Ecletismo Espiritualista

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Filosofia,

Ecletismo Espiritualista

A corrente eclética surgiu entre os anos de 1833 e 1848, especialmente na França, onde o catolicismo era presente entre a população. Mas uma corrente mais voltada para o espiritualismo fora da linha ecolástica começou a criar uma nova forma de pensamento religioso, sem romper as linhas básicas do cristianismo.

Ecletismo Espiritualista

O ecletismo espiritualista abriu ramificações com outras definições, todos com aspectos inspirados no cartesianismo, como o tradicionalismo, o ontologismo e o intuicionismo. Os primeiros ecléticos foram Laromiguière, Victor Cousin, Maine de Biran e Royer-Collard, no Brasil foram Gonçalves de Magalhães, Ferreira França Morais e Vale, Antonio Pedro de Figueiredo e Mont´Alverne.

O que é o ecletismo espiritual

Considerado como um método filosófico ou científico, o ecletismo tinha como conceito básico a conciliação entre teorias distintas. Voltado para a liberdade de escolha ao caminho que acredita ser o melhor, o ecletista deseja o desapego a preconceitos, estilos, padrões e religião.

O termo ecletismo significa reunião e unificação por escolhas ou seleções, aplicado especialmente para definir filósofos neoplatônicos, helenísticas e renascentistas. A proposta desses filósofos era buscar os melhores conceitos de cada corrente e manter o pensamento livre de dogmatismos e radicalismos. Dessa forma eles acreditavam que seria possível chegar até a verdade, a partir da harmonização de teorias opostas tirando os seus melhores pensamentos.

Já o espiritualismo tem uma forte ligação com a Igreja Católica, que ainda possuía uma grande influencia sobre a população. Os filósofos ecléticos acreditavam na intuição e no espiritual, mas questionavam os principais pilares da igreja, inclusive a presença de Jesus.

O ecletismo espiritualista surgiu na Holanda ainda no século XVIII e ganhou bastante espaço na França já no século XIV no período posterior a Revolução Francesa. Ambos se opunham ao maneirismo florentino e romano da Itália.

Os filósofos que não conseguiam se encaixar numa corrente única, viam no ecletismo espiritualista o método perfeito par absorver o que consideravam o melhor das outras correntes, criando seus próprios conceitos.

Victor Cousin e o Brasil

O filósofo Victor Cousin foi professor e reitor da Escola Normal de Paris, de onde se inspirou em Condillac, Locke, Laromiguière, Thomas Reid e William Hamilton. Sem ter construído um sistema filosófico exclusivamente seu e original, Cousin criou a Escola Eclética baseado em outros sistemas. Se tornou um dos maiores pensadores franceses quando mudou a ênfase da filosofia francesa, que se baseada no materialismo, para o idealismo.

Como sua base filosófica era o ecletismo, Victor Cousin encontrou verdades dentre o idealismo, o sensualismo, o ceticismo e o misticismo; Foi bastante criticado tanto por ateus quanto por religiosos católicos, por um lado por evidências da existência de Deus e ao mesmo tempo negar a revelação divina.

Sua frase mais famosa é “Il faut de La religion pour la religion, de la mrale pour la morale, de l´art pour l´art”, que significa “é necessário a religião pela religião, a moral pela moral e a arte pela arte. Quando surgiu o parnasianismo, o “arte pela arte” virou seu lema.

A criação da Escola Eclética foi num período muito intenso na França, que antecedeu a revolução de 1848. Apesar de ter várias influências, Cousin se opunha a maior parte dos pensadores tradicionais, pelas suas propostas mais controversas. Algumas delas era a proclamação de que a razão era incapaz e a fé tinha a supremacia sobre o homem, enquanto o filósofo valorizava a introspecção para restaurar a dignidade interior através do combate do enciclopedismo pela busca.

A forma de pensar de Victor Cousin possuía aspectos muito peculiares como o próprio pensamento eclético, o método psicológico e o espiritualismo. E em vários momentos da vida o filósofo se apoiou em um ou dois deles com mais intensidade, muitas vezes entrando ele mesmo em contradição de pensamento.

Mas todos os três pilares tinham como base o espírito empirista, cuja necessidade era observar e experimentar num aspecto mais arrojado de liberdade de pensamento, enquanto isso se recusava a aceitar as conclusões do sensualismo e o absoluto. É quando se volta ao seu interior acredita que possa estabelecer leis tão rigorosas e firmes quanto as usadas na física.

A seguir da conclusão desse conceito Cousin identificou uma terceira faculdade mental, capaz de ultrapassar a oposição entre passividade e atividade, substância e casualidade e subjetividade e objetividade. Porém, o erro desse pensamento é que Victor Cousin não consegue separá-lo da intuição irredutível e existente.

O filósofo espiritualista traduziu textos de Platão e Proclo, editou obras de Descartes e possui textos considerados notáveis como Du Vrai, Du Beau et Du Bien e Histoire de La Philosophie au XVIII Siècle. Foi um entusiasta da inteligência feminina num tempo onde a mulher raramente era ouvida e escreveu monografia sobre as mais célebres de seu tempo.

No Brasil, Victor Cousin foi o mais influente pensador do ecletismo espiritual, onde seus seguidores tiveram interpretações peculiares baseados na forma com entendiam os conceitos de Cousin. Seu pensamento foi difundido por Antonio Pedro de Figueiredo, Pernambucano que traduziu para o português a obra mais conhecida de Victor Cousin, “Curso de Filosofia”. Antonio Pedro de Figueiredo recebeu o apelido de Cousin Fusco por valorizar o pensamento eclético espiritual pela expressividade da modernidade como forma de progresso.

Junto com Antonio Herculano de Sousa Bandeira, Antonio Pedro Figueiredo foi o grande introdutor do ecletismo espiritualista no Brasil, com seguidores entre filósofos do Nordeste e Sudeste do país.