Intimismo

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Intimismo

No mundo da arte, divide-se cada período de acordo com as características mais marcantes, sendo que algumas delas podem se misturar ou conviver praticamente ao mesmo tempo. Há, portanto, uma grande diversidade de fases, que geralmente possuem pintores que as representam com maior força. Neste artigo, vamos descobrir um pouco a respeito do intimismo.

Intimismo

O que é o intimismo e quanto tempo ele durou?

O intimismo, apesar de ser um período e um estilo muito importante para a arte, ficou muito ligado ao trabalho de dois artistas franceses:

* Pierre Bonnard, e
* Édouard Vuillard.

Resumidamente, o intimismo é o nome dado a uma forma de pintar que ficou bastante conhecida já no final do movimento do impressionismo, do qual fizeram parte artistas plásticos como Claude Monet e o aclamado Vincent Van Gogh.

De forma geral, podemos dizer que o trabalho dos artistas intimistas se aproxima muito do impressionismo, movimento que se inicia na França, em 1874. As principais características do impressionismo são as cores vibrantes, uma preocupação com relação à luz e sombra, e uma busca por figuras com contornos imperceptíveis e o uso do abstrato, da agilidade e da rapidez para dar uma sensação de captação do movimento.

Quando surgiu, já no final do século XIX, o impressionismo causou bastante estranhamento e muitos críticos da arte não o viam com bons olhos. Porém, esta nova forma de pintar acabou se difundindo e inspirando uma grande quantidade de novos artistas. O período também acabou fazendo com que surgissem diferentes teorias a respeito do uso e do significado das cores.

O impressionismo deixou marcas tão profundas na arte, que se espalhou para outras vertentes além da pintura, chegando à literatura e também a fotografia, que buscava enfatizar e registrar a beleza de momentos breves.

O intimismo por sua vez, trazia muito destas características, e focava principalmente em cenas cotidianas, aspectos domésticos e considerados extremamente comuns. A ideia, era captar e gravar o movimento, a beleza e o bem-estar de situações que ocorriam sem grande importância.

A maioria dos quadros dos artistas intimistas, usa de técnicas impressionistas, porém com cores menos vibrantes, mais confortáveis e causadoras de uma sensação de tranquilidade. As cenas, trazem pessoas comuns em seus momentos íntimos. Por isso, vemos muitos quadros registrando pessoas em momentos de tranquilidade em suas casas, em jardins ou ainda grupos de amigos que conversam animadamente sem prestar atenção ao trabalho do artista.

Há ainda obras que retratam pessoas enquanto fazem trabalhos manuais corriqueiros e até grupos familiares e amigos dos próprios pintores. A esposa de um deles, costuma aparecer muito em suas pinturas. Outro motivo pelo qual este movimento também se chamava intimismo.

As telas nos deixam com uma sensação de aconchego, de calor e naturalidade. Uma das principais ideias dos artistas, afinal, era captar momentos breves e cotidianos, nos fazer lembrar de sensações e sentimentos a respeito de cenas que vemos todos os dias.

Os artistas abusam portanto de cores quentes, luzes e detalhes em cada uma das cenas. É possível ver ainda composições requintadas e delicadas. Essa maneira de pintar influenciou e ainda influencia artistas das mais diversas expressões.

Além das artes plásticas

O intimismo não é um estilo que pode ser visto somente nas artes plásticas. Assim como aconteceu e ainda acontece, com uma infinidade de movimentos, as mesmas características podem ser vistas em outras expressões, como por exemplo na poesia e literatura, na fotografia e até na moda.

Conforme já foi dito anteriormente, o intimismo acabou influenciando artistas e outras formas de arte. Na fotografia, ele apareceu mais fortemente, inclusive no Japão. Mas na literatura, tanto na prosa como na poesia, o intimismo também deixou sua marca, inclusive em terras brasileiras.

A literatura – prosa e poesia – intimista, nasceu logo no começo do século XX, muito influenciada pelas teorias da psicologia de Sigmund Freud. Trata-se de uma fase portanto, que fez parte do movimento modernista.

Mais uma vez, a principal característica deste movimento, é nos transportar ao universo íntimo e seguro de um dos personagens. Nos romances, conhecemos profundamente como pensam, como vivem e principalmente como se sentem com relação à sua própria realidade.

Por isso, diversas vezes, o autor deixa de descrever as pessoas de acordo com suas características físicas, focando mais nas psicológicas e abstratas. Na maioria dos romances que beberam nas fontes do intimismo, os personagens são um tanto quanto incompreensíveis , pois são mais reclusos e acabam interagindo pouco com outros núcleos.

Na poesia, a principal característica do intimismo, é falar sobre si mesmo, sobre os pensamentos, sentimentos e sensações com relação ao que se vivencia. Os versos são curtos, ricos em figuras de linguagem, antíteses e outras formas de expressão com o intuito de criar sensações e sentimentos no leitor.

No Brasil, os autores mais conhecidos da fase intimista na literatura são a Clarice Lispector na prosa e Cecília Meirelles, na poesia. Podemos citar ainda Fernando Sabino, Lygia Fagundes Telles e Lya Luft. Todos eles também misturavam características de outros movimentos, mas sempre com o intimismo muito forte, fazendo com que o leitor sinta-se parte dos sentimentos e do universo exclusivo de cada um dos personagens dos contos, romances, crônicas e poemas.