Mercado de Trabalho e Educação
Existe um conflito de origem na relação estabelecida entre mercado de trabalho e educação. O conceito de educação é algo próximo a um processo através do qual um indivíduo se submete à aplicação de métodos para o seu desenvolvimento, seja do ponto de vista físico, intelectual ou moral.
Há que se reparar que nessa definição não está incluída a variável profissional. No entanto, é acertado dizer que a educação profissional é a aplicação de métodos para o desenvolvimento profissional de um indivíduo.
Em essência, a educação não está relacionada, por finalidade, com a profissão ou o mercado de trabalho e é preciso que esse conflito conceitual seja estabelecido, sob a pena de se comprometer todo o processo educacional.
A educação, enquanto processo social, instrumentalizado por políticas públicas, precisa estar comprometida com o desenvolvimento do ser humano, com a formação de pessoas capazes de compreender os diversos aspectos da vida e da sociedade, que se tornem cidadãos dotados de senso crítico e alto poder de influir, através do conhecimento, de forma positiva no curso da sociedade.
A educação deve construir uma base moral e ética, através da disseminação de valores alinhados aos melhores princípios da convivência. A sociedade é fruto da educação dada aos seus integrantes desde os primeiros passos, logo precisa ser um sistema bem estruturado de formação de valor.
O benefício da educação para o mercado de trabalho
Conhecimento e senso crítico, capacidade de análise, decisão e iniciativa devem estar no centro do escopo educacional. Nada disso está diretamente ligado às questões pertinentes a profissão ou mercado de trabalho.
No entanto, há que se reconhecer que as habilidades enumeradas acima estão na pauta das políticas de recursos humanos das organizações. O mercado de trabalho cada vez mais demanda pessoas com capacidade de crítica e iniciativa, análise e decisão, o que sinaliza que, sim, o ambiente empresarial deve ser um dos maiores interessados numa política educacional pautada na qualidade, na formação de seres humanos preparados para os desafios. Não há melhor forma de se estar preparado para desafios que não seja o conhecimento.
Isso quer dizer que a educação não deve ser encarada como uma espécie de treinamento para o mercado de trabalho, por não ser essa a sua finalidade, mas como um ativo valioso para o mundo corporativo.
Na outra ponta, é preciso que haja na sociedade a consciência de que a educação tem um papel muito mais amplo do que ser o caminho mais seguro para um bom emprego, uma profissão rentável ou um empreendimento de sucesso. É preciso, antes, estimular a avidez por conhecimento como fator de transformação social, política, intelectual, espiritual e econômica, sendo o trabalho um dos canais de ação para o cidadão bem preparado.
Educação para o mercado de trabalho – Foco em capacidades, afinidade e papel social
Não obstante, a consciência da finalidade maior do esforço educacional não exclui a educação profissional, aquela cujo foco é o mercado de trabalho. São, afinal, as empresas, os órgãos da administração pública e as atividades autônomas que movem a sociedade e a economia, que geram riquezas e bem-estar para o conjunto da sociedade.
Sendo assim, não pode o Estado se omitir nesse processo, não se furtando a empreender no sentido de garantir educação profissional de qualidade, bem como investir em pesquisa, desenvolvimento e qualificação nos mais altos níveis disponível para o conjunto da sociedade.
Do ponto de vista do trabalhador, mais uma vez, é preciso que a paixão pelo conhecimento esteja presente. Antes de pensar no trabalho, é preciso pensar em se desenvolver como ser humano, não que isso não seja parte importante e indispensável da preparação para o mercado de trabalho. Ao contrário, como abordado mais acima, é a partir do estudo motivado, com foco em conhecimento, da busca constante por informações relevantes para a vida, que o jovem criará condições para melhor competir no mercado de trabalho, uma vez que a qualificação profissional é fruto de processo similar.
O mercado de trabalho é competitivo e seletivo. Vencem aqueles que melhor se qualificam e sobrevivem aqueles que continuam se qualificando ao longo da vida.
Quando se fala em qualificação ao longo da vida, emergem outras variáveis que são paradigmas para o sucesso e o bem-estar. É importante que se registre que o sucesso no trabalho não está ligado apenas à variável financeira, mas também ao bem-estar.
É por isso que a escolha do que fazer, de para que se preparar, do que estudar e do que aprender precisa estar condicionada por muito mais que o aspecto financeiro. Escolher uma profissão pela promessa de realização financeira é um caminho perigoso. É preciso, antes, ter capacidades necessárias ao exercício daquela profissão e a certeza de que o trabalho será fonte de prazer e não um fardo. Como desejar aprender mais para melhorar a performance naquilo de que não se gosta.
Outro ponto fundamental é o papel social que o indivíduo deseja desempenhar através de sua atuação profissional. Não importa qual seja a atividade profissional, toda ela tem um papel social. Toda empresa precisa determinar qual o papel que deseja desempenhar na vida das pessoas e esse é um dos fatores que impulsionará o negócio e orientará as decisões. É assim, também, na vida das pessoas.
Essas escolhas devem ser feitas cedo, mas sem pressão familiar. É muito mais provável que pessoas sob pressão, sobretudo jovens, tomem decisões equivocadas do que aquelas que estão inseridas em um ambiente de estímulo.