Amor Cortês Medieval
O amor cortês medieval é um tipo de comportamento amoroso que se desenvolveu no Século XII. Esse comportamento surgiu no período conhecido por Baixa Idade Média (Século XI ao XV).
É caracterizado, principalmente, por idealizar a pessoa amada elevando-a a um plano divino, e também, pela busca de um ideal de cortesia. Havia ainda no amor cortês, o “jogo amoroso”, momento em que um homem passa a cortejar uma mulher casada, despertando a fúria do esposo e inflando o ego da mulher.
Gaston Paris foi quem definiu primeiros a expressão amor cortês, foi no ano de 1863 em um artigo.
Origem: Contexto histórico social
Mais do que um tipo de comportamento, o amor cortês pode ser considerado um conceito “europeu medieval” de atitudes, etiquetas e mitos que enalteciam o amor, em si. Surgido no contexto do trovadorismo medieval, pode-se dizer que as principais formas em que era representado eram: a poesia trovadoresca, as vidas de tais trovadores, e por fim, os romances corteses.
Há que se observar que esta forma de sensibilidade alterou algumas atitudes da época, por exemplo, os cavaleiros (praticantes do amor cortês) demonstravam a corte que os valores pessoais de um homem não podiam, nem deveriam, se basear apenas nas riquezas, no sangue, ou mesmo, nas façanhas militares, mas deveria ser identificado na cortesia, um comportamento social.
A maioria dos pesquisadores acredita que o amor cortês medieval tenha surgido primeiro, na Occitânia, região localizada entre o sul da França e da Espanha. Já as raízes deste comportamento podem ter suas origens na cultura árabe, presente nesta região por muitos anos.
Infere-se isso porque o povo árabe tinha como costume exaltar um ideal de mulher, e é a partir disso que uma nova forma amorosa nasce uma forma que representa uma união mística entre as almas dos amantes.
Diversos historiadores têm defendido que o amor cortês medieval e o trovadorismo junto formaram um dos mais belos períodos na História da Literatura Medieval. É importante ressaltar que esta nova forma de sensibilidade transformou, por completo, a imaginação dos chamados “homens medievais”.
Os trovadores e a corte
Basicamente acontecia da seguinte forma, trovadores, recitadores e músicos eram contratados pelos senhores feudais com o objetivo de animar a corte. A função dos trovadores era elogiar as mulheres dos nobres, mas sempre em um tom de subordinação e demonstrando, sobretudo, cortesia.
As cantigas compostas falavam de amor, além do sofrimento, que ocasionalmente, poderia existir se alguém amasse demais e não fosse correspondido. Tudo divulgado de maneira oral.
Com relação ao “jogo amoroso” acima citado, era permitido que os jovens trovadores, músicos e recitadores vivessem na corte, além disso, os senhores feudais permitiam que estes cotejassem suas esposas, entretanto nenhum tipo de relação física era permitida. De acordo com alguns pesquisadores este “triângulo amoroso” tinha sim um objetivo: fortalecer o casamento dos nobres, e também, a autoridade do senhor feudal sobre os jovens artistas.
A teoria do amor cortês
O amor cortês se define como platônico e idealizado. Por diversas vezes foi vivido apenas na imaginação dos homens e mulheres. Podemos destacar seis pontos principais que definem suas características, sendo eles:
1)O jovem artista é totalmente submisso a nobre dama da corte, isso também representa as relação vassalo-senhor feudal; 2)a amada é sempre perfeita, física e moralmente, além disso, ocupa um pedestal que está distante demais da realidade do homem que a corteja; 3)o amor passa a ser considerado um estado de graça e sua função é enaltecer a quem o pratica; 4)a condição mulher-homem enamorados é puramente aristocrática; 5)o homem que corteja a nobre dama ascende a algumas categorias (de suplicante a amante) até que possa falar com sua inatingível senhora; por fim, 6)por se tratar de um amor fruto do adultério o artista jamais irá usar o verdadeiro nome da dama em suas “peças”, trocando-o por codinomes, ou, pseudônimos.
O amor cortês nos dias atuais
Apesar de ter sido um movimento nascido na Baixa Idade Média ainda há resquícios do amor cortês nos dias de hoje. O exemplo mais fácil para percebê-lo é na música que entoa versos e letras sobre grandes amores, também sobre homens e mulheres perfeitos e inatingíveis, e por fim, sobre amores não correspondidos.
É importante destacar que o amor cortês medieval é recheado de oposições, por exemplo, a idealização e a erotização, uma constante no imaginário dos jovens artistas. E apesar de ser alvo de diversos questionamentos por parte dos historiadores não se pode negar que o amor cortês representou uma espécie de revolução, que muitas vezes foi imaginária, mas ainda sim, uma revolução.
Além disso, depois do amor cortês nota-se grandes acontecimentos históricos como a introdução de novas formas de pensamento para os “homens medievais”. Não se pode afirmar que esta forma de sensibilidade tenha sido a grande responsável por isso, mas certamente, ajudou a alimentar o imaginário de muitos na Baixa Idade Média.