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O Rio de Janeiro na passagem do século XIX

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX, era um ambiente de expressivos contrastes sociais. De um lado, a capital do II Império e, posteriormente, da República, com o maior índice de alavancagem social, uma classe média urbana incorporada à paisagem, ocupando os cargos públicos e o pequeno comércio; de outro, um grande contingente populacional sem ocupação profissional e vivendo em condições precárias.

O Rio de Janeiro do final do século XIX não tinha infraestrutura para suportar o seu próprio crescimento, embalado pela atividade econômica, a incorporação à paisagem dos escravos recém-libertos e a chegada de imigrantes. Apesar de estar entre os três maiores portos em volume de negócios do continente americano, o Rio de Janeiro conservava traços coloniais, com ruas estreitas e a impossibilidade de um sistema de transporte urbano mais moderno.

A capital das elites intelectuais, que vislumbravam um horizonte grandioso para o Rio de Janeiro, pavimentado pelos recursos públicos para o desenvolvimento da atividade econômica, pela efervescência cultural, abrigava um outro lado que em nada concorria para tais ideais.

População em condições precárias

O centro da cidade era povoado de cortiços, o tipo de moradia que se tornou comum. Os cortiços eram aglomerados de casas, que compartilhavam recursos. As moradias eram simplórias e o modo de vida decadente e pouco inspirador, como retrata a obra de Aluísio de Azevedo, “O Cortiço”, em que as ações se passam em 1870.

Ao mesmo tempo, a maior parte da população vivia de subemprego ou era desempregada. As condições de saneamento e abastecimento de água eram precárias, de modo que se sucediam as epidemias que afligiam, sobretudo, as camadas populares. Epidemias de febre amarela, varíola, febre tifoide e malária eram um traço daquele Rio de Janeiro de contrastes.

Não que não houvesse iniciativas da sociedade para tentar contornar o problema. Acreditava-se, realmente, que o Rio de Janeiro poderia se tornar um modelo de civilização a ser irradiado para o resto do país. Médicos, sanitaristas e o poder público se alinhavam em iniciativas, mas não eram parte de um processo orgânico e organização econômica, política e social, que deveria incluir, antes, um projeto educacional, que seria capaz de impulsionar a iniciativa privada, a intensificação e diversificação da atividade econômica.

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