Trovadorismo: Contexto Histórico, Características e Interpretes

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Trovadorismo: Contexto Histórico, Características e Interpretes

O Trovadorismo foi a primeira escola literária da língua portuguesa, sendo a principal forma de expressão da poesia medieval do século XI até o século XIV. Porém, também se manifestou na música. Essa escola surgiu no sul da França, na região da Provença. Desta forma, muitos também a chamam de poesia provençal. Essa fase teve início com a “Cantiga da Ribeirinha”, que também pode ser chamada de “Cantiga da Garvaia”, escrita por Paio Soares de Taveirós em 1189.

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Contexto histórico do Trovadorismo

Neste período, a Europa passava por várias invasões dos povos germânicos, o que estava gerando muitas guerras. Assim, surgiu o sistema econômico que foi chamado de feudalismo. No feudalismo apenas o senhor feudal era quem governava, pois possuía poderes totais sobre seus servos e vassalos. O senhor cedia terras a um vassalo que era quem cultivaria a terra e depois repassaria parte da produção ao senhor feudal. Os vassalos concordavam com isso, pois precisavam de proteção caso fossem atacados ou invadidos.

Além disso, nesta época a sociedade era dividida em três estamentos: a nobreza, o clero e a plebe, e, segundo a Igreja, cada um deles deveria cumprir um papel ordenado por Deus. Os nobres (bellatores) deveriam lutar, o clero (oratores) deveria orar e a plebe (laboratores) deveria trabalhar. O teocentrismo dominava na sociedade e o Deus da tradição católica era o centro e a justificativa de tudo, portanto a religiosidade foi um aspecto marcante da cultura medieval. A vida do povo estava voltada para os valores espirituais e a salvação da alma. Neste período eram frequentes as procissões e as Cruzadas, que eram expedições realizadas para libertar os lugares santos na Palestina.

A poesia do Trovadorismo

O Trovadorismo desenvolveu-se em Portugal e os poemas eram escritos para serem cantados por poetas e músicos, que eram chamados de trovadores. Esses trovadores eram da nobreza e escreviam e cantavam, sendo acompanhados com música. As cantigas eram escritas à mão e agrupadas em nos Cancioneiros (livros com as obras). Sabe-se da existência de apenas três Cancioneiros. “Cancioneiro da Ajuda”, “Cancioneiro da Biblioteca”, e “Cancioneiro da Vaticana”. Os maiores trovadores na lírica galego-portuguesa são: Dom Dinis, Dom Duarte, Paio Soares de Taveirós, Aires Nunes, João Garcia de Guilhade, e Meendinho. Os trovadores eram bastante respeitados neste período, pois eram eles que faziam a música que acompanhava as festas e as reuniões da corte. Eles também se apresentavam em banquetes e casamentos.

Além da figura do trovador, existiam outros intérpretes do Trovadorismo galego português. Eram eles:

•Jogral – artista que não era de origem nobre e cantava e reproduzia as poesias dos trovadores, porém, às vezes, compunha suas próprias obras. Sobrevivia de arte e em suas exibições era acompanhado de soldadeiras. Era considerado o importante meio de transmissão cultural nas comunidades, pois na Idade Média a cultura oral era maior do que a cultura escrita.

•Soldadeira – recebia pagamento para executar o trabalho de cantoras ou dançarinas e eram acusadas de serem prostitutas.

•Segrel – tinha uma função semelhante à do jogral, pois sabia executar obras alheias, mas também cantava e compunha suas próprias poesias, porém, tinha origem nobre, ainda que fosse um fidalgo decadente. Andava de corte em corte como cavaleiro trovador.

Essa produção de poesias medieval portuguesa pode ser agrupada em dois gêneros. São eles:

•Gênero lírico
•Gênero satírico

No primeiro, o gênero lírico, o amor é a temática constante. Nas cantigas de amor o homem falava sobre sofrimento, pois amava e não era correspondido. Nestes textos, a mulher era descrita como superior e impiedosa, mas, mesmo assim, era retratada com muito respeito. Na cantiga de amor a mulher era como um ser inalcançável, que o cavaleiro queria servir como servia ao seu senhor feudal. As cantigas de amor retratavam, na verdade, a questão dos vassalos terem que viver como servos do senhor feudal.

Já as cantigas de amigo surgiram na Península Ibérica e foram inspiradas pelas cantigas populares, por isso eram mais ricas e variadas, e também eram mais antigas. Diferente da cantiga de amor, que o sentimento é masculino, a cantiga de amigo é em uma voz de mulher, por mais que seja de autoria masculina, pois naquele tempo as mulheres não poderiam ser alfabetizadas. Nestas cantigas, a temática eram as mulheres que sentiam saudades de seus amados, pois eles foram separados por causa de guerras ou viagens (como as Cruzadas). O eu lírico contava com um confidente para dividir seus sentimentos, e este confidente era representado pela mãe, amiga ou elementos da natureza.

As cantigas satíricas tiveram sua origem no povo e tinham o intuito de ridicularizar os costumes e algumas pessoas da época, sendo para momentos de zombaria. Essas cantigas se dividiam em duas categorias, a de escárnio e a de maldizer. A diferença entre as duas é que as cantigas de maldizer falavam o nome da pessoa que estava sendo zombada, e a crítica era feita de forma direta, às vezes até mesmo utilizava-se de alguma característica muito peculiar da pessoa para fazer piada.