Brasil Colônia: Segundo Reinado – Segunda Fase (1850-1870)

História do Brasil,

Brasil Colônia: Segundo Reinado – Segunda Fase (1850-1870)

Brasil Colônia

O reinado de D. Pedro II, ou Segundo Reinado (1840-1889), pode ser dividido em três fases:

– Primeira Fase: de 1840-1850: período de consolidação do novo governo;

– Segunda Fase: de 1850-1870: período de estabilidade política e econômica;

– Terceira Fase: de 1870-1889: decadência do império monárquico-escravista, que cedeu lugar à república.

Neste texto, vamos tratar da segunda fase do Segundo Reinado. Continue lendo!

Política interna e externa

A década de 1840 foi marcada por disputas acirradas pelo poder entre liberais e conservadores; apesar de a Revolução Praieira, em Pernambuco, um dos mais importantes levantes liberais, ter durado até 1852, na década seguinte os dois partidos do império passaram a maior do tempo em paz, se alternando no poder ou até mesmo dividindo-o.

Apesar dos nomes diferentes, na verdade estes partidos não defendiam plataformas diferentes entre si, pois ambos eram comandados pela elite agrária escravocrata, zelando apenas pela manutenção dos seus privilégios.

Um desses privilégios, manter escravos, começou a ser ameaçado já em 1846, quando a Inglaterra decretou uma lei que lhe permitia aprisionar navios negreiros inclusive em águas brasileiras, o que na prática obrigou o governo brasileiro a assinar a Lei Eusébio de Queiroz em 1850, tornando crime o tráfico internacional de escravos (embora não entre as províncias).

Uma característica marcante do Segundo Reinado foi a estabilidade política alcançada, que contrastava com o caos do período anterior, a Regência (1831-1840). No entanto, isso não quer dizer que não houve levantes sangrentos, das mais diversas camadas da população, pelos mais diferentes motivos. A questão era que a polícia dominava a situação antes que se agravasse (mas não sem prisões arbitrárias, torturas, assassinatos de muitas pessoas, principalmente se pertenciam às classes mais baixas da população).

Duas coisas marcaram a política internacional do Brasil nessa época: a relação de dependência econômica com a Inglaterra, que apesar disso nem sempre foi pacífica, e a Guerra do Paraguai (1864-1870), que foi quando o império começou a morrer e o abolicionismo ganhou mais força.

A guerra foi ocasionada por vários fatores, destacando-se os seguintes:

– O General Solano López, presidente do Paraguai, começou uma política expansionista pelo Brasil e Argentina, a fim de abrir caminho para o mar;

– A autonomia política e econômica do Paraguai ameaçava os interesses imperialistas da Inglaterra na Bacia do Prata, que financiou a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai).

Além de a guerra ter massacrado a população paraguaia e destruído sua economia, teve os seguintes efeitos no Brasil:

– Politização dos soldados (muitos deles escravos alforriados abandonados pelo governo depois da guerra), que se tornaram republicanos e positivistas e passaram a fazer campanha pela proclamação da república, mesmo sendo severamente reprimidos pelo governo imperial;

– Descontentamento dos senhores dos escravos que foram para a guerra, que não foram indenizados pelo governo;

– Gerou uma imensa dívida brasileira com a Inglaterra, responsável pela grave crise econômica das duas décadas finais do Império, e que matou o boom de industrialização que estava ocorrendo no Brasil até então.

Economia

Um dos efeitos positivos da Lei Eusébio de Queiroz foi que o capital acumulado pelo Império para importar negros da África passou a ser investido no desenvolvimento de atividades econômicas como o comércio e a indústria. Somando-se isso à estabilidade política e ao aumento dos impostos para a importação (o que descontentou principalmente a Inglaterra), estava criado o cenário propício para o aumento da industrialização no Brasil: fábricas têxteis, de seguros, bancos, entre inúmeras outras começaram a registrar patente em vários lugares, diversificando a economia.

Um dos nomes que se destaca nesse sentido é o do Visconde de Mauá, empresário que investiu, entre outras coisas:

– Em navios para a marinha mercante e de guerra;

– Reorganização do Banco do Brasil e criação do Banco Mauá;

– Em companhias de navegação a vapor no Amazonas e no Rio Grande do Sul;

– Na iluminação a gás do Rio de Janeiro (que logo foi adotada por outras capitais);

– Na instalação do primeiro cabo telegráfico no Brasil, que ligou o nosso país à Europa;

– Na construção de estradas de ferro, em parceria com a Inglaterra.

Além disso, foi o momento em que o café que ganhou a sua grande importância como primeiro produto de exportação brasileiro, que perdurará até o fim da República Café-com-Leite (1930). De 1830 a 1860, o cultivo estava concentrado no Vale do Paraíba, região entre São Paulo e Rio de Janeiro, cujos fazendeiros (os “barões do café”) ainda insistiam no trabalho escravo e na pouca adesão às novas tecnologias, o que os fazia colher menos que os cafeicultores do Oeste Paulista, que começaram a ganhar importância na década de 1860. Estes cultivavam na terra roxa, excelente para esta cultura, e foram os primeiros proprietários no Brasil a substituir a mão-de-obra escrava pela assalariada dos imigrantes europeus, sendo os primeiros financiadores dessas viagens. Além disso, investindo nas mais modernas tecnologias da época, produziram mais café que seus concorrentes do Vale do Paraíba, logo conquistando mais poder econômico que eles.