Invasão Holandesa no Brasil: Histórico, Causas e Efeitos
Durante todo o processo de colonização, o Brasil permaneceu dominado predominantemente pelos portugueses. Mas você sabia que a Holanda também fez questão de marcar presença por aqui? Um dos momentos mais importantes e decisivos da nossa história foi a invasão holandesa, por isso, é importante conhecer os detalhes a respeito desse assunto!
O que foi a invasão holandesa?
Na verdade, não foi apenas uma, mas sim duas invasões holandesas que aconteceram no Brasil. Mas é preciso dizer que, antes disso, já havia uma relação econômica entre o nosso país, na época, colônia de Portugal, e a Holanda, que investiu em equipamentos para refinar o açúcar produzido nessas terras.
Em 1580, Portugal sofreu a dominação da Coroa Espanhola (período que ficou conhecido como União Ibérica), que duraria até 1640. Uma das primeiras determinações da Espanha foi acabar com o acordo que havia entre Portugal e Holanda no negócio açucareiro. Os holandeses, que lucravam muito refinando o açúcar produzido no Brasil, não ficaram nada satisfeitos e isso acabou intensificando um clima de tensão que já existia. Vale lembrar que a Holanda foi colonizada pela Espanha e só se libertou em 1581.
A primeira invasão holandesa aconteceu em 1624, quando a cidade de Salvador foi ocupada. O objetivo principal era dominar o mercado de açúcar, controlando a sua produção, refinamento e comercialização. Mas essa primeira investida durou pouco, visto que em maio de 1825 eles foram expulsos (ressalte-se que essa expulsão não teve praticamente dificuldade alguma).
Mas é claro que os holandeses estavam realmente decididos a serem os “reis do açúcar” e não iam desistir tão fácil. Assim, cinco anos depois de terem sido expulsos, em 1630, executaram a segunda investida, dessa vez, ocupando o estado de Pernambuco. Também enfrentaram resistência, mas estavam mais preparados e permaneceram no território brasileiro, conquistando a região de Olinda e Recife.
É possível dizer que essa segunda invasão holandesa se consolidou de fato em 1637, quando a Companhia das índias Ocidentais (uma espécie de organização comercial que “organizava” a exploração do continente americano) determinou que Maurício de Nassau seria o governador do Brasil-Holandês, ou seja, do domínio holandês no Brasil.
Maurício de Nassau era um conde que cumpriu com sua função de governador de 1637 até 1644 e não há como negar que realizou uma boa administração. Foi nesse período que Recife deixou de ser apenas mais uma vila para se tornar uma cidade importante, graças ao processo de urbanização que foi empreendido. O governador mandou restaurar ruas, construir parques, praças e até a primeira ponte de toda a América Latina!
Além disso, Maurício também se esforçou para criar uma boa relação com os senhores de engenho de Recife e Olinda, para facilitar as negociações. A exportação de açúcar realmente cresceu muito, inclusive, com ajuda dos navios negreiros que não paravam de chegar ao porto de Recife. A atual capital pernambucana ganhava cada vez mais destaque e importância, recebendo profissionais da Europa e, inclusive, tendo bordéis muito frequentados.
Todas essas obras e ações faziam com que Maurício de Nassau fosse praticamente uma celebridade no Brasil, no auge da invasão holandesa. No entanto, a Holanda não estava tão satisfeita com o trabalho realizado por ele, já que as obras que mandava executar custavam muito dinheiro e o seu próprio salário era alto demais. Foi por isso que em 1644 ele foi obrigado a deixar o cargo de governador e voltar para a Europa, após ser acusado de improbidade administrativa.
Pois bem, antes mesmo que Maurício fosse mandado embora, no ano de 1640, a União Ibérica teve fim e D. João IV assumiu o trono português, terminantemente decidido a recuperar todo o território brasileiro e, para isso, precisaria expulsar os holandeses.
Nessa época, o cenário não estava muito favorável para a Holanda: depois da saída do governador, o país começou a adotar certas medidas que não agradaram os senhores de engenho, como por exemplo, o aumento significativo do valor dos impostos. Assim, foram os próprios senhores de engenho que iniciaram a campanha contra os holandeses, liderando batalhas importantes, como a de Guararapes.
De 1645 até 1654, aconteceu a chamada Insurreição Pernambucana, uma revolta popular liderada por João Vieira (senhor de engenho), Henrique Dias, André Negreiros e pelo índio Felipe Camarão. Assim, em 1654, os holandeses foram expulsos definitivamente.
E se a invasão holandesa tivesse dado certo?
Basta lembrar que Suriname e Indonésia são dois países que foram colonizados pela Holanda e que, hoje, não são desenvolvidos. Ou seja, se a invasão holandesa tivesse sido bem-sucedida, talvez a arquitetura nordestina tivesse a cara da Holanda, mas em termos de desenvolvimento e crescimento, é provável que não teria sido muito diferente do que foi.
Hoje, o Nordeste brasileiro é fruto desses movimentos que aconteceram no passado, que construíram a sua história e a cultura que atrai turistas de todo o Brasil e do mundo!