Formações litorâneas
O Brasil é um país conhecido por sua diversidade ambiental. Ocupando um território que possui dimensões continentais, o país possui a maior e mais biodiversa floresta tropical do mundo, a maior planície alagada do mundo (o pantanal), a floresta com mais espécie de plantas proporcionalmente a seu tamanho – que hoje, infelizmente, tem apenas uma pequena parte de seu território original preservado –, dentre diversos outros biomas.
No entanto, os biomas de uma categoria bastante importante, mas que não é muito comentada é o assunto deste artigo: as formações litorâneas.
Deve ser levado em conta que, devido à sua extensão territorial, o Brasil possui 7.367 km de costa banhada pelo Oceano Pacífico, número que aumenta para 9.200 km se consideradas as saliências e reentrâncias presentes. Esse número faz com que existam pelo menos quatro tipos de vegetação: manguezal, vegetação de dunas, vegetação de praia e restinga. E são elas que serão abordadas com mais detalhes abaixo.
Restinga e mangue
Começando pela restinga, diretamente associada à mata atlântica, vale ressaltar que se trata de uma série de comunidades distintas de vegetais, em constante influência marinha e pluvial. A restinga é um tipo de área que se caracteriza por possuir grande diversidade ecológica, e os seres vivos dela possuem dependência maior do solo do que do clima. A vegetação dessa formação litorânea é composta por árvores, trepadeiras, samambaias, bromélias de chão, cactos e epífitas.
Em termos de distribuição geográfica, a restinga pode ser encontrada ao longo de toda a costa brasileira, pois como dito é associada à mata atlântica, presente em grande parte da costa brasileira.
O substrato dessa formação é composto majoritariamente por areia e conchas, sendo que as marés o umidificam com água salina e as chuvas com água doce. Já o vento é responsável por limitar a vegetação, levar umidade presente no ar e dispersar sementes.
Os diferentes tipos de vegetação encontrados na restinga se devem aos diferentes níveis de concentração salina no solo – esse vai diminuindo quanto mais se caminha do litoral em direção ao continente – e são compostas por folhas rígidas, galhos retorcidos e raízes longas com grande poder de fixação no solo.
Em termos de fauna, é possível encontrar diversos mamíferos e répteis, incluindo a onça parda, gato do mato, capivara, porco do mato, jacarés, lagartos e diversas espécies de serpentes.
Já a segunda formação litorânea encontrada no Brasil é o manguezal, típico de todas as costas de países tropicais e subtropicais e caracterizado com um ambiente de transição entre o mar e a terra, sujeito ao regime das marés. Ele possui enorme importância, pois serve como ambiente de alimentação, proteção, reprodução e berçário para uma grande diversidade de espécies. No Brasil, os manguezais se concentram no norte, em algumas partes do sudeste (foz de rios perenes protegidos das marés) e poucos locais da região sul (somente em locais protegidos das fortes ondas).
Para que haja o manguezal, é necessário que a geomorfologia seja facilitada pelas formas meândricas dos rios próximos à foz devido à deposição de sedimentos, uma vez que o solo dessas regiões é composto primordialmente por substrato de matéria orgânica.
Sua flora tem como principal característica a raiz radicular, que cresce poucos centímetros abaixo da superfície e desponta para cima, sendo responsável por efetuar as trocas gasosas. A reprodução dessas plantas ocorre por viviparidade, na qual as sementes permanecem nas árvores até que tenham reservas nutritivas suficientes para se alimentarem no período em que ficam flutuando na água, sendo que a germinação ocorre por meio da dispersão de propágulos.
A fauna dos manguezais é composta por caranguejos, seus seres residentes, peixes, camarões e uma infinidade de aves, mamíferos e répteis.
Vegetação de praia e dunas
Os dois últimos tipos de formações litorâneas existentes na costa brasileira são compostos pela vegetação de praia e dunas. Trata-se de áreas que sofrem influência de inúmeros fatores ambientais, incluindo chuvas, ventos, maré e ondas, o que faz com que as regiões sejam bastante dinâmicas.
Assim como na restinga, o substrato é formado por areia e conchas, o que limita a ocorrência de diversos tipos de plantas e grupos de animais. Por isso, são formações litorâneas consideradas de baixa diversidade.
A vegetação varia de acordo com a região, sendo composta por fungos e algas próximas ao mar, plantas com rizoma, alguns poucos arbustos e epífitas presentes no extrato arbustivo, incluindo bromélias, musgos, orquídeas, e líquens.
Ainda assim, são regiões importantes, pois apesar de sua população permanente ser composta por invertebrados, servem como área de descanso para aves migratórias, falcões e mamíferos e área de desova para tartarugas.
Assim, independente do tamanho da região que ocupam e da quantidade de plantas e animais que abrigam temporária ou permanentemente, as formações litorâneas são biomas extremamente importantes, mas que devido à atividade do homem, se encontram bastante devastados, uma vez que as regiões litorâneas são as que possuem maior concentração de pessoas.