Governo Collor de Mello

História do Brasil,

Governo Collor de Mello

O governo Collor de Mello marcou a volta da democracia com a eleição direta para presidente após 21 anos de ditadura militar. Numa campanha marcada pelo fortíssimo apelo de marketing, Fernando Collor de Mello tomou posse a presidência da república com apenas 40 anos e ganhando de figuras tradicionais como Lula, Brizola, Ulisses Guimarães e Mario Covas.

O caçador de marajás, como ficou conhecido, iniciou se governo causando grande impacto na economia do país e logo atingiu grande rejeição popular, que culminou com o fracasso dos planos implantados e as gravíssimas denúncias de corrupção que envolviam ministros e a primeira dama, eclodindo com a denúncia de seu irmão sobre esquemas de corrupção de sua campanha, liderados por PC Farias.

Collor de Mello colecionou marcas históricas: foi primeiro presidente eleito diretamente após a ditadura militar, o mais jovem e também o primeiro a sofrer impeachment e interromper seu governo na metade, sem que houvesse algum tipo de golpe de Estado.

Uma ditadura entre Jânio Quadros e Collor de Mello

Usando uma vassoura como símbolo de sua campanha política, onde prometia acabar com a corrupção do país, Jânio Quadros foi eleito o vigésimo segundo presidente do Brasil. Mas seu mandato não durou muito já que tomou posse em 31 de janeiro de 1961 e renunciou em 25 de agosto do mesmo ano, por pressões militares.

Fui substituído pelo vice João Goulart, o Jango, com muita controvérsia e que manteve não só os planos de governo de Jânio como também iniciou reformas de base e projetos sociais bastante relevantes para a população, mas mal visto pelos militares, a classe média, as elites e empresários. Até que foi destituído em 1964 por um golpe militar que durou 21 anos e que deixou um legado triste para a maior parte da sociedade brasileira, através de censuras, exílios, torturas, desenvolvimento desenfreado, dívidas externas e omissão.

Em 1985 surgiram campanhas em todo o país chamadas de Diretas Já, pedindo não só o fim do regime militar, mas também a volta da democracia com o direito do voto para presidente da república. Neste mesmo ano foram eleitos os civis Tancredo Neves e seu vice José Sarney, mas por meio de voto indireto através da câmara de deputados federais.

No dia de sua posse, no dia 15 de março de 1985, Tancredo Neves foi internado com diverticulite e morreu em 21 de abril do mesmo ano e Sarney assumiu o governo sendo o primeiro presidente civil após a ditadura. Junto a sua posse também ocorreu a dos deputados constituintes que fizeram uma nova Constituição, inclusive instaurando as eleições diretas para presidente em 1989.

A principal marca do governo Sarney foi a hiperinflação anual de 235% em média, um verdadeiro colapso na economia que criou vários planos econômicos e mudanças na moeda, em tentativas frustradas de conter o naufrágio.E foram as promessas de levantar a economia do pais, restaurar a democracia e a autoestima dos brasileiros que ilustraram os discursos dos candidatos a presidência da república. A população já estava ansiosa por eleições diretas e nomes famosos como Leonel Brizola, Lula, Maluf e Mário Covas, estavam presentes na vasta lista de 22 candidatos e de novos partidos, mas era um desconhecido pela maioria que despontava desde o início.

Com uma campanha semelhante a Jânio Quadros, Fernando Collor de Mello também prometia acabar com a corrupção no país. Prometendo acabar com os marajás da política com um caçador e mudar a economia do país, Collor fez uma campanha com forte apelo do marketing, demagogia e exibicionismo, com frases de efeito que convenceram a população de que era o candidato certo para acabar com a corrupção.

Mesmo que a bandeira da corrupção seja a mesma de Jânio Quadros, seu perfil era o oposto. Jovem, carismático e rico, Collor fazia parte de uma tradicional família de Alagoas, com histórico político e donos de redes de comunicação da região. Tinha o apoio de empresários, indústrias, elites e mídias, que geraram inúmeras controvérsias sobre manipulação e favorecimento. Curiosamente, também atraiu as camadas mais pobres da população, chamadas de “descamisados”’.

Conforme a nova lei, nenhum candidato conquistou a maioria dos votos válidos e foi preciso recorrer a um segundo turno entre os dois mais votados, Collor e Lula. Com assumidas vantagens em debates em redes de TV e sem pudores para vincular notícias falsas sobre o candidato adversário, causou pânico a parte da população, que o tornou o presidente do Brasil mais jovem da história e o primeiro eleito diretamente desde 1960.

Ascensão e queda de Collor

No ano que antecedeu sua posse, a inflamação atingiu o recorde de 1972,91%, tornando o assunto prioridade para qualquer presidente eleito, o que causou uma grande expectativa sobre Fernando Collor de Mello, que calçou sua campanha em mudar esse quadro e acabar com os corruptos.

No dia seguinte a sua posse foi decretado feriado bancário com a ajuda de Sarney e a nova ministra da economia Zélia Cardoso de Mello foi em cadeia nacional explicar como seria o Plano Brasil Novo ou Plano Collor como ficou mais conhecido. Era a volta do cruzeiro, congelamento de salários e preços, diminuição da estrutura administrativa com extinção de ministérios e órgão, e a mudança mais impactante de todas, o confisco dos depósitos bancários maiores que Cr$ 50.0000,00 por 18 meses.

O intuito do confisco era diminuir a quantia de moeda em circulação e melhorar os cálculos das aplicações financeiras. Aprovado pelo Congresso Nacional, o confisco bancário era ia contra os princípios da nova Constituição que dá direito a propriedade privada do cidadão. O assunto foi um debate recorrente pelos candidatos à presidência e não fazia parte da proposta de Collor.

A repercussão do plano entre a população foi a pior possível, com muitas pessoas perdendo seus negócios e poder aquisitivo, até mesmo houve casos de suicídio. No Congresso, Collor também não gozava de tranquilidade, já que sua legenda (PRN) tinha pouca tradição política e representatividade e o próprio Collor não se sentia a vontade de negociar com os parlamentares para que seus projetos fossem aprovados. Para compor seu ministério inicial, Collor optou por perfis técnicos e acadêmicos contra composição de políticos de carreira, até ceder em 1992 quando se instaurou uma grave crise de seu mandato.

O Plano Brasil Novo teve um breve momento de controle inflacionário, para então agravar ainda mais a economia. Junto a essa derrota, denúncias graves que envolviam pessoas ligadas diretamente ao presidente iniciou o declínio do mandato de Collor de Mello. As denúncias começaram em 1991 culpando ministros, amigos e até a primeira dama Rosane Collor de atos ilícitos e de corrupção.

Mas o grande detonador de seu governo aconteceu quando seu irmão, Pedro Collor e Mello concedeu uma entrevista a Veja onde revelou detalhes do esquema de corrupção comandado por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello.

As denúncias provocaram forte comoção nacional levando as ruas os chamados “Caras Pintadas””, que pressionaram o Congresso a realizar o impeachment do presidente. Em 29 de setembro e com maioria esmagadora, o processo de impeachment foi iniciado e Collor renunciou antes do resultado final dado pelo Senado, deixando a vaga de presidente para seu vice Itamar Franco.