Reforma Protestante – Calvinismo

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Reforma Protestante – Calvinismo

O calvinismo é a manifestação de um movimento religioso que teve início ainda no curso da Idade Média, mas se intensificou a partir de Lutero, no início do século XVI.
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Em resumo, a reforma protestante foi um movimento que nasceu do combate às práticas da Igreja Católica, dominada pela corrupção, deslumbrada pelo poder e alicerçada sobre uma base conceitual impregnada pelo dogmatismo.

Aquele período foi responsável pela fragmentação da igreja cristã e estabeleceu as bases para a configuração atual. Até hoje a fé cristã se encontra dividida entre católicos e protestantes, muito embora a complexidade dos dias atuais seja muito maior que naquele período.

Ambiente propício à rebelião

A Idade Média, de um modo irônico, é chamada por muitos historiadores de idade das trevas. Irônico porque foi o período do apogeu da Igreja Católica, fundamentada na ideologia cristã.

As práticas da Igreja Católica naquele período não tinham, todavia, qualquer relação com os ensinamentos cristãos. Ao contrário: vivia mergulhada em corrupção, violência e perseguição, num exercício permanente de poder e luxúria.

O poder da Igreja Católica começou a ser construído a partir da sua transformação em religião oficial do Império Romano, tendo se ampliado com a conversão dos povos germânicos, que a fez expandir sua influência por todo o continente europeu.

O pode da Igreja Católica na Idade Média era tamanho, que, dizem os historiadores, chegou a ter a posse de dois terços das terras do velho continente. As grandes catedrais e mesmo a arte e literatura daquele tempo indicam a influência da religião católica na Europa.

Era esse poder, sobretudo sobre as consciências, que mantinha a ordem social. Na visão da igreja, era a vontade de Deus que os senhores de terra assim o fossem, da mesma forma que os servos naquela condição estavam porque assim deveria ser segundo a vontade divina.

As verdades absolutas eram sustentadas com repressão contra aqueles que a elas se opunham. No combate aos hereges, como eram conhecidos aqueles que se opunham aos dogmas católicos, a Inquisição perseguiu, prendeu, torturou e matou na fogueira milhares de pessoas.

Vale ressaltar, não obstante, que muito embora a cúpula da igreja se dedicasse mais à manutenção do poder do que aos ensinamentos cristãos, espalhando o terror pelo continente, o baixo clero, em grande parte, fazia o oposto, mantendo viva a prática cristã. Não por outra razão, o combate às superstições, degeneração moral, peregrinações, perseguições e intolerância religiosa nasceu precisamente no seio da própria Igreja Católica, que era onde havia conhecimento num período de trevas, marcado pela ignorância e falta de instrução das populações.

Além dos movimentos dentro da própria igreja o mundo começou a mudar. Com o movimento renascentista, a Europa começou a viver uma época de contemplação das tradições antigas e uma grande inquietação intelectual. Além disso, a expansão do comércio fortaleceu novos atores políticos. Além da nova burguesia, aumentou o poder dos príncipes, enquanto a monarquia reclamava o poder do Estado sobre o que a Igreja Católica ocupava.

Martinho Lutero foi o primeiro grande reformador. No início do século XVI, Lutero desafiou Roma, traduziu a Bíblia para o Alemão e ganhou grande notoriedade. Acabou fundando o luteranismo, religião cristã, que começou na Alemanha, mas se espalhou pelo norte da Europa. As bases do luteranismo eram a salvação somente pela graça divina e pela fé, glória conferida somente a Deus, sacerdócio universal e as escrituras como única fonte da religiosidade.

O surgimento do Calvinismo

A Lutero seguiram-se vários movimentos reformadores. A “Segunda Reforma”, comandada por Ulrico Zwínglio (1484-1531), e o movimento “anabatista” aprofundaram de forma radical os novos postulados estabelecidos por Lutero.

João Calvino, nascido em 1509, foi um francês que estudou teologia, humanidades e Direito em Genebra e viveu em contato com os movimentos protestantes, sobretudo quando de sua mudança definitiva para aquela cidade, em 1541, até sua morte em 1564.

Naquela época Calvino já havia aderido ao protestantismo. Ao que tudo indica, o termo “calvinismo” foi usado pela primeira vez em 1552. Chamado também de “Fé Reformada”, “Confissão Reformada” ou “Teologia Reformada”, o calvinismo foi, ao mesmo tempo, um movimento religioso e ideológico.

Os calvinistas ganharam a denominação de huguenotes (França), puritanos (Inglaterra), presbiterianos (Escócia) e protestantes (Holanda), tendo a doutrina se espalhado e fundamentado grande parte da religiosidade cristã atual.

O calvinismo está fundamentado em cinco pontos, estabelecidos durante o Sínodo de Dort, que reuniu 84 teólogos e 18 representantes seculares, 54 anos após a morte de Calvino, já no século XVII. Basicamente, do ponto de vista doutrinário religioso, o calvinismo sustenta que o homem não regenerado é incapaz de, por sua própria vontade, encontrar a fé em Cristo senão pela ação divina.

Segundo os cinco postulados, a vontade do Criador é incondicional e o plano para o homem não está condicionado pela fé, mas por um propósito divino. Para os calvinistas, a morte de Cristo se sucedeu para que apenas alguns escolhidos fossem salvos. Os espíritos vivos são levados de forma irresistível para Deus, que pela graça são tocados, não havendo o que se lhe possa opor ou autodeterminação do homem no caminhar para Deus.

O calvinismo estabeleceu um conjunto de doutrinas morais e pragmáticas, a partir das quais criou a base para a prosperidade financeira e econômica que alguns países do norte europeu puderam experimentar, como o valor ao trabalho árduo como ideal cristão, assim como a austeridade nos gastos e a economia de recursos.

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