Baleia Franca

Biologia,

Baleia Franca

As Baleias Francas também chamadas de “baleias certas” (termo do inglês “Right Whale”), são animais mamíferos da família Balaenidae. Seu nome se deve ao fato de os antigos caçadores as arpoarem facilmente. Por terem um nado mais lento que de outras baleias e nadarem em regiões costeiras, a caça era muito mais simples. Além disso, depois de mortas elas flutuam, o que facilitava ainda mais a captura.

Baleia Franca

Como todos os cetáceos, as baleias francas passaram por diversas adaptações para viver no mar. Ainda assim elas possuem o sangue quente e fecundam internamente. Também como outras baleias, possui um sistema respiratório que exige que a baleia suba ate a superfície para tomar ar.

É possível encontrar esse mamífero nos hemisférios norte e sul. Mas as populações, ainda que muito distribuídas, estão espalhadas de forma descontínua. Existem duas espécies conhecidas da baleia franca, uma que vive no Atlântico Sul (Eubalaena Australis) e uma que vive no Atlântico Norte (Eubalaena Glacialis). Praticamente não existem diferenças morfológicas nas espécies. Entretanto, as baleias ficam isoladas por causa das diferenças temporais no que diz respeito à reprodução.

Características

A baleia franca possui uma cabeça cujo tamanho é quase um quarto do seu comprimento total. Seu corpo é negro e arredondado e possui no ventre algumas manchas irregulares na cor branca. Sua boca é bastante curvada e possui cerca de 250 pares de cerdas da barbatana, ásperas e, em sua maior parte, de cor negro-oliváceas. As mamilas da fêmea são encontradas na região inguinal. Suas glândulas mamárias podem medir até 10 cm.

A baleia franca apresenta um grande tamanho até para um animal da sua espécie. Segundo alguns registros históricos, as fêmeas podem atingir até 17 metros de comprimento (os machos normalmente são um pouco menores). Mas algumas testemunhas afirmam terem visto animais ainda maiores.

Nas décadas de 50 e 60, portanto, quando a caça ainda era permitida, alguns baleeiros que caçavam no litoral de Santa Catarina afirmavam terem perseguido baleias com mais de 18 metros. Segundo eles, alguns animais até foram capturados perto dos municípios de Garopaba e Imbituba.

Os registros de caça também apontam que uma fêmea adulta pode chegar ao peso de 60 toneladas. O macho, como é menor, normalmente passa de 45 toneladas.

A identificação do sexo é muito difícil de ser feita. É possível saber que a baleia é fêmea quando ela é adulta e apresenta um comportamento materno. Normalmente ela está acompanhada de filhotes em áreas de reprodução. Do contrário, apenas uma análise anogenital pode dizer o sexo do animal. Além dos machos não possuírem as glândulas mamárias em ambos os lados da fenda genital, seu ânus é muito afastado desse órgão, o que torna a diferença bastante distinguível.

Uma forma de reconhecer a espécie é através do seu esguicho. Diferentemente de outras baleias, esse cetáceo solta um esguicho bastante característico, em forma de “V”. Isso acontece porque, quando o animal emerge para respirar, ele acumula uma pequena quantia de água nos orifícios respiratórios. Essa quantia é rapidamente expelida com um ar aquecido. O seu esguicho pode atingir entre 5 e 8 metros de altura, e o som causado pelo rápido lançamento pode ser ouvido a metros de distância. É mais fácil ver isso em dias frios e de pouco vento.

Caça as baleias francas

No Brasil, a baleia franca foi muito caçada no passado, do nordeste ao sul do país. As primeiras caças aconteceram a partir de 1602, realizadas principalmente pelas Cortes ibéricas de Portugal e Espanha.

Durante quase quatro séculos os animais foram procurados principalmente para a extração de sua camada de gordura. As baleias adultas chegam a ter uma faixa de gordura com 40 cm de espessura. Essa gordura era muito utilizada na fabricação de um óleo especial, obtido através do seu processamento. Durante muitos anos a especiaria era utilizada nas metrópoles europeias, e mais tarde no Brasil Colonial e Imperial. A gordura da baleia franca também foi usada na fabricação de argamassa, que era utilizada em construções de fortes, igrejas e prédios.

A caça da baleia franca acabou em 1973, com o fechamento da última estação baleeira do país. Nesses locais os caçadores se abrigavam, guardavam seus instrumentos de trabalho (como os arpões) e processavam os materiais obtidos da caça. O longo período de perseguição às baleias francas quase levou o animal à extinção.

Hoje o animal não está mais ameaçado como antes, pois a caça à baleia franca foi proibida pelo Estado brasileiro. No entanto, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (entidade internacional de conservação da natureza), a baleia franca é um animal vulnerável à extinção, mesmo sem caça. Os motivos são a destruição do seu habitat, a propagação de um turismo de observação aos animais muito mal conduzidos, e até mesmo os ataques que as baleias sofrem de gaivotas, principalmente na Argentina. Esses animais acabam ferindo profundamente pele das baleias com muitas bicadas.