças climáticas, foi analisado a incidência de eventos climáticos anormais, como as ondas de calor e as tempestades devastadoras. Segundo o estudo, se a emissão de gases poluentes na atmosfera continuar na mesma taxa que hoje, as tempestades devastadoras podem aumentar em até 62 vezes em um curto período de tempo, isso sem mencionar as ondas de calor, que já fizeram vítimas fatais na Europa.
Diante deste panorama, é necessário repensar a forma como a energia é produzida, visando chegar à uma solução mais sustentável. No contexto brasileiro, esta resposta podem ser encontrada no Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Economia de Hidrogênio, conhecido também pela sigla ProH2.
A história brasileira pela busca de fontes energéticas mais sustentáveis que as tradicionais vêm de longa data, e não foi diferente com o hidrogênio. Em 1999, o Ministério da Ciência e Tecnologia já inseria na agenda científica brasileira a pauta da reforma do etanol para a geração de hidrogênio. Este interesse se dava tanto pela questão ambiental quanto pela questão econômica, já que a ideia era atender a demanda brasileira e dos países da América Latina.
No entanto, foi só em 2002 que uma iniciativa desta natureza foi de fato formalizada, com a criação do Programa Brasileiro de Hidrogênio e Sistemas Células a Combustível (Procac). Neste programa, o objetivo era criar redes de pesquisas voltadas ao estudo das tecnologias de hidrogênio e células a combustível.
Apesar de muito bem sucedido, era necessário criar meios para que o programa abrisse espaço para cooperações internacionais. Assim, a partir de 2005 o programa passa-se a chamar Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Economia do Hidrogênio, ou simplesmente ProH2.
O ProH2 é pautado na chamada “economia do hidrogênio”. Nesta economia, acredita-se que o hidrogênio tem potencial para substituir o petróleo, combustível fóssil mais utilizado no mundo e, não podemos nos esquecer, alvo de disputas de diversos conflitos. A maior vantagem do hidrogênio comparado ao petróleo é seu baixíssimo impacto ambiental, sendo por isso considerado como uma fonte de energia limpa.
No entanto, há diversos desafios a serem superados para que o hidrogênio possa ser utilizado em escala global. O primeiro deles é o fato dele não ser encontrado de forma livre na natureza, ou seja, é necessário que ele seja produzido a partir de algum processo. No Brasil, as principais alternativas para sua produção é a partir da biomassa – já que somos um dos grandes consumidores do etanol, produzido também a partir da biomassa – e da energia elétrica gerada por fontes renováveis, como a fotovoltaica, eólica e hidráulica.
O segundo grande problema diz respeito à sua utilização. Padronizar a qualidade do combustível, criar tecnologias para armazena-lo e transporta-lo, investir em pesquisas, estabelecer parcerias público-privadas são apenas alguns dos desafios. Para superar esses desafios e impulsionar este mercado, o programa estabelece as seguintes diretrizes:
Portanto, o ProH2 representa um importante passo para o Brasil rumo à implementação de uma fonte energética realmente sustentável e limpa, apesar de todas as inovações e ajustes que uso do hidrogênio requer, tanto a nível nacional quanto a nível mundial.
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