Resumo pampa

Geografia do Brasil,

Resumo pampa

O pampa, também conhecido pelos nomes de Campos do Sul, Campos Sulinos ou Campanha Gaúcha, é um bioma compartilhado entre Brasil, Argentina e Uruguai. O termo é de origem indígena e significa “região plana”. No território brasileiro, está localizado exclusivamente no sul do Rio Grande do Sul, estendendo-se do litoral até a fronteira oeste por uma área de aproximadamente 176 mil km², o que representa cerca de 63% da área estadual e 2% da nacional.

Resumo pampa

Características geográficas dos pampas

O aspecto da paisagem é o de uma extensa área de tapete verde, pois possui regiões de campos distribuídas entre coxilhas (elevações) e amplas planícies. O bioma é formado principalmente por vegetação campestre, como gramíneas, árvores rasteiras, herbáceas, arbustos e pequenas árvores. Próximo aos cursos d’água e das encostas de planalto, no entanto, a vegetação ganha densidade e variabilidade. Além disso, áreas alagadas e banhado também fazem parte do bioma sulista.

Em geral, o solo é fértil com elevado potencial para o desenvolvimento de atividades agrícolas, especialmente nas áreas de terra roxa. As pastagens características da região estão diretamente relacionadas às atividades socioeconômicas ali historicamente desenvolvidas, com predominância da lavoura – destaque para as culturas do arroz, milho, trigo e soja – e da pecuária extensiva, principalmente a criação de gado cuja base alimentar é o pasto nativo.

Nos pampas coexistem duas bacias hidrográficas, a do Rio da Prata e a Costeira do Sul, e ainda parte significativa do aquífero Guarani, o maior aquífero do mundo, que é compartilhado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Os corpos d’água representam em torno de 10% do bioma, sendo os rios mais importantes o Santa Maria, o Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Há também diversas lagoas e lagos na região mais próxima ao litoral, como a Lagoa dos Patos e a do Mirim.

O clima é temperado, do tipo subtropical úmido, com grande amplitude térmica durante o ano e estações bem definidas. O verão costuma ser quente, com o termômetro superando facilmente os 30°C, enquanto o inverno é frio e rigoroso, com temperaturas negativas marcadas pela ocorrência de geadas e neve. Por isso, a temperatura média anual é de aproximadamente 18°C e as chuvas são distribuídas de forma regular ao longo dos 12 meses.

Biodiversidade dos pampas

A região constitui um importante patrimônio natural da biodiversidade. Apresenta uma composição de fauna e flora única, que, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), soma cerca de 3 mil espécies de plantas, sendo mais de 350 somente de gramíneas, além de espécies de leguminosas e de cactáceas. Entre as frutas típicas do pampa está o araçá, o butiá, a feijoa e a pitanga. Já em termos de vida animal, o pampa tem quase 500 espécies de aves, como a ema, o joão-de-barro e o quero-quero, e mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, como o preá e o veado-campeiro. Boa parte das espécies são endêmicas e algumas estão ameaçadas de extinção.

A região também originou diversas variedades de culturas crioulas de milho, batata-doce, pimentas, entre outras, devido principalmente à heterogeneidade da ocupação do território, que incluiu povoamento de portugueses, espanhóis, indígenas, africanos e dos colonos italianos, alemães e franceses.

Além de constituir um patrimônio natural, o pampa também é considerado um patrimônio genético e cultural da biodiversidade. É o habitat de variedades únicas de espécies com potencial de descoberta e uso de princípios ativos para o desenvolvimento de fármacos, cosméticos e outras indústrias. Ademais, abriga uma cultura própria associada à ocupação deste espaço, com valores, hábitos, vestimentas e símbolos típicos associados à figura do gaúcho. A tradição é também partilhada por aqueles que habitam os pampas uruguaio e argentino.

A vegetação das áreas de campo tem um papel importante na prestação de serviços ambientais: ela contribui para o sequestro de carbono (e consequente para a mitigação das mudanças climáticas) e para o controle da erosão do solo. Apesar deste valor imensurável, o pampa vem sofrendo crescente redução de diversidade biológica, com espécies ameaçadas de extinção e perda de qualidade dos solos – inclusive com processos de erosão. O motivo é antropogênico, por causa da mudança no uso da terra, resultado de séculos de pecuária extensiva sem a utilização de manejo adequado. Esta atividade é ainda é uma das principais atividades econômicas de toda a região.

Uma das formas de evitar a perda e a deterioração dos pampas é por meio da criação de áreas de conservação. Porém, o pampa é o bioma com menor quantidade percentual de unidades de conservação ambiental em comparação a outros biomas brasileiros (como a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, etc.). Uma delas é a Estação Ecológica do Taim, área de alagados criada por Decreto em 1986 e que está localizada no sul do Rio Grande do Sul, próxima à fronteira com o Uruguai. Outra região importante é a Área de Proteção Ambiental do Rio Ibirapuitã. Além da criação destas zonas, outra forma de evitar a diminuição da biodiversidade é por meio do incentivo de atividades sustentáveis, que possam assegurar o desenvolvimento econômico, social e ambiental.