Resumo sobre a obra O Casamento Suspeitoso

Literatura,

Resumo sobre a obra O Casamento Suspeitoso

A título de apresentação, Ariano Villar Suassuna, o autor dessa obra, é o ocupante da cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras desde 1990. Fora esse aspecto de sua vida, que o torna especial e um ícone da literatura brasileira, Ariano Suassuna é, além de teatrólogo, poeta e romancista, professor e advogado, disciplina em que se graduou no ano de 1950.

Resumo sobre a obra O Casamento Suspeitoso

Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, no qual atuou entre 1967 e 1973. Participou também, entre 1968 e 1972, do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco. No ano seguinte foi nomeado Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco. Permaneceu no cargo até 1974.

Entre 1975 e 1978, Suassuna foi Secretário de Educação e Cultura do Recife. Concluiu, em 1976, pela Universidade Federal de Pernambuco, o doutorado em História. Foi professor de Literatura e História da Cultura Brasileira, Estética e Teoria do Teatro. Lecionou por mais de trinta anos.

Foi o criador, em outubro de 1970, do Movimento Armorial, cuja finalidade era dar visibilidade ao sertão nordestino e sua cultura. O movimento artístico pretendeu apresentar as peculiaridades e os encantos daquela parte do Brasil. O Movimento Armorial logrou integrar o popular e o erudito, cultura marcante na obra de Suassuna, através da mistura de uma arte erudita em sua essência a dar voz a elementos regionais e nacionais. Buscou resgatar o espírito do Romanceiro Popular do Nordeste, tirando os personagens da condição essencialmente material e regional para dar-lhes um caráter universal.

Ariano nasceu em João Pessoa, na Paraíba, em 16 de junho de 1927, filho de João Suassuna, influente político que morreria assassinado teve seis filhos com Zélia de Andrade Lima, com quem constituiu matrimônio em janeiro de 1957 e veio a falecer aos 87 anos no Real Hospital Português de Recife.

A obra de Suassuna

A obra mais famosa de Ariano Suassuna é, sem dúvida, O Auto da Compadecida, que ocupa o panteão do teatro popular brasileiro. A obra ganhou ainda mais notoriedade por conta de adaptações para o cinema e a TV.

As principais obras de Suassuna são, por ordem cronológica: O desertor de Princesa, Os homens de barro, Auto de João da Cruz, O arco desabado, O santo e a porca, O casamento suspeitoso, A pena e a lei, Farsa da boa preguiça e A caseira e a Catarina. Ainda que seja mais conhecido como dramaturgo, Suassuna debutou para a literatura em 1945, antes de “O desertor de Princesa (1948)”, com o poema “Noturno”, que publicou no Jornal do Comércio de Recife. O início do reconhecimento veio com Uma mulher vestida de sol, com a qual conquistou, aos 20 anos, o prêmio Carlos Magno, já em 1948.

O próprio Suassuna reconheceu, em entrevista à Folha de São Paulo, ter sido influenciado por Calderón de la Barca e Miguel de Cervantes, autores espanhóis que viveram, respectivamente, nos séculos XVII e XVI. Deles Cervantes herdou o gosto pela abordagem artística dos elementos popular e religioso.

Essas influências ganharam vida própria e um cenário diverso e peculiar ao se misturarem ao ambiente em que viveu Suassuna. A cultura popular do Nordeste, os folhetos de cordel, a conjuntura política, social, econômica e religiosa são a matriz temática e criativa que alimentou obras como o Auto da Compadecida, escrita como recriação de textos da literatura popular, sendo elas Castigo da Soberba, O Cavalo que Defecava Dinheiro e O enterro do Cachorro. Suassuna recriou essas obras com linguagem própria e a elas conferiu teatralidade.

Suassuna segue a linha da comédia e da tragédia para dar vida a personagens e através deles evidenciar os desvios e fraquezas humanas contextualizadas na realidade regional. A forma dissimulada com que os homens lidam com o poder que lhes confere a condição assumida na sociedade não escondem a vaidade, a ganância e a avareza. Os heróis, não raro trágicos de Suassuna, são elementos desvalidos, que encontram na esperteza o único caminho para driblar a precariedade da vida oferecida por um Nordeste marginal, alijado das políticas de Estado de um Brasil desigual e desumanizado na condução da política. Através do riso, Suassuna leva à reflexão, de modo que seus textos ganham forte conotação conscientizadora.

O Casamento Suspeitoso

O Casamento Suspeitoso é uma peça de Suassuna em que a comédia e o apenas o fio condutor de uma verdadeira radiografia da miséria humana, quase, ou talvez totalmente, como um convite à arte de rir de si mesmo. Nessa obra, o dinheiro aparece como o grande vilão, indutor das mais vis intenções e dos planos mais ousados, ainda que desprovidos de maior originalidade.

O casamento, de um modo geral, está atrelado a elementos como ascensão social, o famoso “golpe do baú”. Em sua forma mais extrema, Lúcia, uma das personagens centrais de O Casamento Suspeitoso pretende mais. Ela, sua mãe, Susana, e o personagem Roberto Flávio urdem um plano para arrancar à vítima, Geraldo, o noivo, todos os seus bens.

Geraldo é um rapaz ingênuo, filho único de uma família de posses e é facilmente envolvido por Lúcia, a quem decide levar para o altar. Para apimentar mais a ganância de Lúcia, Geraldo está na iminência de receber uma grande herança. A trama ganha força e vai desembocar nas mais cômicas situações a partir do momento em que Dona Guida, mãe do jovem noivo, “encasqueta” com a noiva, nutrindo sérias dúvidas quanto a suas reais intenções.

No intuito de impedir o casamento, Dona Guida elabora um plano para evitar que o casamento aconteça. Envolvidos no plano de Dona Guida, Cancão e Gaspar tentam tirar proveito da situação. A partir de então, tudo é possível. Uma sucessão de trapalhadas e situações cômicas dão sabor à trama.

A peça explicita elementos como o choque cultural entre o urbano e o rural. É uma comédia de costumes, que não deixa de apontar a crítica para as instituições, particularmente a Igreja e a Justiça, permanentemente presentes na obra de Suassuna, sendo que, em Casamento Suspeitoso, a presença do farsesco ganha um espaço peculiar no contexto da própria obra do autor.