Características do Barroco
O barroco teve sua origem nas artes plásticas, mas rapidamente influenciou outros setores culturais como o teatro, a música, a arquitetura e a literatura. Mesmo que cada setor mantivesse sua própria visão do que era o barroco, todos obedeceram algumas características globais que definem esse movimento artístico.
Surgido na Itália no século XVII, logo foi levado para outros países europeus assim como a América Latina e o Brasil. Sua principal vertente era reconstruir a imagem da Igreja Católica após a reforma protestante, buscando conteúdo da Antiguidade clássica para traçar sua filosofia.
Como Surgiu o Barroco
Fundado pós o renascimento, o barroco tem suas raízes voltadas para o movimento histórico das reformas religiosas, que trouxeram forte oposição a Igreja Católica. Em resposta a Reforma Protestante, o Concílio de Trento que ocorreu em 1545 a 1563 criou a chamada Contrarreforma, para se reafirmar diante dos fiéis.
Dentre as ações realizadas pela Contrarreforma está o domínio da Companhia de Jesus sobre o ensino nas escolas, grande mentora do pensamento católico para crianças e adolescentes. Já a inquisição, que começou na Espanha anteriormente ao Concílio, ganhou grande forma durante esse período, trazendo repressão e sendo uma grande ameaça ao pensamento livre.
Diante deste quadro, o barroco foi criado como um grande fomentador dos ideais teocentristas, principal foco da Idade Média mas que foi perdendo a força até a Reforma Protestante. O movimento foi patrocinado amplamente pelo clero e monarcas católicos, para que os artistas pudesse criar um grande número de obras, quase sempre sacras.
A arte barroca busca reafirmar as emoções humanas e a espiritualidade, numa demonstração intensa da relação entre o humano com o divino. Considerada uma arte eclesiástica para propagar a fé católica, foi o período onde mais se construiu igrejas, capelas e santuários, além de estátuas de santos.
Com a profunda influência da Igreja no Estado, logo o barroco também começou a surgir em palácios e outros monumentos públicos. Sua arquitetura rica em detalhes e sinuosa provocavam admiração e a sensação de poder, perfeito para a nobreza.
Porém, o barroco não era apenas a expressão da religiosidade, do espírito e do teocentrismo católico, mas nele também estavam impregnados a parte mais racional do Renascimento. Já no final do movimento, o estilo barroco rococó apresentava figuras da mitologia grega, tal como as artes da Antiguidade e do Renascimento.
A mitologia foi um dos principais temas dos artistas barrocos, tal como a própria religiosidade. Inspirados em passagens da Bíblia e da história da humanidade, os contrastes eram sempre representados por sombras e luz, além da impressão de movimento.
O barroco brasileiro recebeu influência direta do português, mas rapidamente ganhou suas próprias características. Seu principal representante foi Aleijadinho, o escultor mineiro que espalhou por cidades mineiras a sua arte de madeira e pedra-sabão, deixando um belíssimo patrimônio brasileiro e mundial.
Características do barroco e suas fases
O conflito entre o profano e o sagrado foi a principal vertente do estilo barroco. Sem tranqüilidade, o estilo barroco não conseguia ver uma forma de ter a vida carnal em plenitude, aliada a divida. Dessa forma o artista barroco é angustiado e transmite esse sentimento em sua arte, que transmuta entre o pecado e a salvação.
Sob essa visão também está a consciência em conflito entre renunciar a eternidade proposta pelo paraíso ou se entregar a efemeridade do tempo e a fugacidade da vida humana. Esses sentimentos são vistos através das formas conturbadas das artes plásticas barrocas, que apresenta a necessidade da perfeição das formas com a inquietude da tensão.
No barroco o uso de alegorias era farto, independente do tipo de arte proposta. Ordens inversas, frases interrogativas, efemeridade e instabilidade que eram expressos em espuma, água, vento, fumaça. Sua arte, como um todo, era rebuscada e exagerada, seja na arquitetura, nas canções ou nas artes plásticas, com valorização do detalhe, da complexidade do sentimento humano e das contradições.
O pintor italiano Caravaggio é um dos artistas plásticos mais representativos do estilo, cujos temas religiosos estavam sempre registrados com o contraste de luz e sombras. O escultor Bernini, que também era arquiteto, possui obras na Praça São Pedro e em vários centros católicos de Roma, com estátuas de anjos e anjos repletos de expressividade.
Outros artistas como os italianos Francesco Borromini e Andrea Pozzo, os espanhóis Calderón, Tirso de Molina e Mateo Alemán, assim como o português Padre Antonio Vieira, D. Francisco Manuel de Melo, Francisco Rodrigues Lobo, e os brasileiros Aleijadinho, Bento Teixeira, Manuel Botelho de Oliveira e Frei Vicente de Salvador são os nomes mais expressivos do estilo.
Na literatura o barroco foi marcado pelo cultismo e o conceptismo. No últimos a linguagem é rebuscada, exagerada, culta ao extremo e que é inserida no texto como jogo de palavras e figuras de linguagem. As figuras de linguagem mais usadas no barroco são a metáfora, prosopopéia, antítese, hipérbole e paradoxo.
No conceptismo, bem marcado na prosa, o raciocínio logo surge em retórica rica em detalhes e bem organizada por uma rigorosa ordem. No Brasil, Gregório de Matos Guerra foi o primeiro poeta brasileiro e que tinha o barroco como estilo. Sua poesia lírica e satírica se misturava a temas religiosos e eróticos.