Petrodólar

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Petrodólar

O petrodólar é um tipo de divisa obtida em transações – sobretudo exportações – de petróleo. Esse padrão monetário foi adotado no início dos anos 70, após um acordo entre Estados Unidos e Arábia Saudita. O pacto envolvia a negociação de barris de petróleo em dólares da Reserva Federal, a troca de armamentos americanos e a proteção militar dos campos petrolíferos sauditas.

Petrodólar

Nos anos seguintes o contrato passou a ser expandido. As regras para a negociação de petróleo também foram adotadas por outros países. Em um momento, qualquer nação que desejasse comprar o combustível fóssil estava obrigada a trocar sua moeda nacional por dólares americanos.

O constante intercâmbio de petrodólares e dólares fez com que a demanda por dólares artificiais crescesse no mundo todo. Iniciou-se um grande ciclo de produção e lucro, pois conforme aumentava a necessidade pelo produto, crescia também a produção da moeda americana.

Os Estados Unidos tiveram uma posição privilegiada conforme passavam os anos. O resultado das transações com petrodólares foi um forte crescimento da economia americana. Isso porque o país se tornou um artífice exclusivo do novo modelo monetário.

O petrodólar foi um dos elementos que permitiu que os Estados Unidos pudessem exercer um grande domínio sobre a economia global, que chega até os dias de hoje. Podemos ver esse poder através dos números do comércio de petróleo: os 6,5 bilhões de dólares, que se movimentam anualmente no comércio de combustível, representam 10% do PIB mundial e 40% do PIB dos Estados Unidos.

No entanto, nos últimos anos esse cenário vem mudando. Já são vários países que demonstraram vontade de utilizar as próprias moedas nacionais nas transações com petróleo. Entre os principais defensores da ideia estão os países do BRICS, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

A consequência do afastamento dos países em relação ao petrodólar será o lento declínio do dólar. Por causa disso, os analistas preveem fortes pressões inflacionárias no petróleo e inúmeras tensões nas relações entre os países petroleiros e os Estados Unidos.

O termo Petrodólar

O inventor do termo petrodólar foi Ibrahum Oweiss, um professor de economia que lecionava na Universidade de Georgetown. Ao estudar o contexto em que se encontravam os países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), achou necessário inventar uma palavra que descrevesse a situação. A venda do petróleo permitia a esses países uma prosperidade financeira e um investimento nas economias de outros países com os quais negociavam.

O termo começou a ser popularizado nos anos 70, década que iniciou com uma crescente elevação nos fluxos das divisas de petróleo. Em 1973 aconteceu uma grande crise no comércio do combustível, caracterizada pela elevação do preço do seu valor. Como os países possuíam limitações na economia interna, passaram a usar as divisas no mercado financeiro internacional. O resultado disso foi uma grande liquidez financeira.

A palavra petrodólar passou a ser muito utilizada para descrever as vantagens financeiras dos países da OPEP no final do século XX. Alguns políticos árabes reclamaram – e ainda reclamam – que o termo era ofensivo porque estereotipava produtores de petróleo de países em ascensão econômica. O reclame contribui para o debate sobre a mudança de padrão monetário nas transações.

O dólar e o petrodólar

A decorrência da utilização do petrodólar se deveu à grande influência que gozava a moeda americana. Até hoje as transações comerciais e cambiais feitas no mundo usam como referência o dólar. Isso não podia ser diferente, devido à importância dos Estados Unidos no cenário mundial. Mas isso tem mudado nos últimos anos, principalmente devido ao crescimento do euro no mercado globalizado.

A perda do protagonismo americano também está relacionada ao fato dos grandes produtores rejeitarem, em parte, o dólar. Alguns países que integram o OPEP já não se limitam a transações em dólares. Muitas moedas consolidadas são usadas nas negociações, o que também tira o status da moeda americana.

Durante algum tempo, até houve um rumor de que os países da OPEP trocariam a moeda do comércio. Ao invés de dólares, utilizariam o yuan, a moeda chinesa. O termo utilizado então seria o “petroBRIC”. No entanto, essa hipótese demonstrou-se impraticável mais tarde.

As nações perceberam que uma troca do dólar pelo yuan causaria um desastre na economia dos Estados Unidos. Um balanço comercial negativo se sustém apenas no fato de que o dólar é uma divisa de reserva. Então, mesmo com a pressão de alguns países membros da OPEP, como Irã, Venezuela, e os países do Brics, não houve uma troca definitiva.

De outro lado, há as consequências do petrodólar à economia europeia. A demanda pela moeda é um fator significativo para o aumento do déficit dos estados europeus. Uma dos efeitos é o crescimento da inflação, já que a tendência natural dos preços do petróleo é aumentar e voltar cada vez mais voláteis. Muitos especialistas argumentam que o comércio de petróleo, em longo prazo, dá carga significativa de valor para a divisa na qual se faz câmbio.