Os árcades épicos

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Os árcades épicos

O arcadismo, também conhecido como neoclassicismo e setecentismo, é uma escola literária que revive a Grécia antiga numa ampla exaltação a natureza. É comum que escritores desse movimento tenham pseudônimos de pastores, numa referência direta aos que cuidam das terras e criações de animais.

Além da poesia neoclássica tradicional criada pelo Arcadismo, alguns autores sentiram necessidade de escrever poesias épicas, que valorizassem epopeias. Os árcades épicos usavam a imaginação para voltar ao passado e escrever sobre aventuras grandiosas e envolventes.

O surgimento do Arcadismo

Criado no século XVIII, conhecido como o “século das luzes”, já que foi um período onde a ciência e o conhecimento foram muito valorizados, o Arcadismo tem livre inspiração no Iluminismo. A burguesia europeia, em especial a inglesa e francesa, dominam a economia do Estado por meio de intenso comércio marítimo.

Em paralelo, a nobreza naufraga e o clero perde seu poder com as reformas protestantes que culminam com a inquisição. Com a ascensão do pensamento Iluminista, as ideias teológicas perdem força e a razão, a ciência e a lógica sobressaem acima do misticismo.

A renovação cultural também ocorre de forma intensa, associando a ciência e a tecnologia com a arte. Pensadores fazem análises críticas sobre a sociedade, muitas vezes polêmicas para a época, mas quase sempre revolucionárias diante da Revolução Industrial e Revolução Francesa que se seguem.

O Arcadismo surge na Itália com livre inspiração na Grécia Antiga. A região de Arcádia faz parte da lenda do Deus Pã, cujo ambiente era livre e de campos férteis, com pessoas felizes convivendo repletas de amor e prazer. Criaram uma academia literária chamada Arcádia, onde escritores se reuniam para combater o Barroco e difundir o princípio da simplicidade na escrita.

A oposição ao Barroco está na estética e na essência. Longe do misticismo e da divagação obscura do Barroco, o Arcadismo traz a luz do conhecimento, das palavras mais simples e falam de amor, natureza e casamento. Dessa forma, os textos possuíam a idealização da mulher amada, objetividade, convenções e pastoril.

O épico

Além da poesia neoclássica o Arcadismo também desenvolveu a poesia épica. Porém, muito diferente dos textos mais sentimentais e grandiosos, como Os Lusíadas, de Camões. A poesia épica árcade era voltada ao racionalismo, ao triunfo dos grandes feitos sem a valorização do herói guerreiro.

Os principais representantes da poesia árcade épica são Basílio da Gama e Frei Santa Rita Durão. Neste período da história os jesuítas eram perseguidos pelo Estado e foram expulsos do Brasil e como Basílio da Gama havia estudado no Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro, acabou sendo acusado de ser um jesuitófilo. Para se livrar das acusações do Marquês do Pombal, da Gama passou a ser um crítico feroz dos jesuítas, escrevendo sobre eles como se fossem instigadores de intrigas e mau caráter.

Os seus textos surtiram efeito positivo, já que foi retirado do exílio pelo próprio Marquês e ganhou um título de nobreza. Uma de suas obras mais famosas de poesia árcade épica foi O Uruguai, onde relatava a guerra travada no Rio Grande do Sul e os povoados ao redor.