Tempestade Solar
O Sol, maior estrela do sistema solar e com uma massa 330 mil vezes maior do que a da Terra, não é um astro estático. Seu corpo está em constante oscilação, o que inclui explosões de radiação violentas. A esse fenômeno damos o nome de tempestade solar.
Tais explosões são assunto de discussão de tempos em tempos, já que as ferramentas de monitoração espaciais nos avisam com antecedência sobre a chegada dessa radiação. Os efeitos na Terra podem ser preocupantes, pois as erupções afetam diretamente nossos serviços elétricos, eletrônicos e de telefonia, apesar de não haver provas de um efeito negativo em seres humanos. Como vivemos em uma era que depende enormemente de energia elétrica e de sistemas de comunicação, uma tempestade solar grande o bastante poderia causar danos sérios pelo tempo em que durar.
O Sol e as explosões solares
Para entender o fenômeno, é preciso entender o astro rei. O Sol é composto em 98% por Hidrogênio e Hélio, sendo os outros 2% alguns elementos mais pesados, como oxigênio e carbono. Sua formação consiste em plasma, denso no centro e cada vez mais gasoso no exterior. A relação do núcleo da estrela com sua superfície é forte e demorada: a energia produzida no cerne do Sol pode demorar até um milhão de anos para chegar até a camada externa, chamada de coroa solar. Daí para o nosso planeta, porém, são apenas oito minutos.
O Sol costuma passar por períodos de maior ou menor atividade, que costumam variar em torno de 11 anos entre cada pico. No auge, as erupções solares lançam para o sistema solar partículas até 13 vezes maiores que a Terra.
A tempestade solar (ou tempestade geomagnética) funciona da seguinte forma: as bolhas de energia formadas no núcleo do Sol chegam até a coroa solar a uma temperatura de 1,5 milhão de graus centígrados, formando os chamados anéis coronais; em seguida, elas esfriam e se chocam novamente com o astro, causando ejeções de massas coronais que podem transportar até 10 milhões de toneladas de gás eletrizado. Essas partículas se deslocando pelo espaço são chamadas de vento solar e, dependendo do nível da atividade do Sol, pode variar entre velocidades de 400 km/h até 1,6 milhão de km/h.
As erupções solares são classificadas de três maneiras: Classe C, Classe M e Classe X. A primeira comporta pequenas explosões que não chegam a afetar o planeta Terra. A segunda consiste de erupções de média intensidade e que pode afetar os nossos polos. Já a Classe X é aplicada nas agitações mais intensas e que podem interferir nas atividades eletromagnéticas de todo o mundo.
A tempestade solar, quando singela, também é responsável por outro fenômeno: as Auroras. Tanto a aurora boreal (no polo norte) quanto a aurora austral (no polo sul) ocorrem quando as partículas expelidas chegam e se encontram com os átomos de oxigênio e de nitrogênio da nossa atmosfera, emitindo uma radiação no comprimento da luz visível. A radiação é atraída para os polos por serem as regiões mais frágeis do planeta.
Efeitos e consequências na Terra
Já ficou claro que o vento solar, causado pelas erupções, afeta diretamente o campo eletromagnético da Terra. Isso acontece em etapas: primeiro, o vento solar pressiona e comprime a magnetosfera e, em seguida, os campos magnéticos de ambos transferem energia e aumentam a circulação de plasma e na corrente elétrica da ionosfera e da magnetosfera.
Os principais eventos que podem ser causados por tempestades solares são:
• Interferências elétricas
Ondas de descarga elétrica em cabos de transmissão, o que pode ocasionar em queima de dispositivos, curtos-circuitos, panes gerais em sistemas de distribuição de energia e blecautes.
• Prejuízos financeiros
Em casos extremos, devido às falhas na energia elétrica, os prejuízos podem chegar a bilhões, atingindo indústrias, empresas, hospitais, escolas e residências.
• Perturbações em satélites
A reação da atmosfera em tempestades geomagnéticas é aquecer e expandir, o que pode modificar a órbita de diversos satélites ou danificar seus sistemas. Esses satélites fazem funcionar nossa telefonia, internet e diversos outros serviços e podem trazer transtornos, além dos satélites usados para propósitos de monitoramento ou mesmo militar.
• Falhas em dispositivos
Sinais de rádio, de televisão, de telefones celulares e aparelhos de navegação (GPS e bússolas, por exemplo) podem sofrer interferências.
Uma grande explosão solar pode realmente causar danos severos ao planeta. A maior tempestade do tipo já registrada ocorreu em 1859, no chamado Evento Carrington, onde o vento solar foi tão intenso que sistemas de telégrafos da Europa e da América do Norte queimaram e auroras puderam ser vistas no Havaí e em Cuba. Se algo similar acontecesse atualmente, os estragos seriam de trilhões de dólares. As chances de uma repetição, porém, são de 12%.
A NASA mantém uma frota de naves heliofísicas para monitorar o espaço entre o Sol e a Terra e o último ciclo de alta atividade do Sol ocorreu em 2013.