Arcadismo: Contexto Histórico e Características

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Arcadismo: Contexto Histórico e Características

O Arcadismo, que também pode ser chamado de Neoclassicismo, surgiu no século XVIII, época que ficou conhecida como o Século das Luzes. Esse nome sugere que o movimento tratará de um novo olhar e um novo conceito, com relação à realidade. Esse novo olhar chegou para acabar com a estética do Barroco, que já estava demonstrando sinais de declínio. O movimento surgiu no ano de 1756 quando foi fundada a Arcádia Lusitana. O nome Arcadismo veio de uma região da Grécia Antiga chamada Arcádia, que era governada pelo deus Pan, onde habitavam pastores que se divertiam com a arte da poesia, que tinha características simples e espontâneas.

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A ideia da Arcádia trata-se do mítico de região do sonho, que surgiu com o idealismo Renascentista. Esse lugar é tido como uma região ideal para viver, muito bela, onde não existem problemas e nem paixões destruidoras que estão presentes na vida na cidade. Portanto, era um lugar perfeito que servia de abrigo para as ideias e, como esse lugar ficava no campo, os temas árcades estão geralmente ligados a uma literatura pastoril e bucólica. Ou seja, os autores se denominam pastores, revelando sentimentos de fuga para o paraíso do campo (Fugere Urbem), criando uma poesia ingênua e utópica, inspirada e motivada pela vida dos pastores.

O contexto histórico do Arcadismo

O Arcadismo surge durante o Iluminismo (movimento que defendia a razão como a melhor forma para atingir a liberdade, a autonomia e a emancipação), a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa (que tinha como mote a liberdade, igualdade e fraternidade) e, aqui no Brasil, a Inconfidência Mineira, que tinha o intuito de libertar o Brasil de Portugal. Além disso, a economia mundial passava por grandes mudanças, pois a indústria começava a crescer e, também, houve um grande desenvolvimento comercial com o Despotismo Esclarecido criado por Marquês de Pombal.

Os autores do Arcadismo rejeitavam as coisas inúteis e prezavam pelo contato com a natureza que, para eles, significava a felicidade e a harmonia. Os cenários da poesia árcade são as paisagens do campo e paisagens bucólicas, o que contrastava bastante com o cenário da época, que era justamente de avanço da indústria. O Arcadismo utilizava muito de frases em latim, como Carpe diem e Aurea Mediocrita, além de utilizarem pseudônimos (apelidos) gregos e latinos.

As ideias simplistas estavam muito presentes nas obras deste movimento e foram muito influenciadas pelo filósofo Rousseau, que criou a teoria do Bom Selvagem, na qual ele propunha que a figura do índio era idealizada, pois como ele vivia na natureza, ainda não tinha sido corrompido pela sociedade.

Segundo alguns autores, no Brasil existiram duas fases desse movimento, a poética e a ideológica. Na primeira fase, os escritores pregaram um retorno à tradição clássica, fazendo uso dos seus modelos e também valorizando a natureza e a mitologia. Já a fase ideológica foi influenciada pela filosofia iluminista, que traduzia, desde a crítica da burguesia culta, até os excessos da nobreza e do clero.

As principais características do Arcadismo

•Bucolismo e Pastoralismo: os poetas falavam sobre uma natureza que trazia tranquilidade e serenidade e procuravam o “Lócus Amoenus”, que era um abrigo calmo que ia contra as grandes cidades monárquicas.

•Aurea Mediocritas: os poetas se auto intitulavam pastores e afirmavam que a vida simples era melhor do que a cheia de luxos. Além disso, eles preferiam a vida levada de forma espontânea e equilibrada. Eles também acreditavam que para ser feliz, era preciso estar de bem com a natureza.

•Pseudônimos: na poesia árcade existia ainda o fingimento poético, no qual os escritores simulavam sentimentos e, para isso, eles se valiam de pseudônimos pastoris. Como na verdade eles eram burgueses que moravam em centros urbanos, se fingiam de pastores em suas obras para alcançar a aurea mediocritas, ou seja, o ideal da mediocridade dourada.

•Carpe diem: a frase em latim significa aproveitar o dia, viver o momento com grande intensidade. E era assim que os poetas viviam em seus poemas, pois, para eles, o tempo voava e todos os momentos deveriam ser vividos ao máximo.

•Inutilia Truncat (Objetivismo): tudo que era inútil na escrita era retirado. Os árcades usavam uma linguagem refinada, sem nenhum tipo de exagero e sem o rebuscamento do Barroco.

•Universalismo: o poeta do Arcadismo não era individualista e seus temas eram abordados universalmente.

Um dos principais escritores deste movimento, do mundo todo, foi o poeta latino, Horácio, que viveu entre 68 a.C. e 8 a.C.

Já aqui no Brasil o Arcadismo ficou concentrado em Minas Gerais, mais precisamente em Vila Rica, onde hoje é Ouro Preto, e a maioria de seus escritores participaram da Inconfidência Mineira. Os principais poetas árcades brasileiros foram Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Frei José de Santa Rita Durão, Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. O ponto inicial do Arcadismo no país foi a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa.

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