Observe as expressões que dão título a esta conversa. O que lhe parecem? Tratam do mesmo assunto? Qual? Uma expressão se equivale a outra? Qual ou quais são as diferenças?
A impressão geral a respeito das duas expressões é que, enquanto “senso comum” é uma coisa, assim, sem muita confiabilidade, o “conhecimento científico” é algo mais “sério”, “profundo”, “verdadeiro”. Ou não?
O que lhe parece, neste momento da nossa conversa, essa opinião?
Sabemos, pelas nossas conversas, que o conhecimento do mundo é fortemente marcado pela forma como o vemos, o que pode mudar em face das influências que sofremos e que determinam o “nosso olhar”. Como bem disse um filósofo, vejo o mundo como eu sou e não como ele é.
Fernando Pessoa, maior poeta português, faz uma leitura tocante do “olhar o mundo” e o de “ser transformado” por esse olhar. Leia e depois identifique a relação entre o poema e a discussão que estamos fazendo:
De qualquer forma, o que podemos concluir provisoriamente é que:
* em face da impossibilidade de ver o real como algo dado;
* em face das múltiplas formas de leitura do real;
* em face da necessidade de construir uma ordem para podermos prever nossos próprios atos e os fatos que nos cercam;
* necessitamos de explicações sobre as coisas.
Voltemos ao exemplo da senhora que tragicamente foi atingida pela pedra que caiu do oitavo andar. As respostas dadas pelos familiares, no que efetivamente consistem? Em uma tentativa de explicar o acontecimento. Mas é uma explicação verdadeira? Poderia questionar você, e eu poderia sugerir como resposta: É uma explicação…
Sabemos também que o que nos leva a querer conhecer as coisas é a nossa necessidade de ordenar os fatos, de forma a podermos ter alguma previsibilidade sobre as coisas. Tal necessidade não diz respeito só às coisas futuras, mas também às passadas. A disciplina da História visa a buscar um sentido nos fatos ocorridos, uma certa regularidade, um certo padrão de atitudes. Também as ciências ditas biológicas: as classificações dos seres vivos não existem só para atormentá-lo nas provas e trabalhos, mas para permitir distinguir e, assim, conhecer os seres que nos cercam e, além disso, como se comportam e como funcionam suas partes componentes.
Como esse conhecimento do mundo é fortemente marcado pela forma como o vemos, podemos vê-lo de formas diferentes e afirmá-lo de formas diferentes. A ideia de verdade sobre o que se vê pode, assim, ganhar dimensões contraditórias.
Acompanhe o texto a seguir e, depois, escreva qual a ideia principal nele contida, relacionando com o que conversamos até aqui:
O que é importante perceber é que necessitamos de explicações. Por isso, vamos em busca delas. E o senso comum e o conhecimento científico são duas formas de explicar as coisas que nos cercam.
Mas então o que distingue uma explicação ditada pelo senso comum de uma explicação científica?
Pouca coisa. Vamos tentar detalhar essas distinções por meio de alguns exemplos:
* Nós temos uma clara ideia sobre o que é grande e pequeno. Distinguimos isso pelo nosso sentido do olhar, principalmente, mas também pelo tato. Por isso, sabemos que o Sol é praticamente do mesmo tamanho que a Lua, não?
A atitude científica busca determinar a quantidade das coisas através de medições e estabelecimento de padrões, visando a reconhecer coisas a despeito da opinião das pessoas. Assim, uma coisa não será grande ou pequena, mas terá tantos metros; uma coisa não será bonita ou feia, mas terá tamanho, dimensão, cor, etc.