Ensino de Física x Educação Científica de Qualidade

Física,

Ensino de Física x Educação Científica de Qualidade

O ensino de Física dentro das diretrizes curriculares brasileira enfrenta desafios constantes para a sua realização. Transmitir conceitos e resolver problemas não é mais suficiente para o desenvolvimento crítico do sujeito.

Em uma sociedade em que a ciência é cada vez mais presente, proporcionar ao aluno um ambiente que promova o desenvolvimento do raciocínio crítico e independente é necessário para que este se posicione socialmente perante as questões contemporâneas.

Ensino de Física

Histórico do ensino de física e da educação científica.

O ensino de física, assim como o ensino de ciências exatas e da terra, foi abordado sob diferentes pontos de vista ao longo do século XX. No período anterior aos anos 60, a qualidade do ensino era medida pelo volume de conceitos que eram transmitidos aos alunos.

Desta maneira, quanto maior o número de informações acumuladas pelos estudantes, melhor seria a qualidade do ensino. A avaliação era focada em um único objetivo: encontrar as respostas corretas para os problemas apresentados, a partir dos conceitos transmitidos.

Outra característica do período era a divisão rígida de conteúdos. O material apresentado em uma aula de biologia, por exemplo, não seria relacionado ao de uma aula de física ou de matemática.

Mesmo nos conteúdos apresentados nas aulas de física, a divisão entre as áreas de conhecimento eram bem demarcadas: um módulo destinado à mecânica newtoniana, outro destinado à eletricidade, outro à óptica e etc. As relações entre os assuntos não eram trabalhadas em sala de aula.

A partir das décadas de 60 e 70, começam a surgir correntes pedagógicas que questionam esta metodologia. O aluno passa a ser entendido como um sujeito ativo dentro da sala de aula, de modo que a transmissão do conhecimento deve ter a participação dele. Este é o princípio que dá origem aos primeiros laboratórios de ciências em escolas da rede pública no Brasil.

Os laboratórios de ciências trouxeram a ideia de que o aluno precisa vivenciar e testar o seu conhecimento, através de atividades práticas, em um esforço de unir os conhecimentos teóricos e práticos.

Embora os laboratórios não sejam uma realidade na maioria das escolas públicas, o conceito de participação e a relação entre teoria e prática desenvolveu-se em outras metodologias, adaptando-se a diferentes realidades.

O ensino de física e a educação científica hoje:

Se o aluno é um sujeito ativo em sala de aula, o ensino de física e de outras ciências precisa relacionar-se com as questões que ele traz para a sala de aula.

Assim, mais do que transmitir conceitos,a metodologia de ensino procura desenvolver o senso crítico, a capacidade de análise, a independência, a disciplina com o estudo e as relações humanas deste sujeito dentro da comunidade que ele atua.

Abordar a relação ensino versus aprendizagem de qualidade com este enfoque global tornou as fronteiras entre os conteúdos menos definidas.

A idéia de interdisciplinaridade é destaque entre as novas abordagens de ensino científico, uma vez que o conhecimento adquirido em física pode ajudar a compreender algum conteúdo em química ou em biologia.

Como exemplo, podemos citar a energia nuclear: qual a explicação física para este meio de produção de energia? Qual o impacto ecológico de uma usina nuclear? Existe alguma vantagem econômica em relação aos outros meios de produção?

Responder a estas questões implica saber sobre conceitos de todas as áreas científicas e a capacidade de relacioná-los entre si. Exemplos como este estão próximos da idéia de ensino científico contemporâneo.

Educação de jovens e adultos.

Nas metodologias de ensino com o foco na educação de jovens e adultos, o conhecimento prévio que estes possuem sobre um determinado tema é uma maneira de despertar o interesse na aula.

Uma vez que alunos adultos já possuem uma história de vida, seu contato com a ciência também já existe há um tempo. Instigar os alunos a perceberem o quanto eles sabem sobre ciências, mesmo que não consigam definir conceitos mais complexos, mas sejam capazes de relacioná-los com o seu dia-a-dia, é fundamental para o resgate da auto-estima.

Desafios do ensino científico em sala de aula.

Embora as mudanças na alfabetização científica sejam necessárias, a falta de infra-estrutura das escolas, aliado a um currículo escolar rígido e com muitos conteúdos, tornam-se empecilhos, mesmo para um educador experiente.

A formação dos educadores na área das ciências também não colabora para o desenvolvimento de uma abordagem mais humana, social e política em relação ao aluno e aos conteúdos apresentados.

Muitos professores preferem não arriscar-se no terreno dos debates livres, pois não receberam em sua formação as ferramentas teóricas necessárias para lidar esta dinâmica.

Para estes, considerar a ciência como um campo neutro, é uma maneira segura de cumprir com as exigências curriculares.

Para saber mais, você pode acessar o seguinte texto:

O ensino de ciências e a idéia de cidadania. Autor: Ms. Paulo Roberto dos Santos.