Terraceamento
O terraceamento é uma técnica de agricultura desenvolvida pelo povo Inca há centenas de anos. Consiste em uma forma de plantio em terraços construídos sobre terrenos muito inclinados, formando grandes degraus que ajudam a escoar a água das chuvas, diminuir o efeito da erosão e assim proteger o solo de possíveis danos causados pela força das águas pluviais.
No que consiste o terraceamento
Em um terreno bastante inclinado, a terra é remanejada de forma a constituir uma grande escada, onde a cultura é realizada em cada degrau. Com essa formação, ao cair sobre o solo, a água das chuvas não adquire tanta velocidade e assim não retira os sedimentos depositados no solo, que são importantes para o desenvolvimento das culturas agrícolas. Isto acontece pois, ao se chocar com os terraços, a água escorre de maneira superficial e horizontal, com bem menos força do que se fosse sobre um piso liso e inclinado.
Os Incas desenvolveram esta técnica pois boa parte da área que tinham à disposição para plantar ficavam em partes do solo de grande altitude e em territórios muito acidentados, com grande inclinação. Dentre suas terras, eram poucos hectares disponíveis em terreno plano, por isso a invenção do Terraceamento possibilitou que muito mais do solo pudesse ser cultivado e gerasse alimentos para a população.
Além do Terraceamento para conter a água das chuvas, também existe uma modalidade de Terraceamento desenvolvida para redirecionar a água para ser reaproveitada em outros lugares – o Terraceamento de drenagem, como costuma ser chamado. Desta forma, um sistema de drenagem que pode ou não ter tubulações encaminha a água para outros locais onde possa ser aproveitada por outras plantações ou para outros fins.
É importante destacar que Terraceamento não é a mesma coisa que a plantação em curvas de nível, como pensam muitas pessoas. A diferença está no fato de que as curvas de nível já se aproveitam do solo acidentado, enquanto que no Terraceamento, os “acidentes” (degraus) são construídos artificialmente.
Desvantagens
O terraceamento pode se mostrar uma técnica altamente eficiente no melhor aproveitamento da água e na proteção do solo contra a erosão, no entanto, ele possui alguns problemas. O principal deles está relacionado ao custo para a sua construção e manutenção. Como os terrenos onde é aplicado são muito íngremes, às vezes pode não ser possível o uso de máquinas para a construção dos terraços, dependendo do trabalho manual de muitos homens para realizar o deslocamento da terra adequadamente.
Além disso, o terraceamento pode ter o efeito contrário ao esperado se o solo não for realmente indicado para a instalação desta estrutura de cultivo. Por isso a aplicação desta técnica deve ser muito bem estudada e planejada em sua relação custo-benefício para que o agricultor não acabe com dores de cabeça maiores no futuro.
Tipos de terraceamento mais comuns no Brasil
Os dois tipos mais comuns de terraceamento são o de tipo Nichols e o de tipo Maghnum. Possuem formas de construção e manutenção diferenciadas, com configurações geográficas distintas. Conheça agora um pouco mais sobre cada uma destas técnicas de terraceamento.
Terraceamento de Tipo Nichols: Este tipo de construção é recomendada para solos com inclinação de 15% a 18%, ou seja, um desnível relativamente leve e bastante comum nas zonas agrícolas de cultivo do Brasil. Sua boa realização também depende do tipo de palharia presente no solo, o que pode aumentar o nível de proteção do terreno contra a erosão da chuva.
O solo deve ser cortado com arado, com movimentos que sempre se iniciem em cima e acabem em baixo. Desta forma, a massa de solo que forma o “degrau”, também chamado de camalhão, é retirada da parcela imediatamente superior do terreno, formando o canal para a dispersão da água.
Terraceamento de tipo Maghnum: Este terraço costuma apresentar uma largura maior do que no terraço de Nichols. Isto acontece porque é um tipo de construção mais comum em territórios mais inclinados, e que exigem uma força maior de trabalho, requerendo até mesmo o auxílio de um trator.
Outra diferença dos terraços de Maghnum em relação aos anteriores é que nesta formação é retirada terra não apenas da parte superior, mas como também da intermediária da faixa de solo que permanecerá inclinada, criando um vão maior entre ela e o terraço em si.
Este tipo de terraço, com base larga, é recomendado para solos arenosos, como o Latossolos e Neossolos Quartzarênicos. Ela permite que toda a faixa seja cultivada, e torna mais fácil ainda o manejo e as operações cotidianas de preparo e manutenção da terra para o plantio.
Onde mais se aplica a técnica
Os terraços brasileiros não costumam apresentar uma formação de escadaria, como os asiáticos, por exemplo. No entanto, eles precisam enfrentar uma formação geográfica muito mais acidentada e uma plantação que precisa da retenção de água, que é a cultura do arroz. No sudoeste e sudeste do continente asiático estão as maiores concentrações destas construções.