O regime liberal populista

Sociologia,

O regime liberal populista

Entre 1945 e 1964, houve um período na história política brasileira que ficou conhecido como regime liberal populista. Depois da deposição de Getúlio Vargas, em 1945, uma nova eleição foi realizada. O candidato do Partido Social Democrático, Eurico Gaspar Dutra, foi eleito e uma nova constituição foi feita, já que a de Vargas era muito centralizadora e autoritária.
Dutra tinha uma orientação de pouca intervenção na economia, o que desagradou os colegas de partido e o aproximou dos oposicionistas da União Democrática Nacional (UDN). Os udenistas eram conservadores e faziam oposição à ditadura de Vargas.

O regime liberal populista

O presidente investiu em infraestrutura e, no exterior, se aproximou dos EUA. Era época de Guerra Fria, e o Brasil rompeu relações com a URSS e declarou ilegal o Partido Comunista Brasileiro. Dutra criou o plano SALT, que previa investimento em saúde, alimentação, transporte e energia. Em 1950, termina seu mandato, e ele passa a faixa para o presidente eleito: Getúlio Vargas.

Vargas retoma sua política nacionalista, populista e estatizante. Aproximou-se de sindicatos e nomeou como ministro do Trabalho João Goulart, conhecido como Jango, um político ligado à esquerda radical. A UDN, representada pelo jornalista Carlos Lacerda, volta a fazer forte oposição ao governo. Em 1954, João Goulart desencadeia uma crise política quando propõe um aumento de 100% do salário mínimo. Isso ocasionaria uma demissão em massa, visto que os empresários deveriam fazer severos cortes no orçamento para arcar com o peso. Pressionado pelos militares, Jango pede demissão.

No mesmo ano, Carlos Lacerda sofre um atentado. O major Rubem Vaz, que acompanhava o jornalista, foi morto. O mandante do crime foi um chefe da guarda pessoal de Vargas. A crise se alastra e, em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas comete suicídio com um tiro. O vice Café Filho assume a presidência, e novas eleições são convocadas.

Regime liberal populista: 1955-1960

Em 1955, Juscelino Kubitschek (JK), do Partido Social Democrático, é eleito com 36% dos votos válidos. Adepto das ideias de Vargas, tinha como vice João Goulart. Em 31 de janeiro de 1956, JK assume a presidência com um estilo mais aberto de gestão. Sua proposta de campanha, o desenvolvimentismo, tinha o lema “50 anos de progresso em 5 anos de governo”. Criou 31 metas, cujo foco estava no desenvolvimento industrial, sobretudo na produção de ferro, aço e na implantação da indústria automobilística.

Um grande marco do governo JK, a meta 31, foi a transferência da capital brasileira do Rio de Janeiro para Brasília. Com o mandato acabado em 1960, em janeiro de 1961 Juscelino passa a faixa presidencial para Jânio Quadros. O candidato pelo Partido Trabalhista Nacional iria pegar um país com a inflação na casa dos 25% e uma dívida externa alarmante. O sistema político também não o ajudara, pois seu vice seria o candidato de oposição: João Goulart.

No governo, Jânio tinha uma política que despertava dúvidas. Ele se dizia contra o comunismo, mas condecorou Che Guevara quando este visitou o Brasil. Na economia, impôs uma alta taxação sobre produtos nacionais e estrangeiros. Os salários foram congelados, a moeda desvalorizada e a inflação não diminuiu. Jânio, então, perdeu a popularidade e o apoio da UDN, que na época tinha grande representação no Congresso.

O ápice da crise se deu quando Carlos Lacerda divulgou em rede nacional um suposto plano do presidente para um golpe de Estado. Jânio escreve uma carta ao Senado com sua renúncia, alegando que “forças terríveis” o levaram a isso.

João Goulart, que estava em viagem oficial à China comunista, seria o novo presidente. Os ministros militares tentam impedir sua posse, já que Goulart tinha envolvimento com o comunismo internacional. Um movimento militar, liderado pelo governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Goulart, Leonel Brizola, garantiu a posse de Jânio, mas em um regime parlamentarista.

Regime liberal populista: 1961–1964

João Goulart assume em 8 de setembro de 1961, e Tancredo Neves é indicado como primeiro ministro. Era época de polarização mundial, e Jango escolheu o lado liderado pela URSS. Em um plebiscito em 63, a população vota contra o parlamentarismo, e Jango ganha mais poderes. No entanto, seu governo tomou um caminho oposto do desejo da população.

Ao elevar os gastos públicos, criou uma enorme inflação que prejudicou diretamente a população de baixa renda. Para sanar o problema, prometia aumentos salariais impraticáveis devido à própria inflação. Além disso, estimulou divisões nas Forças Armadas e ignorou os grupos armados de extrema esquerda que surgiam, muitos deles ligados ao regime comunista cubano.

Indignada e temendo uma guerra civil, a população organiza a grande manifestação Marcha da Família com Deus para a Liberdade, que pedia a saída do presidente. Com isso, deu-se a sua deposição, apoiada pelo Congresso e por toda a opinião pública. Jango se refugia no Sul do país, e os militares assumem a presidência em 31 de março de 1964. Era o fim do regime liberal populista e início do militar.